Freepik |
Em um cenário dominado pela desigualdade, individualidade, conflitos generalizados ao redor do mundo, pobreza e outras mazelas, apresento-lhes agora o que, na minha visão, trouxe-nos até esse modelo falido de organização mundial. E não tenho dúvidas: o principal fator de degradação da humanidade está intimamente relacionado com a maneira com a qual governos, empresas e a sociedade vêm atuando quando, soberbamente, optaram por transformar os seres humanos em mero meio de produção e não um fim em si mesmo.
O dinheiro virou um bem, produto, algo a ser
produzido independente de gerar benefícios para a sociedade. Vou até um
pouquinho mais longe. Independente de gerarmos dinheiro pelo dinheiro, o
próprio acréscimo do PIB também já não reflete, há tempos, aumento na qualidade
de vida. O que nos sugere buscar urgentemente novos mecanismos mais eficazes
para medir o desenvolvimento humano.
Mas, de volta ao nosso tema central, pergunte-lhes:
por que, se dinheiro não tem vontade própria, chegamos a essa situação, fora de
qualquer propósito, surreal, de degradação humana e ambiental? A resposta é
simples. Em decorrência do maior problema que temos atravessado nas últimas
décadas: a falta de líderes. Pela falência no processo de preparação de novas
lideranças, capazes de juntar pessoas em torno de objetivos comuns, de colocar
os seres humanos em primeiro lugar.
Líderes que valorizem o ser humano, não o poder, e
tenham a destreza de propor e negociar novas formas viáveis de existência
humana, catalisando os diferentes anseios das pessoas e endereçando-os com suas
devidas especificidades. E que, ao respeitarem a diversidade humana, tenham a
capacidade de extrair o melhor de cada um.
Um verdadeiro governante, um verdadeiro líder
acorda, todos os dias, perguntando-se: estou fazendo tudo o que eu posso para
melhorar a vida das pessoas? Minhas ações estão preservando o planeta? Estou
tornando a população dependente de esmolas ou agindo para torná-la
autossustentável? O que eu preciso aprimorar, em mim, para que possa melhorar a
vida do meu semelhante?
No mínimo, necessitamos de lideranças que mantenham
a integridade, o discurso e a prática coerentes, capazes de ouvir, de serem
humildes, de reconhecerem seus próprios erros e corrigirem os caminhos, quando
necessário.
A verdade, nesse caso, é uma só: se deixarmos tudo
como está, se seguirmos com esse modelo existencial, centrado no dinheiro,
precisaremos dedicar um esforço infinitamente maior, do que hoje precisamos,
para formar líderes que ajudem a transicionar o atual modelo de sobrevivência
para um modelo digno de existência. Líderes: sem eles, continuaremos sem
esperança. Com eles, criaremos um novo mundo.
Henrique
Medeiros - especialista em gestão e psicanalista, autor do
livro “Células Sociais Caórdicas – O Caminho Para Um Novo Mundo”
Nenhum comentário:
Postar um comentário