Os recursos tecnológicos são uma realidade na vida diária e não poderia ser diferente nos cuidados com a saúde. Desse modo, a telemedicina é uma importante ferramenta de inovação e revoluciona os cuidados com a prevenção, promoção e tratamentos em saúde.
Por mais que existam diversos conceitos sobre o que
seria a telemedicina no planeta, podemos simplificar que esta modalidade de
atendimento, suporte, aconselhamento, abordagem, entre outros, é mediada por um
meio tecnológico de ponta que conecta o usuário ao médico.
A American Telemedicine Association – ATA preconiza
como princípios a “promoção de um sistema de saúde em que as pessoas tenham
acesso a cuidados, de forma segura, eficaz e adequada; onde precisarem […]”.
Já no Brasil, o Conselho Federal de Medicina – CFM
regulamentou que a telemedicina, através da Resolução nº 2.314/2022, é uma
forma de “serviços médicos mediada por tecnologias de comunicação”.
Num país de proporções continentais como o nosso, o
acesso à saúde, mediado por tecnologias de comunicação, se torna essencial e
apresenta grande possibilidade de equalizar as desigualdades de acesso ao
profissional médico. Pode-se, com o uso de um celular com câmera digital, por
exemplo, conectar um usuário que está no extremo sul do país a um médico
especialista que se encontra num centro especializado de ensino, pesquisa ou de
referência internacional no sudeste brasileiro.
Como toda tecnologia “nova”, a princípio, pode
ocorrer um estranhamento e há a necessidade de um tempo para adaptação.
Contudo, a pandemia de COVID-19 acelerou esse processo. O isolamento social,
extremamente necessário durante o período, possibilitou que várias pessoas
criassem intimidade com o mundo “virtual” e difundiu a possibilidade de
comunicação por meio tecnológico como uma forma contemporânea de conexão.
Ademais, a telemedicina se mostra como instrumento
oportuno para o atendimento da crescente necessidade de cuidados em saúde. É
estimado que até 2.050 a busca por consultas médicas aumente em 59% e que, a necessidade
de tratamentos de saúde alcance 122% quando comparados com o atualmente
ofertado. Com isso, fica claro que nossa capacidade atualmente instalada se
demonstra insuficiente, pois atualmente temos déficit de atenção assistencial.
Entretanto, também temos que avaliar as
fragilidades da telemedicina e pensar nos dificultadores para a implementação.
Podemos elencar como maior desafio, a popularização do acesso mediado por
tecnologias para a população mais carente e periférica. Situações como: disponibilidade
de rede de internet, meios de tecnologia, aparelhos de telecomunicação e
educação tecnológica podem ser fatores limitantes.
Outro ponto inegável, limitador da telemedicina, é
o exame físico. O toque e a palpação são essenciais em alguns atos semiológicos
e não podem ser, ainda, mediados por tecnologia. Entretanto, para inspeção e
avaliação de sinais vitais - entre outros exames componentes da consulta médica
- existem aparelhos mediadores capazes de fornecer informação em tempo real
para o examinador.
Com base no panorama anterior, podemos evidenciar
que o campo da saúde mental talvez seja o que está mais apto ao uso da
telemedicina. É indiscutível que postura, posicionamento do corpo e formação
atitudinal são parte inerentes do exame psíquico, contudo a tecnologia de
comunicação oferta o essencial, que é a possibilidade do ouvir e ter seu estado
psíquico avaliado.
Entretanto, não se pode negar que o padrão ouro no
atendimento é a consulta presencial com toda a interação entre o médico e o
paciente, frisando um atendimento humanizado e centrado nas necessidades do
usuário.
Mas, quando falamos de atendimento humanizado,
falamos de uma essência que cabe a todos e que, como algo inerente ao ser
humano, pode ser transmitida por meios tecnológicos, como uma contiguidade do
esforço assistencial do médico que executa a telemedicina.
Telemedicina no CEJAM
Reconhecida como uma Organização Social de Saúde
que tem a inovação entre seus valores, o CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas
“Dr. João Amorim”, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São
Paulo, iniciou a implantação do atendimento em telemedicina em unidades
localizadas nas regiões do Capão Redondo e do Jardim Ângela, na zona sul da
cidade.
Vale destacar que o serviço já está disponível em
32 unidades (29 UBSs e 3 serviços de urgência/emergência) para atendimentos de
baixa complexidade e tem se mostrado uma experiência satisfatória para usuários
e profissionais.
A contemporaneidade traz o desafio de se acompanhar
o desenvolvimento tecnológico e o campo da saúde não está blindado a esse.
Parafraseando, “é preciso ter ousadia para realizar o que ninguém teve coragem
de fazer” e nosso desafio enquanto gestores de saúde é avaliar o quanto seremos
ousados e manteremos a vanguarda, sem perder nossa essência assistencial
humanizada e com excelência.
Contudo, temos um fato: a telemedicina chegou
e hoje faz parte da realidade da assistência médica contemporânea. Que
possamos participar como agentes transformadores e coparticipantes desta
revolução no campo da saúde.
Jônatas Lima de Bem - Médico
supervisor da Atenção Primária do CEJAM.
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