Exposição reúne grande acervo familiar, incluindo obras inéditas e experiências imersivas;
Mostra será dividida em cinco núcleos e abrange um recorte acerca de 50 anos de produção artística de Manabu Mabe;
No ano em que se completam 25 anos de sua morte, essa exposição joga luz sob sua obra, relevância, evolução e técnicas utilizadas por um dos mais importantes artistas do Brasil.
O Farol
Santander São Paulo dá sequência em sua programação cultural de
exposições e anuncia a abertura da mostra inédita Manabu Mabe: Uma experiência.
Com conceito assinado por Ana
Avelar e Marcella
Imparato, essa exposição reunirá mais de 50 obras originais
pertencentes ao acervo da família do artista, com um recorte sobre sua produção
e técnicas utilizadas entre as décadas de 1940 e 1990. A mostra ainda terá alguns
trabalhos nunca exibidos antes e uma ala imersiva para aproximar ainda mais o
visitante daquele que é um dos nomes mais expressivos das artes visuais
brasileira. Manabu Mabe:
Uma experiência será dividida em seis alas e ocupará a galeria
do 19º andar do Farol Santander de 29 de abril a 31 de julho de 2022.
Influente na história artística do Brasil e com reconhecimento
alcançado no Japão, sua terra natal, Manabu
Mabe contou com seu prestígio internacional para cultivar o
intercâmbio entre o país que o adotou e o que foi obrigado a deixar. Chegou ao
Brasil em 1934 e trabalhou nos cafezais do interior paulista durante a infância
e adolescência. Acerca desse seu processo de chegada ao país, trabalho nas
lavouras e primeiros passos como artista, Mabe refletia:
"O que é a arte? Qual a finalidade da minha pintura? Um certo
dia pensei sobre tudo isso, desde então, já se passaram mais de vinte anos. Foi
bom ter pensado, pois o lavrador tornou-se pintor e a minha vida mudou."
Nesta exposição que será aberta no ano em que se completam 25 anos
da morte do artista, o principal objetivo, junto a família de Manabu Mabe, é
evidenciar e (re)aproximar ainda mais a sua obra do grande público. Até por
isso, a mostra foi pensada e conceituada em cinco núcleos que tornam fácil a
compreensão sobre seu processo artístico e suas diferentes técnicas.
“É com muito orgulho que o Farol Santander abriga a exposição
Manabu Mabe: uma experiência, sobre um dos mais geniais artistas que o Brasil
acolheu. Essa mostra é um passeio histórico que vai desde a fase acadêmica, o
início da sua carreira, passando por diversos estilos e expressões, até se
fixar em sua marca reconhecida mundialmente, em que as vibrantes cores nos
remetem a esculturas bidimensionais”; afirma Patricia
Audi, vice-presidente do Santander Brasil.
Um dos diferenciais do recorte proposto pela mostra é a exibição
de trabalhos, estudos e croquis inéditos de Manabu Mabe, entre eles, estão
obras como Paisagem da
Bolívia (1965); Lágrima
de Anjo (1961); Voz
de Céu (1997) e Olho
do Furacão (1961).
A exposição Manabu
Mabe: Uma experiência é apresentada pelo Governo do Estado de
São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa através do
PROAC EDITAL DIRETO 2021 e tem produção da AYO CULTURAL (de Gabriel Curti e
Julia Brandão).
Manabu Mabe: Uma experiência – A exposição em detalhes
- Retratos e Fase Acadêmica
Neste primeiro núcleo são destacados os retratos - inclusive os
auto-retratos - e esboços produzidos em praticamente todas as décadas de sua
carreira. Embora Mabe seja consagrado como um expoente do abstracionismo
informalista, estes trabalhos reafirmam a importância do desenho como base para
a prática de sua pintura. A produção de retratos acompanha as mudanças que
ocorrem no trabalho do artista ao longo do tempo e, ao mesmo tempo, investiga
identidades nipônicas que permaneceram por muitos anos sem individuação no
modernismo paulistano.
