O aumento dos casos de
usuários de drogas infectados pelo coronavírus exige a busca de soluções para vencer a dependência química e aumentar o
controle sobre a expansão da pandemia de Covid-19 nesse grupo.
Muitos
dependentes químicos continuam na rua em busca de drogas nos pontos de venda,
em locais perigosos e que não atendem às especificações sanitárias em prol da
menor propagação da doença.
Considerando essa situação, veja a dica do dr. Claudio Duarte,
psiquiatra e coordenador da Unidade de Dependência Química do Hospital Santa
Mônica, sobre como os familiares podem proteger seus entes queridos e evitar as
complicações que o uso de drogas e esse estilo de vida podem causar à saúde.
Saiba como ajudar um filho ou outro familiar nessa situação delicada e conheça
as melhores soluções em reabilitação da saúde mental e física.
Por que os dependentes químicos têm mais riscos de contágio pelo coronavírus?
A dependência química é caracterizada pelo uso descontrolado de
qualquer substância psicoativa e que possa levar ao comprometimento da
estabilidade mental, emocional e à alteração do comportamento. Ela pode se
referir ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, de drogas ilícitas, de
medicamentos sem prescrição médica e de calmantes de natureza variada.
Os adolescentes e jovens usuários de droga se tornam muito mais
vulneráveis ao contágio de diferentes enfermidades, inclusive as que compõem o
grupo das doenças infecciosas e de fácil transmissão. O compartilhamento de
seringas e de outros insumos utilizados para consumir drogas acentua os riscos
para o desenvolvimento dessas doenças.
A dependência química faz com que o usuário dessas substâncias
seja incapaz de controlar o consumo. Sob o domínio das drogas, o indivíduo
também perde o controle sobre suas emoções, atitudes e seus comportamentos.
Além do aumento dos conflitos familiares e dos prejuízos à saúde, esses
desajustes psíquicos atrapalham as atividades de rotina e colocam em risco a
vida pessoal, afetiva e profissional.
Além de todas as implicações em torno do vício em substâncias
químicas, a pandemia de Covid-19 ainda traz à tona outra questão preocupante: a
não obediência às orientações propostas pela vigilância sanitária, que torna o
risco de contaminação bem maior entre os dependentes químicos.
Para ajudar você a compreender melhor o tema, listamos alguns
fatores que mais influenciam na vulnerabilidade dos dependentes químicos ao
contágio pelo novo vírus. Veja quais são eles a seguir.
Falta de atenção aos protocolos da OMS
Muitos jovens que estão dominados pelas drogas não conseguem
mais ter discernimento o suficiente para definir o que é certo ou não. Isso
também acontece em relação aos hábitos de higiene, o que torna mais difícil
para esse grupo seguir as orientações do protocolo da Organização Mundial de
Saúde (OMS) quanto à necessidade de lavar as mãos no combate à disseminação do
contágio pelo coronavírus.
Compra de entorpecentes com pessoas desconhecidas
Os dependentes químicos também apresentam mais vulnerabilidade
ao desenvolvimento da Covid-19 pela exposição aos riscos ambientais e sociais.
Eles têm mais dificuldade em se manter confinados porque, mesmo diante das
orientações da vigilância sanitária, ainda saem de casa para comprar
drogas.
Nessas circunstâncias, o contato com pessoas e lugares sem
cuidados sanitários eleva as chances de contaminação pelo novo vírus. Esse
comportamento que leva os jovens usuários de substâncias entorpecentes a
ignorar as medidas de prevenção faz com que eles estejam muito mais propensos à
contaminação pelo coronavírus.
Uso de drogas com outras pessoas que podem facilitar a transmissão
Além do risco de sair de casa para comprar drogas em locais mais
vulneráveis, muitos dependentes químicos também cultivam o hábito de consumir drogas em grupo. Essa
exposição continuada acentua as chances de desenvolver a doença porque esse
consumo “entre amigos” facilita a transmissão do coronavírus.
Como os familiares podem ajudar o dependente químico?
O novo Relatório Mundial sobre Drogas divulgado em 2019 pelo
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) revelou que, em todo
o mundo, 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos mentais e
físicos relacionados ao consumo de drogas. Desse número, apenas 1
dependente químico em cada 7 recebe tratamento.
Esses dados revelam uma realidade bastante desafiadora, o que
sugere a necessidade de buscar ajuda imediata para conter o impacto do problema
sobre as famílias e a sociedade.
Vários são os motivos que fazem com que o indivíduo consuma
substâncias entorpecentes. O uso de drogas está relacionado a problemas de
ordem emocional, social e mental decorrentes de influências genéticas,
familiares e ambientais, além das questões de caráter socioeconômico.
Ao escolher as terapias para a recuperação da dependência
química, os pais precisam considerar diferentes fatores, inclusive o local em
que o filho vai receber o tratamento. O ideal é buscar uma instituição
experiente e que ofereça uma estrutura compatível com a necessidade de cada
paciente.
Um dos aspectos mais relevantes é entender os processos que
envolvem a dependência química, o reconhecimento do problema e as etapas
necessárias para a recuperação da doença.
Mediante o surto de coronavírus e a maior exposição dos usuários
de drogas ao contágio, é preciso buscar ajuda o quanto antes. Vale destacar
que, em algumas situações, a internação pode ser o melhor caminho antes da
pessoa se infectar.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 13.840 de 2019, que defende a internação
involuntária do dependente químico que não reconhece a necessidade de
intervenção.
O psiquiatra Claudio Duarte reforça que "A sugestão é que as famílias devem sempre tentar antes a internação voluntária, por meio do convencimento do dependente pela abordagem motivacional. E que internação involuntária só seja aplicada mediante indicação precisa e somente pelo tempo necessário para reduzir risco de vida, buscando engajar o paciente no tratamento para que se torne voluntário, nem que seja voluntário para esquema ambulatorial."
O psiquiatra Claudio Duarte reforça que "A sugestão é que as famílias devem sempre tentar antes a internação voluntária, por meio do convencimento do dependente pela abordagem motivacional. E que internação involuntária só seja aplicada mediante indicação precisa e somente pelo tempo necessário para reduzir risco de vida, buscando engajar o paciente no tratamento para que se torne voluntário, nem que seja voluntário para esquema ambulatorial."
Avaliar as possibilidades de tratamento disponível e escolher a
conduta mais adequada pode representar chances reais de reabilitação da saúde
integral do dependente químico. Além dos riscos associados à pandemia de
Covid-19, o tratamento especializado também auxilia no controle de questões
ligadas aos distúrbios emocionais como depressão, ansiedade, transtornos psicóticos e
situações relacionadas à ideação suicida.
A escolha de uma
instituição especializada em saúde mental pode assegurar uma melhor qualidade
no tratamento para a
dependência química, sobretudo nesse período de pandemia do
coronavírus. Reconhecer o problema e buscar ajuda profissional o quanto antes é
um importante passo nessa jornada rumo à reabilitação da saúde e ao retorno ao
convívio social de quem enfrenta esse desafio..
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