Cuidados especiais com
o Coronavírus
Saber qual é o momento ideal
para procurar ajuda em casos de demência na terceira idade é essencial ao diagnóstico e à escolha da metodologia
terapêutica mais adequada ao tratamento. Essa síndrome pode variar de
acordo com o grau de comprometimento e a possibilidade ou não de reversão do
quadro.
Tendo isso em vista, a proposta deste artigo que contou com a
colaboração do psicogeriatra e psiquiatra do Hospital Santa Mônica, dr. Marcel
Vella Nunes, é apresentar valiosas informações e fatos sobre a demência na idade avançada.
Inicialmente, vamos oferecer um panorama sobre ela nessa fase da vida.
Abordaremos, também, os principais sintomas ou sinais que sugerem a busca de ajuda profissional para conter o impacto desse problema na vida de seu ente querido. Boa leitura!
Abordaremos, também, os principais sintomas ou sinais que sugerem a busca de ajuda profissional para conter o impacto desse problema na vida de seu ente querido. Boa leitura!
Confira um breve panorama sobre demência na terceira idade
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), devido ao
envelhecimento da população, a estimativa é que o número de pessoas com demência
chegue a mais de 150 milhões até o ano de 2050. Como a expectativa
de vida da população brasileira está aumentando, a tendência é que a
prevalência desse tipo de doença também se mantenha por aqui.
Recentemente, uma matéria publicada pelo Jornal da USP destacou
que daqui a 10 anos, o Brasil terá a quinta população mais idosa do planeta,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento
da longevidade é o resultado das conquistas tecnológicas da ciência e dos
avanços da medicina nos últimos 50 anos.
A descoberta de novas vacinas, de antibióticos mais específicos,
de inovações nos tratamentos quimioterápicos e de uma gama de exames
complementares de diagnóstico propiciaram a adoção de medidas preventivas e
curativas. Possibilitaram, ainda, a remissão de muitos males dos aparelhos
circulatório e respiratório, que antes figuravam na lista de enfermidades
fatais.
Consequentemente, houve a redução nos níveis de natalidade na
nossa população e a remodelação da pirâmide etária. Com menos jovens e
mais idosos, a Saúde Pública reconhece a necessidade de buscar novas
alternativas e estratégias mais eficazes para assegurar uma longevidade mais
ativa e saudável.
Considerando que as demências são as enfermidades neuropsíquicas
de grande prevalência no grupo da terceira idade, a orientação é observar os
sintomas e sinais dessa doença. Isso possibilita o diagnóstico precoce e um
acompanhamento profissional que diminua o comprometimento neuro-cognitivo e
melhore a qualidade de vida.
Entenda o que causa a demência
O envelhecimento é caracterizado por um declínio natural e
progressivo que implica a diminuição funcional da maioria dos processos
fisiológicos. Esses mecanismos de mudanças no corpo afetam, principalmente, a
capacidade de regeneração celular e tecidual, que antes assegurava a manutenção
das funções vitais.
A demência é uma síndrome – geralmente de natureza crônica ou
progressiva – na qual há deterioração da função cognitiva (ou seja, a
capacidade de processar o pensamento) além do que se pode esperar do
envelhecimento normal. Afeta a memória, o pensamento, a orientação, a
compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizado, a linguagem e o
julgamento. A consciência não é afetada. O comprometimento da função
cognitiva geralmente é acompanhado e, às vezes, precedido de deterioração do
controle emocional, comportamento social ou motivação, levando assim a uma
perda da qualidade de vida e funcionalidade.
Sabe-se, porém, que os quadros demenciais, principalmente o Alzheimer, resultam do acúmulo de duas
proteínas no cérebro. Uma delas é a beta-amiloide, que forma placas de gordura
nas áreas cerebrais. A outra é a proteína tau, que é identificada sob a forma
de fibrilas que se parecem com as pequenas caudas dos girinos.
Além das causas metabólicas, os fatores genéticos também
influenciam consideravelmente o desenvolvimento dos quadros demenciais. Por
isso, incentive o seu familiar de mais idade a manter uma rotina diária de
atividades que estimulem a mente e o corpo. Exercitar o cérebro e o corpo pode
trazer excelentes resultados, já que essas medidas funcionam como fator de
neuroproteção.
A idade avançada também precisa ser considerada. Não como causa,
mas como um elemento que favorece a degeneração celular cerebral e, por
conseguinte, prepara o terreno para o acúmulo das proteínas responsáveis pela
demência.
