Atividades
simples que fazem parte do evento, como música alta e o estouro de um rojão,
podem causar zumbido e até perda auditiva irreversível
As festas juninas movimentam o país inteiro, uma
oportunidade para se deliciar com as comidas típicas, dançar, ouvir boa música,
curtir a fogueira e a queima de fogos.
O que muitos não levam em consideração quando estão
se divertindo, é que um ato comum como ficar a comemoração toda ao lado da
caixa de som, pode trazer sérios riscos para a saúde auditiva.
Normalmente, somente depois da festa que as pessoas costumam perceber os
sintomas, que aparecem em forma de uma sensação de ouvido cheio (plenitude
auricular) e zumbido. Estes sintomas que a princípio parecem um incomodo banal,
às vezes, são indícios de que as células auditivas foram lesionadas.
“A exposição prolongada a níveis elevados de
pressão sonora em eventos pode ocasionar uma perda auditiva de instalação
progressiva, que é capaz de causar danos irreversíveis a audição e zumbido. E,
dependendo do grau, esse zumbido pode durar algumas horas, semanas ou se tornar
crônico”, explica Katya Freire, fonoaudióloga especialista em audiologia.
A maioria das pessoas não dá muita importância para
o zumbido, mas é um problema que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
atinge mais de 278 milhões de pessoas no mundo todo. Caracteriza-se como um
sinal de alerta para indicar que houve algum comprometimento do aparelho
auditivo. Ele também está atrelado a outras complicações que afetam
significativamente a qualidade de vida dos indivíduos, entre elas: estresse,
fadiga, ansiedade, depressão, problemas para dormir e dificuldade de
concentração.
Mas os riscos nas festas juninas para a saúde
auditiva não se restringem a música alta, um dos fatores mais perigosos é a
queima de fogos.
“Deve-se evitar ficar próximo da queima de fogos. O
estouro de um rojão, por exemplo, pode causar um trauma acústico, que é
considerado uma perda auditiva aguda e súbita, decorrente de uma exposição
única a um ruído intenso. Dependendo da magnitude do impacto sonoro é possível
ocorrer a ruptura da membrana timpânica e, nos casos mais graves, ocasionar uma
perda auditiva irreversível”, adverte Katya Freire.
O ruído de um rojão é tão alto que chega a ser
compatível com o de um avião em decolagem. Existe uma unidade para medir a
intensidade de um som, chamada de decibel (abreviatura dB) e, de acordo com a
tabela da NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health), o
volume máximo aceitável para que não haja prejuízo ao ouvido humano é de 85dB.
Levando-se em consideração que os fogos de artifício, entre eles o rojão, são
capazes de alcançar uma intensidade de 140dB, é possível calcular o quanto
torna-se prejudicial para a saúde auditiva ficar próximo de queima de fogos.
“Ninguém precisa se privar de ouvir música e
apreciar a queima de fogos nas festas juninas, basta tomar alguns cuidados
básicos. O ideal é utilizar protetores auditivos com filtro flat, que não
comprometem a compreensão da fala e da música, manter-se pelo menos a 10 metros
de distância da fonte sonora e fazer períodos de descanso de 15 minutos longe do
barulho a cada meia hora”, esclarece a especialista em audiologia.
Katya Freire - pioneira no trabalho de preservação
e conservação auditiva de músicos. Graduada em Fonoaudiologia pela PUC-Campinas
com especialização em Audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, fez
mestrado pela PUC-SP e doutorado em Ciências pela Unifesp. Aperfeiçoamento
realizado nos Estados Unidos na San Diego State University com atuação no
Children’s Hospital de San Diego, na Califórnia.
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