Brasil tem
aproximadamente 10 milhões de surdos
Nesta
semana, comemoram-se o Dia Nacional da Educação de Surdos (23/04) e o Dia
Nacional da Libras — Língua Brasileira de Sinais (24/04), a língua oficial dos
surdos no Brasil. As datas relembram a importância de dar atenção às
dificuldades e barreiras enfrentadas por essas pessoas. De acordo com dados de
2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são quase 10
milhões de surdos no país — o equivalente a 5% da população.
Há
poucos dados e pesquisas sobre o número exato de surdos que estudam e chegam ao
mercado de trabalho. Segundo a coordenadora do Serviço de Inclusão e
Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (SIANEE) do
Centro Universitário Internacional Uninter, Leomar Marchesini, o número é baixo
devido à falta de comunicação para alunos surdos, que usam uma língua diferente
dos demais alunos. ‘‘Nem todas as instituições de nível superior colocam
intérpretes de Libras em suas aulas, o que é fundamental para os surdos’’.
Para
Leomar, a grande dificuldade na inclusão de surdos no mercado de trabalho
também é a comunicação. O fato de usarem uma língua de sinais, diferente da
língua usada por colegas e chefes, cria uma barreira que afeta seu desempenho.
Segundo ela, muitas vezes, os surdos sequer compreendem claramente as
expectativas de seus chefes em relação ao seu trabalho. ‘‘A surdez é uma
deficiência invisível, o que faz com que muitas pessoas achem os surdos
iguais a todos os demais, sem necessidades de apoio e métodos diferenciados no
trabalho e nas instituições de ensino. Entretanto, a inclusão de surdos é a que
representa o maior desafio, pois existem grandes diversidades culturais e de
percepção do mundo, que precisam ser conhecidas, respeitadas e valorizadas.
Cursos de Libras nas empresas e de português para surdos são essenciais’’,
explica.
Para
alcançar a graduação, por exemplo, eles enfrentam as condições das
universidades, muitas vezes desprovidas de núcleos de inclusão efetivos com a
atuação de pessoas especializadas. De acordo com Leomar, uma instituição
precisa estar preparada e disponibilizar tradutores, intérpretes de Libras
competentes e qualificados, em todas as aulas e disciplinas do curso. “A
Uninter é um bom exemplo. Nós fazemos todos os ajustes necessários, em todos os
sentidos, capacitamos os professores, respeitamos os direitos dos surdos desde
o vestibular com Libras e a correção de seus textos sob critérios
diferenciados, compatíveis a uma segunda língua em aprendizagem, que para eles
é a portuguesa’’, complementa.
Tiago
Alves Carneiro Junior é um exemplo de superação dessas barreiras. No início de
2020, ele concluiu sua graduação em Direito na Uninter e foi o primeiro surdo a
conquistar o feito. ‘‘Agradeço àqueles que me deram a oportunidade de realizar
os meus sonhos e os sonhos de tantos outros que, muitas vezes, pensaram que não
conseguiriam, mas que, graças ao SIANEE, estão estudando, buscando um
desenvolvimento intelectual e profissional apesar de suas dificuldades’’,
relembra.
O
próximo desafio de Junior é o mercado de trabalho. ‘‘O Direito nos oferece um
leque de possibilidades de atuação. Eu penso em me especializar, seguir
carreira jurídica para ser um juiz, quem sabe um ministro do Supremo Tribunal
Federal, mesmo sabendo que isso não é fácil’’, diz confiante.
Grupo Uninter
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