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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Como saber se o meu filho está usando drogas?



Psicóloga aponta os típicos disfarces do uso de entorpecentes na adolescência


A falta de conhecimento dos pais em torno do ritual e apetrechos utilizados para o uso de drogas faz com que a descoberta ocorra tardiamente, na maioria das vezes. Diante dos diversos casos atendidos em clínicas, nota-se que essa descoberta só acontece de 3 a 4 anos após o início do uso pelos jovens.

A psicóloga Ana Café, especializada na prevenção do uso de drogas pela Faculdade Federal de Santa Catarina, dá dicas para os pais observarem comportamentos que possam identificar o uso de drogas na família.

Disfarces

• Tenta aparentar normalidade;

• Permanece fora de casa de 2 a 3 horas até o efeito da droga passar;

• Evita encontrar os pais;

• Desvia o olhar, não olha nos olhos;

• Dorme fora de casa para não levantar suspeitas;

• Telefonemas incompreensíveis, tudo é falado em gíria;

• Boca seca ou saliva bastante espumosa no canto da boca;

• Ponta dos dedos amarelados e queimados;

• Ventiladores e janelas abertas para camuflar cheiros;

• Tapam as frestas das portas e colocam pano na soleira;

• Utilizam odores fortes para camuflar o cheiro: perfumes, desodorantes,  spray e produtos de limpeza, acendem  incensos ou enchem o ar com fumaça de cigarro;

• Ataques à geladeira, depois dormem pesadamente;

• Distorção do senso de tempo e espaço;

• Geralmente o uso moderado de cocaína e outras drogas costumam passar despercebidos, pois os sintomas são menos exuberantes que os da maconha;

• O efeito da cocaína pode muita vezes ser confundido com o da bebida – importante checar o hálito.



Material que pode ser encontrado (característicos do uso)

 • Isqueiros;

• Papel de seda “maricas” (cachimbos artesanais feitos com diferentes materiais e em diversas formas);

• Caixinhas e recipientes plásticos usados para guardar as “pontas”;
• “Pilador” (espécie de socador para pressionar a maconha já enrolada dentro da seda),

• Estojinho, saquinhos e pacotinhos com forte cheiro da maconha;

• Pequenos comprimidos ou drágeas, restos de cogumelos (com cheiro de esterco), pequenos frascos;

• Latas ou bisnagas de cola, frascos de lança-perfume, restos de sólidos ou nódoas em panos, lenços ou sacos plásticos.

Existem várias motivações que levam esse adolescente a usar algum tipo de droga, mas o que vem sendo identificado com frequência em consultórios é a de questionar a autoridade maternal e paternal, dentro da própria liberdade que o adolescente busca ter.

A doutora Ana Café alerta para a presença dos pais como figuras disciplinares na vida dos adolescentes. “Os jovens testam a vida, testam a autoridade do pai e da mãe e a própria liberdade sem culpa. Cabe aos pais ensinar princípios éticos e morais, sem achar que os filhos irão errar”.

Dra. Ana Café explica que muitos pais se sentem traídos pelos filhos ao descobrirem que os mesmos estão usando drogas. “Nossos filhos antes de estarem nos traindo, estão perdidos em si mesmos. Eles tentam descobrir quem são e descobrir como ser e a melhor forma de SER.”

“Morremos de medo das crianças atravessarem a rua, mas não podemos deixar nossas jovens-crianças atravessarem sozinhas essa estrada que vai da adolescência a fase adulta”, conclui a psicóloga.






Ana Café - psicóloga clínica, graduada pela Universidade Estácio de Sá. Possui especialização no Tratamento e prevenção dos Transtornos do Impulso e na prevenção do uso de drogas pela Faculdade Federal de Santa Catarina. É diretora do Núcleo Integrado Village.  Teve seu trabalho de conclusão de curso sobre a Terapia Cognitiva Comportamental e é membro da Associação de Terapia Cognitiva. Capacitada pela Secretaria Especial de Prevenção às Drogas do Rio de Janeiro como Agente Multiplicador e formada pela Universidade de Havana na Reinserção social do paciente portador de transtornos mentais e emocionais. 




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