Outro fator de influência é o gênero, já que um dos grandes
desafios para os pesquisadores dessa área é entender por que as demências são
mais comuns em mulheres que nos homens. Nos EUA, as americanas com idade superior a 60 anos têm
mais chance de desenvolver demência que câncer de mama.
Confira 20 sintomas e sinais da demência na terceira idade
De modo geral, as demências estão classificadas em dois tipos:
as de caráter reversível e as que são irreversíveis. As reversíveis englobam as
doenças causadas pelos distúrbios hormonais ou de ordem metabólica, como
disfunção tireoidiana, deficiências vitamínicas e por efeitos colaterais de
medicamentos de uso prolongado, por exemplo.
Por outro lado, as demências consideradas irreversíveis são
relacionadas a processos neurodegenerativos do cérebro, como o Alzheimer e outras doenças similares. Para
os males que se inserem nessa classificação, há alternativas de tratamento e
cuidados paliativos que podem melhorar a rotina do idoso e proporcionar melhor
qualidade de vida.
Para melhorar a compreensão do tema, listamos 20 sintomas que
exigem atenção e sugerem a procura de um especialista para avaliar o caso.
Observe:
- apatia;
- ansiedade;
- sinais de depressão;
- desorientação espacial;
- dificuldade de equilíbrio;
- dificuldade de deglutição;
- fazer perguntas repetitivas;
- mudanças de personalidade;
- incontinência fecal e urinária;
- mau humor e descontentamento geral;
- esquecimento de datas ou eventos importantes;
- não se recordar do local em que guardou objetos;
- declínio mental e confusão mental durante a noite;
- dificuldade para coordenar movimentos musculares;
- incapacidade de falar ou de entender o próprio idioma;
- muita dificuldade para adormecer ou distúrbios do sono;
- mudanças de humor ou ira, mesmo sem razão aparente;
- agressividade verbal, inquietação e irritabilidade constante;
- perda gradual de memória para informações recentemente aprendidas;
- invenção de acontecimentos ou fatos e incapacidade de reconhecer coisas comuns.
Cuidados especiais com o Coronavírus
Diante do momento atual em que o Brasil e o mundo estão buscando
medidas para conter a propagação da Covid-19, a atenção à saúde dos idosos
se torna ainda mais importante. Familiares e cuidadores precisam
observar os hábitos de higiene e auxiliá-los para assegurar a proteção
deles e reduzir as chances de contágio, sobretudo nos casos de
demência.
Convém reforçar a relevância de seguir os protocolos propostos
pela OMS, principalmente quanto ao distanciamento social das pessoas
com mais de 60 anos. Como esse grupo é
mais vulnerável ao Coronavírus, exige-se a adoção de medidas mais
focadas na prevenção da saúde dele. Porém, mesmo com as restrições do
isolamento social, é preciso garantir a atenção e o carinho
necessários durante essa estratégia global para a redução do contágio
do Covid-19.
O Hospital Santa Mônica tem registrado casos de pessoas acima de
60 anos, com crise de pânico em virtude de medo da contaminação e da morte, por
isso, é importante tentar mantê-los entretidos com atividades como jogos,
palavras cruzadas, ouvir música, dançar, dentre outras atividades para que não
fiquem focados nas notícias sobre a pandemia do coronavírus.
Saiba o momento de procurar ajuda
A demência tem um início insidioso, não apresenta sintomas claros
e, por isso, exige muita atenção para identificar os sinais sugestivos de perda
cognitiva. Mas vale ressaltar que os quadros dessa síndrome vão muito mais
além de uma perda de memória ou do comprometimento das funções cognitivas.
Ainda que apresentem diferentes sintomas, essa condição pode
estar associada a outros fatores como estresse e crises depressivas, problemas
que geram complicações que podem afetar a memória, a capacidade de raciocínio e
levar à insônia, por exemplo. Por isso, a identificação da demência nem sempre
é simples, pois os sintomas iniciais são sutis e não são fáceis de serem
reconhecidos.
Por fim, é preciso estar
atento a qualquer alteração comportamental que seja diferente do
habitual. Se você perceber que o seu familiar apresenta algum comprometimento,
mesmo que seja leve, mas que representa perdas, esse é o momento de buscar
ajuda profissional. Procure um hospital referência em saúde mental o
quanto antes para iniciar um tratamento especializado e minimizar os efeitos
da demência na terceira idade.
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