Os destaques são retratos pintados de sua família, entre eles, seu
conhecido Autorretrato
(1949). Na vitrine, serão exibidos alguns de seus desenhos e
esboços; convites de exposições, assim como fotografias de Mabe em mostras e
situações de lazer, entre familiares e integrantes do Grupo Seibi - formado por
imigrantes e descendentes de japoneses - do qual fez parte após a Segunda
Guerra Mundial. Nesses coletivos, que se constituíam como espaços de reflexão e
fortalecimento dos artistas, Mabe também conviveu com nomes notáveis, como
Tomie Ohtake [1913 - 2015], Tikashi Fukushima [1920 - 2001], Flávio-Shiró
[1928] e Yoshiya Takaoka [1909 - 1978].
- Paisagem: os anos 40
No segundo núcleo, e exposição revela exemplos das primeiras
pinturas do artista, em torno dos anos 1940, período em que sobressai seu
interesse pela paisagem do interior rural de São Paulo, onde se estabeleceu ao
chegar do Japão. Aqui, sua paleta é predominantemente ‘terrosa’, composta por
cores como ocre, marrom e terracota. Inicialmente trabalhando de forma
autodidata, Mabe conhece o mestre Teisuke Kumassaka e passa a ter aulas com ele
em Lins, entre 1945 e 1947. Inclusive, a obra inédita Paisagem de Lins (1949),
é um dos destaques dessa ala.
Os trabalhos de Mabe na década de 1940 são puramente acadêmicos.
Podemos notar a sua preocupação em retratar a obra como ela é, sendo
considerada por ele mesmo como uma fase de estudo.
- Praticando arte de vanguarda (anos 50)
Neste terceiro núcleo, observamos a absorção dos movimentos de
vanguarda europeus por parte de Mabe, durante a década de 1950, sobretudo, do
pós-impressionismo, fauvismo e cubismo. São obras que podem ser pensadas como
investigações das linguagens das vanguardas europeias. Na subdivisão proposta nesta
ala, encontramos trabalhos que evidenciam experimentações variadas, em diálogo
com movimentos artísticos modernos e com outras tendências contemporâneas,
ainda sem estabelecer uma linguagem própria.
Esta década é o inicio de sua participação ativa no contexto da
arte brasileira. Iniciou a carreira enviando obras aos principais Salões, como
o Salão Nacional do Rio de Janeiro, Salão Paulista e as II e III Bienais de São
Paulo. Antes de 1956 as suas obras tinham a característica de abstração
neo-cubista.
Em 1959, como relatou a revista Times, seria o ano de Mabe. Ele
comparece a V Bienal de São Paulo e recebeu o Prêmio de Melhor Pintor nacional
em 1959 das mãos do então Presidente da Republica do Brasil, Juscelino
Kubitschek. Passados dez dias ele recebe o Prêmio Braun para Melhor Pintor a
óleo na I Bienal de Jovens de Paris, além de uma bolsa de estudos de 6 meses.
Entre os destaques deste núcleo estão telas como Colheita de Café (1953)
e Agricultores (1953).
- Abstração e Mancha (anos 60);
Acompanhando uma tendência abstrata evidente em exposições
internacionais, Manabu Mabe busca encontrar sua própria interpretação. Embora a
abstração fosse compartilhada por diversos artistas desse período, esta
tendência também enfatizava a individualidade do fazer, isto é, o modo
particular como cada artista apreendia e operava esse vocabulário. Nesse
sentido, durante a década de 1960, o pintor passa a trabalhar com a mancha e a
impressão do gesto sobre a tela, se aproximando do abstracionismo informalista.
Essa solução pictórica o torna reconhecido e celebrado internacionalmente.
Destacam-se nesse ambiente obras como Sayonara Paris (1962);
Tempo (1967)
e Paisagem da Bolívia
(1965).
- Pintura contemporânea (anos 80 e 90);
Nos anos 1980 e caminhando para a década de 1990, onde está
situado o quinto núcleo expositivo, Manabu Mabe passa a dialogar com o
interesse renovado pela pintura no mundo todo, depois de um período de
predominância da arte conceitual.
Formas abstratas podem evocar figuras e as cores se tornam
vibrantes, dialogando não só com a pintura emergente, mas também com o colorido
da comunicação de massa da época, veiculado pelo design gráfico, pelo cinema e
pela televisão.
Entre os trabalhos destacados dessa ala estão: Delírio (1982); Voz do Céu (1997) e Autorretrato (1997).
Ao final do circuito expositivo, já como uma marca registrada das
exposições no Farol Santander São Paulo, haverá uma ala imersiva com vídeos e
projeções que transportam o público para dentro das telas do artista, fazendo
com que o visitante seja abraçado pelas pinceladas livres e coloridas de Manabu
Mabe.
