Na
quarentena, pais de crianças autistas podem propor atividades lúdicas em casa
Divulgação
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Atividade que trabalha a comunicação é uma das
dicas para promover o desenvolvimento de crianças com TEA
Abril é o mês de conscientização sobre o autismo,
chamando a atenção da sociedade para a importância de conhecer e tratar esse
transtorno. Por afetar a comunicação social e o comportamento, este período de
quarentena também se torna propício para explorar o tema, principalmente em
relação às crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que estão em
processo de desenvolvimento e longe das escolas. A dúvida é: de que forma os
pais podem estimulá-las em casa para que o isolamento não prejudique sua
evolução? A professora da Unoeste Danielle Santos, doutora em Educação com
ênfase em Educação Especial e Inclusiva, dá dicas de atividades para essas
famílias.
Docente do Programa de Pós-graduação em Educação e
coordenadora do curso de Pedagogia (presencial e EaD) da Unoeste, a Dra.
Danielle orienta que os pais proponham atividades estimuladoras que foquem na
questão da comunicação. “Há àquelas crianças que apresentam mutismo ou mutismo
seletivo e àquelas em fase de apropriação de desenvolvimento da fala. Então, é
muito importante que ao invés de reforçar tarefas escolares pesadas, que
dependeriam de um professor, que priorizem atividades lúdicas que promovam a
comunicação”.
Uma dica da professora é a produção de cartinhas de
comunicação. “Com os materiais que têm em casa, como cartolina, caixa de
papelão, lápis coloridos os pais podem confeccionar os cartões junto da
criança. Esses cartões devem ter uma cor que identifique a categoria. Então,
por exemplo, verbos como comer, brincar, andar, vão ser identificados pela cor
amarela; alimentos com a cor vermelha; sensações colocadas com a cor azul, e
assim por diante. E junto da criança fazer os desenhos para explicitar aquela
comunicação. Se é comer, desenhe uma boquinha, baldinho de pipoca... E se tiver
revistas pode fazer recortes para trabalhar a motricidade fina”, indica
Danielle.
Ainda, neste momento de distanciamento social, é
essencial para o autista organizar a rotina dento de casa, para que ele tenha
tarefas a cumprir ao longo do dia, fato também importante para toda criança.
“Construa com os filhos um cartaz de rotinas. Coloque o nome da criança ou uma
foto e estabeleça os períodos com figuras ou por escrito para especificar o que
ela vai fazer ao longo do dia. Isso ajuda os próprios pais a organizar tarefas
para desenvolver com os filhos e evitar estresse dos dois lados”, recomenda.
Em termos pedagógicos, a docente salienta que
promover os mecanismos de comunicação pode aprimorar o processo de
desenvolvimento da criança e prepará-la para o retorno escolar. Ela complementa
ainda que a escola tem um papel fundamental no desenvolvimento humano, nos
eixos formativo e social. “Por isso também precisamos ter estratégias para
estimular as crianças em casa por meio da tecnologia digital. Temos formas
diversas de aproximar pessoas. Talvez propor encontros virtuais com os
amiguinhos ou professora da criança e manter uma aproximação com a escola para
obter orientação específica no âmbito pedagógico e trabalhar em
complementaridade. No mais, estar em casa com a família é também uma
experiência boa que deve ser aproveitada neste momento”.
TEA
Convidado pela Unoeste para falar sobre o assunto
no canal do YouTube da universidade, o Dr. Nilton César, médico neuropediatra
em São Paulo (SP), destacou algumas características da criança com TEA. A
palestra com o tema “O silêncio e o autismo” pode ser conferida na íntegra no
canal.
Na ocasião, ele ressaltou que o transtorno do
espectro autista é uma série de situação caracterizada pela interação social,
ou seja, são prejuízos na interação social, na linguagem e comunicação. “Têm
outras coisas que caracterizam. Esse grupo tem um comportamento baseado
naqueles interesses e rotinas que são repetitivas, ou seja, eles sempre estão
focados em alguma coisa ou restritos em determinadas situações”, explicou o
neuropediatra.
No ambiente escolar, a Dra. Danielle pontua que é
comum o professor identificar sinais na criança do espectro do autismo. “Por
ser um distúrbio de comunicação, vai perceber na criança dificuldades de fala,
de estabelecer contato visual, maior introspecção, irritabilidade com barulho
ou com coisas que estimulam muito determinado ambiente. Mas é muito importante
diferenciar que quem trabalha na educação não faz diagnóstico clínico. Então, assim
que observar uma característica, deve comunicar o sistema educacional,
conversar com a família e sugerir o encaminhamento médico para o diagnóstico e
o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar. Quanto antes souber e mais
cedo iniciar a estimulação, melhores resultados teremos na frente”, frisa.
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