As mulheres enfrentam uma dupla
jornada de trabalho, caracterizada pelas atividades domésticas e trabalho
remunerado. Segundo o estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, feito
pelo Ipea, elas mulheres trabalham 7,5 horas a mais que os homens.
Mesmo que a população feminina venha
conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, as mulheres ainda
sofrem com a cobrança da maternidade, fruto de uma visão social que ainda
define a geração de filhos como o papel da mulher.
Cynthia
Wood, psicóloga e psicopedagoga clínica, explica que as mulheres podem ser
atingidas de várias maneiras. Aquelas que não desejam ter filhos são tratadas
como coitadas perante a sociedade; as que querem, e por algum motivo adiaram o
projeto de ser mãe, sofrem, além da pressão social, uma cobrança de si mesmas.
"A cobrança é enorme para
consigo mesma, e é acompanhada por sentimentos como frustração, vergonha e
tristeza", afirma.
Apesar
disso, a mulher precisa analisar determinadas situações antes de decidir
engravidar. Mesmo que ela se considere apta para a maternidade, outros fatores
precisam ser considerados para que a atitude não gere arrependimento, como: a
idade reprodutiva; a estabilidade da relação com o pai da criança, a
estabilidade financeira e o equilíbrio emocional.
Além
disso, outros empecilhos podem entrar no caminho. A dificuldade em engravidar
atinge muitas mulheres, que se sentem fracassadas. Quanto a isso, a psicóloga
recomenda que a mulher não se culpe e aceite o momento de crise na sua vida, já
que é normal se sentir triste nessa situação.
O casal
deve encontrar apoio um no outro, conclui a especialista. Ambos devem se
informar sobre os problemas de fertilidade e tirar todas as dúvidas com o
médico, sem medo ou vergonha. Também é necessário que se estabeleça um limite
de gasto se optarem por tratamentos de fertilização.
"A duração do tratamento não é
definida. Pode ser que funcione logo de cara, pode ser que seja preciso
segui-lo por meses ou até anos, o que gera grande estresse emocional e muitos
gastos. Muitas vezes a pessoa acaba se deparando com muitas dificuldades e se
isso está sendo uma tortura é melhor pensar até onde se deve ir",
completa.
Para
Cynthia Wood, o psicológico também precisa de atenção nesse momento. A mulher
deve se sentir livre para evitar atividades que envolvam bebês e procurar ajuda
de profissionais e de pessoas com o mesmo problema.
Ainda
é possível que o casal desista de ter filhos. Se essa decisão for tomada,
Cynthia Wood aconselha a procurar ajuda.
"Certamente este casal precisará
de apoio e suporte emocional para lidar com esta desistência e não deve ter
vergonha de procurar ajuda dos amigos, parentes ou terapia para enfrentar isso
com maior tranquilidade", afirma.
As
mulheres precisam ver a maternidade como uma escolha, e não obrigação. E a
sociedade precisa rever seus conceitos, para que seja possível que as mulheres
tenham autonomia sobre suas próprias decisões e vida, sem que sejam julgadas
por isso.
Cynthia Wood - psicóloga
e psicopedagoga na clínica Crescendo e Acontecendo
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