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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Transformando vidas e construindo histórias - a era da telemedicina

Os recursos tecnológicos são uma realidade na vida diária e não poderia ser diferente nos cuidados com a saúde. Desse modo, a telemedicina é uma importante ferramenta de inovação e revoluciona os cuidados com a prevenção, promoção e tratamentos em saúde.

Por mais que existam diversos conceitos sobre o que seria a telemedicina no planeta, podemos simplificar que esta modalidade de atendimento, suporte, aconselhamento, abordagem, entre outros, é mediada por um meio tecnológico de ponta que conecta o usuário ao médico.

A American Telemedicine Association – ATA preconiza como princípios a “promoção de um sistema de saúde em que as pessoas tenham acesso a cuidados, de forma segura, eficaz e adequada; onde precisarem […]”.

Já no Brasil, o Conselho Federal de Medicina – CFM regulamentou que a telemedicina, através da Resolução nº 2.314/2022, é uma forma de “serviços médicos mediada por tecnologias de comunicação”.

Num país de proporções continentais como o nosso, o acesso à saúde, mediado por tecnologias de comunicação, se torna essencial e apresenta grande possibilidade de equalizar as desigualdades de acesso ao profissional médico. Pode-se, com o uso de um celular com câmera digital, por exemplo, conectar um usuário que está no extremo sul do país a um médico especialista que se encontra num centro especializado de ensino, pesquisa ou de referência internacional no sudeste brasileiro.

Como toda tecnologia “nova”, a princípio, pode ocorrer um estranhamento e há a necessidade de um tempo para adaptação. Contudo, a pandemia de COVID-19 acelerou esse processo. O isolamento social, extremamente necessário durante o período, possibilitou que várias pessoas criassem intimidade com o mundo “virtual” e difundiu a possibilidade de comunicação por meio tecnológico como uma forma contemporânea de conexão.

Ademais, a telemedicina se mostra como instrumento oportuno para o atendimento da crescente necessidade de cuidados em saúde. É estimado que até 2.050 a busca por consultas médicas aumente em 59% e que, a necessidade de tratamentos de saúde alcance 122% quando comparados com o atualmente ofertado. Com isso, fica claro que nossa capacidade atualmente instalada se demonstra insuficiente, pois atualmente temos déficit de atenção assistencial.

Entretanto, também temos que avaliar as fragilidades da telemedicina e pensar nos dificultadores para a implementação. Podemos elencar como maior desafio, a popularização do acesso mediado por tecnologias para a população mais carente e periférica. Situações como: disponibilidade de rede de internet, meios de tecnologia, aparelhos de telecomunicação e educação tecnológica podem ser fatores limitantes.

Outro ponto inegável, limitador da telemedicina, é o exame físico. O toque e a palpação são essenciais em alguns atos semiológicos e não podem ser, ainda, mediados por tecnologia. Entretanto, para inspeção e avaliação de sinais vitais - entre outros exames componentes da consulta médica - existem aparelhos mediadores capazes de fornecer informação em tempo real para o examinador.

Com base no panorama anterior, podemos evidenciar que o campo da saúde mental talvez seja o que está mais apto ao uso da telemedicina. É indiscutível que postura, posicionamento do corpo e formação atitudinal são parte inerentes do exame psíquico, contudo a tecnologia de comunicação oferta o essencial, que é a possibilidade do ouvir e ter seu estado psíquico avaliado.

Entretanto, não se pode negar que o padrão ouro no atendimento é a consulta presencial com toda a interação entre o médico e o paciente, frisando um atendimento humanizado e centrado nas necessidades do usuário.

Mas, quando falamos de atendimento humanizado, falamos de uma essência que cabe a todos e que, como algo inerente ao ser humano, pode ser transmitida por meios tecnológicos, como uma contiguidade do esforço assistencial do médico que executa a telemedicina.


Telemedicina no CEJAM

Reconhecida como uma Organização Social de Saúde que tem a inovação entre seus valores, o CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, iniciou a implantação do atendimento em telemedicina em unidades localizadas nas regiões do Capão Redondo e do Jardim Ângela, na zona sul da cidade.

Vale destacar que o serviço já está disponível em 32 unidades (29 UBSs e 3 serviços de urgência/emergência) para atendimentos de baixa complexidade e tem se mostrado uma experiência satisfatória para usuários e profissionais.

A contemporaneidade traz o desafio de se acompanhar o desenvolvimento tecnológico e o campo da saúde não está blindado a esse. Parafraseando, “é preciso ter ousadia para realizar o que ninguém teve coragem de fazer” e nosso desafio enquanto gestores de saúde é avaliar o quanto seremos ousados e manteremos a vanguarda, sem perder nossa essência assistencial humanizada e com excelência.

Contudo, temos um fato:  a telemedicina chegou e hoje faz parte da realidade da assistência médica contemporânea.  Que possamos participar como agentes transformadores e coparticipantes desta revolução no campo da saúde.

 

Jônatas Lima de Bem - Médico supervisor da Atenção Primária do CEJAM.

 

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