Nova Base Nacional
Comum Curricular coloca o aluno como protagonista, fazendo com que os
professores precisem trabalhar conteúdos de formas distintas, envolvendo
tecnologia e aspectos socioemocionais
Não há mais espaço em sala de aula para o professor
que alega saber de tudo: a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e uma
geração de estudantes acostumada a colocar a mão na massa vão transformar o
ambiente das salas de aula. Esses foram alguns dos debates realizados no V
Seminário Internacional de Práticas Pedagógicas Inovadoras, que ocorreu no Colégio
Positivo - Jardim Ambiental em Curitiba, no último sábado, 19 de outubro. Ao
todo, o evento contou com a participação de 250 professores de forma presencial
e 900 acompanharam online.
“Hoje, não é mais possível que uma escola deixe de
pensar em qual a forma mais eficiente para os seus alunos aprenderem e lançar
mão de todas as possibilidades. Por muitos anos, houve uma postura equivocada
de muitos professores. Eles diziam: ‘eu ensinei, mas os alunos não aprenderam’.
Com todas as tecnologias, materiais e possibilidades do mundo atual, é preciso
ter um compromisso com a formação integral do aluno”, diz Joseph Razouk Junior,
diretor Editorial da Editora Positivo.
A afirmação acompanha o entendimento trazido pela
BNCC. Em seu texto, os professores precisarão abordar conhecimentos e
abordagens para formar seres humanos mais equilibrados em todas as dimensões:
intelectual, física, emocional, social e cultural. “E mais, que garanta aos
estudantes serem protagonistas de seu próprio processo de escolarização, reconhecendo-os
como interlocutores legítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem”, diz o
documento.
Na avaliação de Razouk, os professores devem ir
além dos aspectos técnicos do ensino, sendo capazes de serem empáticos aos
estudantes. “Um aluno precisa ver sentido e significado no que ele está
aprendendo. Quando ele consegue fazer vínculos com experiências anteriores, o
que passa por questões emocionais, simplifica as conexões entre a vida real e o
conteúdo: aprendizagem com significado”, diz Razouk.
Geração maker e aspectos socioemocionais
O desafio está em criar essas relações entre os
conhecimentos que devem ser ensinados a uma sala com alunos diversos – o que
pode ser facilitado com o uso adequado da tecnologia. “É justamente a
diversidade de experiências que gera conhecimento e o que pode fazer com que o
aluno seja protagonista, especialmente para os estudantes da geração maker”,
avalia o diretor da Editora Positivo. “O papel da escola é ajudar as pessoas a
se desenvolverem, incrementando as suas potencialidades e melhorando nas suas
limitações, inclusive nos trabalhos socioemocionais”, ressalta.
O relacionamento entre vida real e conhecimento é
um dos pedidos da BNCC. Para o Ensino Médio, por exemplo, o documento define a
“construção do projeto de vida” para os estudantes, que consiste em o que “os
estudantes almejam, projetam e redefinem para si ao longo de sua trajetória,
uma construção que acompanha o desenvolvimento da(s) identidade(s), em
contextos atravessados por uma cultura e por demandas sociais que se articulam,
ora para promover, ora para constranger seus desejos”, diz o documento.
Tecnologia e as aulas expositivas
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa) é realizado a cada três anos, gerando indicadores para a discussão a
respeito da educação entre os 70 países avaliados. Os resultados obtidos pelo
Brasil estão longe do que pode ser considerado positivo: 59ª em leitura, 63º em
ciências e 65º em matemática. Um dos fatores apontados por Razouk para os
resultados é a escolha das aulas pelos estudantes. “Não há problema em aulas
tradicionais ou expositivas, mas é preciso torná-las mais interessantes. Temos
países que estão muito à frente do Brasil e que passaram por essa experiência
sofrida, que envolve abrir mão de muitas convicções”, diz.
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