Do
ano 2000 a junho de 2018, registrou-se um total de 717.318 casos de Aids no
país
Segundo dados do Unaids, programa das Nações Unidas dedicado às
soluções para o combate à Aids, entre 2000 e 2018, o Brasil apresentou um
aumento de 21% no número de novos casos de infecções por HIV, vírus da
imunodeficiência humana, causador da doença. Ainda no período,
registrou-se um total de 717.318 casos da enfermidade no país. Diante
deste crescimento, o Seconci-SP (Serviço Social da Construção)
alerta para o Dia Mundial de Combate à Aids, no próximo domingo (1/12), e traz
orientações para a prevenção e tratamento da doença.
O clínico geral do Seconci-SP,
dr. José Alfredo Penteado, explica que a Aids é causada pelo vírus
Imunodeficiência Humana (HIV), que ataca o sistema imunológico responsável por
defender o organismo de doenças. “É uma enfermidade silenciosa. Após a
infecção, o corpo humano leva de 30 a 60 dias para produzir anticorpos
anti-HIV. Há soropositivos que demoram anos para apresentarem os primeiros
sintomas e há aqueles que não desenvolvem a doença”, explica o médico. Os
primeiros indícios se assemelham a sintomas de resfriados, como febre,
mal-estar ou uma gastroenterite, por isso, a enfermidade pode passar
despercebida.
Como o vírus está presente
no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno, a melhor maneira de evitar
a contaminação é a prevenção, especialmente com a utilização correta de
preservativos, além do uso de agulhas e seringas descartáveis. O contágio
também pode ocorrer durante a gestação, logo, é obrigatório por lei que toda
gestante faça o teste de HIV logo nas primeiras consultas do pré-natal.
“Hoje, o HIV é uma infecção
crônica e não mais letal como no passado. É preciso desmistificar que os
portadores da doença estão sentenciados à morte. Por isso, deve-se ter
consciência de que, quanto antes o diagnóstico for feito, mais cedo o portador
do vírus pode iniciar o tratamento antirretroviral e assim evitar que a
infecção evolua para a Aids”, explica o médico.
O diagnóstico da infecção
pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral de forma
gratuita no Sistema Único da Saúde (SUS), nas unidades da rede pública e nos
Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Os exames podem ser feitos de forma
anônima. Além deles, também é possível saber onde fazer o teste pelo Disque
Saúde, pelo número 136.
Penteado ressalta também que
o Seconci-SP dispõe de uma estrutura laboratorial completa para a realização
dos exames necessários para a detecção da enfermidade, além de uma equipe
multidisciplinar capacitada para orientação. Por esta razão, é muito importante
que o trabalhador procure atendimento caso tenha alguma suspeita.
Pré-Exposição e
Pós-Exposição à infecção demandam medicamentos distintos
Em 2017, o Brasil passou a
ofertar a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) como forma de potencializar a
proteção contra o vírus. Destinado especialmente às pessoas com maior vulnerabilidade
ao contágio – como profissionais do sexo, casais sorodiferentes, gays,
travestis e transexuais –, o medicamento deve ser tomado por via oral
diariamente. Hoje, além do SUS, a PrEP também já está disponível em serviços
específicos habilitados para oferecê-la.
Como não previne Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST), o medicamento deve ser combinado com outras
formas de prevenção. Além disso, quando tomado regularmente, seu uso reduz o
risco de infecção pelo HIV em mais de 90%.
Após a exposição ao vírus, o
Ministério da Saúde oferece atendimento gratuito por meio da Profilaxia
Pós-Exposição, ou simplesmente PEP, um tratamento com terapia antirretroviral
(TARV) por 28 dias para evitar a sobrevivência e a multiplicação do HIV no
organismo de uma pessoa.
O procedimento é indicado
para pessoas que podem ter sido expostas ao vírus em situações como violência
sexual, relação desprotegida (sem o uso do preservativo ou ruptura) e acidente
ocupacional (contato direto com objetos perfurocortantes ou com material
biológico contaminados). Para ser eficaz, a PEP deve ser iniciada logo após a
exposição de risco, em até 72 horas.
Após diagnosticada a Aids, o
tratamento é feito por meio de 22 medicamentos antirretrovirais que são
divididos em 38 apresentações, fornecidos gratuitamente pelo SUS. Embora a
doença não tenha cura, estes medicamentos combatem o vírus e fortalecem o
sistema imune. “Cada paciente demanda uma medicação específica de acordo com o
grau da síndrome. Se tomada de forma correta e contínua, é possível aumentar
seu tempo de vida e diminuir o risco de desenvolver outras doenças, como
tuberculose, pneumonia e câncer”, orienta o médico. Ainda que com todos os
atuais recursos de precaução e tratamento ao vírus, a melhor forma de prevenção
à doença ainda é o acesso à informação.
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