A pandemia do novo coronavírus mudou a forma como o brasileiro trabalha, vive e cuida da saúde. E dá sinais de que mudará a forma com que nos relacionamos com o dinheiro. Sem poder trabalhar por causa da quarentena prolongada, muitas famílias viram sua renda e qualidade de vida despencar. Afinal, pouco mais de 90% dos brasileiros não dispõem de reservas financeiras. O sinal de alerta disparou e a procura por seguros de vida mais que dobrou em algumas seguradoras.
Mas, apesar da pandemia escancarar a necessidade de
ter garantias e reservas, muita gente ainda pensa que contratar um seguro de
vida é algo exclusivo para quem tem muito dinheiro. “Aí que
começa o primeiro erro no planejamento financeiro das famílias. Muitos têm a
ideia de que ter um seguro é coisa só para quem tem reservas e teria como
sobreviver sem poder trabalhar, mas é justamente o contrário”, conta
o planejador financeiro e gestor de riscos, Yuri Utida.
De acordo com o especialista, autônomos,
profissionais liberais e todos que não têm patrimônio autossustentável e
reservas financeiras são o perfil de quem precisa contratar garantias. “Estamos
falando não apenas de pessoas que só geram renda se puderem trabalhar, mas
também de trabalhadores assalariados que não têm reservas. Se, num piscar de
olhos, a pessoa não puder trabalhar por motivos de saúde, por exemplo, não vai
gerar a renda que precisa para sobreviver. É para esse público que foram
desenvolvidos os seguros”, completa Utida.
As pessoas também têm a ideia equivocada de que o
seguro só serve para garantir um recurso para a sua família em caso de morte,
mas há inúmeras soluções que garantem uma renda em caso de afastamento
temporário ou definitivo por doenças ou outros imprevistos, como acidentes, por
exemplo. “E, ao contrário do que muitos imaginam, é possível ter uma garantia com
um investimento de 3 a 7% da receita. Não é algo irreal ou só para os ricos”,
completa.
Outro erro comum é pensar que, no caso dos
trabalhadores com carteira de trabalho assinada, o INSS pode oferecer alguma
segurança futura em caso de invalidez ou incapacidade de trabalhar. “Depois da
Reforma na Previdência, está cada vez mais difícil conseguir o benefício e o
pagamento pelo teto, que só é pago para quem contribui por pelo menos 15 anos
pagando pelo teto. Então é uma ilusão achar que o INSS vai manter seu padrão de
vida se algo errado acontecer”, explica.
Para os autônomos, a situação é ainda mais
dramática. “Muitas vezes o autônomo não contribui com o INSS e quando faz, paga o
mínimo. Numa necessidade de afastamento, quando muito, terá um beneficio de R$
1 mil. Se ele não tiver outras garantias, estará completamente desamparado”,
reforça o Utida.
O gestor de risco alerta, no entanto, que antes de
correr para contratar um seguro é preciso escolher uma instituição idônea e um
produto personalizado, que atenda às suas necessidades específicas. “Fuja dos
modelos de prateleira que bancos costumam oferecer. É preciso encontrar uma
solução que se encaixe no seu perfil, para que, se você precisar no futuro,
tenha o retorno do investimento e não saia no prejuízo”,
diz.
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