Sobre Ana Avelar:
Ana Avelar é chefe do Departamento de Artes Visuais da
Universidade de Brasília – UnB. Foi curadora da Casa Niemeyer entre 2017 e 2021
na mesma universidade. É doutora
em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes - Universidade
de São Paulo. Como curadora, realizou mostras em diversos espaços - Centro
Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte - CCBB/BH, Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP, entre outros.
Participa de júris na área, como Pipa, Select Arte e Educação e
Marcantonio Vilaça, do qual foi finalista na categoria curadoria em 2017. Em
2019, foi selecionada pelo edital Intercâmbio de Curadores da Associação
Brasileira de Arte Contemporânea – ABACT/APEX em parceria com o Getty Research
Institute, quando desenvolveu pesquisa na instituição californiana. Ainda em
2019, foi selecionada pela chamada de artigos do Instituto Casa Roberto
Marinho. Em 2020, foi co-curadora convidada de Bienal Naifs do Brasil, no SESC
Piracicaba.
Sobre Marcella Imparato
Marcella Imparato é mestranda em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo (USP) e graduada em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Possui experiência como assistente de curadoria em exposições da Casa da Cultura da América Latina (CAL - UnB) e da Casa Niemeyer (Brasília - DF)
Sobre o Farol Santander São Paulo
Desde sua inauguração, em janeiro de 2018, o Farol Santander já
recebeu mais de 1 milhão de visitantes e apresentou 28 exposições nos eixos
temático e imersivo. As atrações do Farol Santander ocupam 18 pisos dos 35 do
edifício de 161 metros de altura que, por um longo período, foi a maior estrutura
de concreto armado da América do Sul.
As visitas começam pelo hall do térreo, que conta com a Loja da
Cidade e o famoso lustre de mais de 1,5 toneladas, seguindo até o Mirante do
26º que, após a revitalização, ganhou um Café especial, com uma das vistas mais
famosas de São Paulo.
Do 2º ao 5º andar os visitantes podem conhecer a história do
prédio e da própria cidade, no Espaço Memória, que tem mobiliários originais
feitos pelo Liceu de Artes e Ofícios nas salas de reuniões, diretoria e
presidência, ambientadas sonoramente para simular o funcionamento a época como
Banco do Estado de São Paulo.
No subsolo do edifício, está instalado o Bar do Cofre SubAstor,
onde funcionava o cofre do Banco do Estado de São Paulo desde 1947 (tombado
pelo Patrimônio Histórico). O bar é ambientado com as características da época
e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com cartas de drinks
especiais, além de comidinhas.
Já no 28º andar, foi inaugurado em outubro de 2021 o Boteco do 28
por Bar da Cidade, com um menu em referência à culinária da antiga Paulistânia,
nascida da união entre ingredientes e costumes indígenas e portugueses, aliados
às necessidades de deslocamento pelo grande território que correspondia à
Capitania de São Paulo (1720).
Em janeiro de 2022, o Farol Santander São Paulo completou quatro
anos e anunciou o novo funcionamento da Pista do 21, para prática de skate
indoor. Em parceria com a Rajas Skatepark, um dos maiores complexos esportivos
para prática do skate do País, com instrutores homologados pela Federação
Paulista da modalidade, a Pista do 21 pode ser reservada para livre circuito de
até sete skatistas por bateria e também oferece agendamento de aulas.
O funcionamento é da terça-feira à sexta-feira, das 09h às 20h, e
aos sábados e domingos, das 09h às 17h.
Serviço: Manabu Mabe: Uma
experiência - Farol Santander São Paulo
Onde: Rua João Brícola, 24 –
Centro (estação São Bento – linha 1, azul do metrô)
Quando: 29 de abril a 31 de julho
de 2022
Site
Farol Santander: farolsantander.com.br
Telefone
Farol Santander: (11) 3553-5627
Funcionamento: terça-feira a domingo
Horários: 09h às 20h
Ingressos: R$ 30,00
Compra
online: https://www.farolsantander.com.br/#/sp
(vendas também na bilheteria local)
Classificação:
livre
Brigada
de incêndio e Seguranças: efetivo total de 60 pessoas
*Monitoria
nos andares expositivos
*
Distanciamento Social
* Uso de
Máscara obrigatório
*
Instalações acessíveis para cadeirantes
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