Psicóloga aponta
os típicos disfarces do uso de entorpecentes na adolescência
A falta de conhecimento dos pais em torno do ritual
e apetrechos utilizados para o uso de drogas faz com que a descoberta ocorra
tardiamente, na maioria das vezes. Diante dos diversos casos atendidos em
clínicas, nota-se que essa descoberta só acontece de 3 a 4 anos após o início
do uso pelos jovens.
A psicóloga Ana Café, especializada na prevenção do
uso de drogas pela Faculdade Federal de Santa Catarina, dá dicas para os pais
observarem comportamentos que possam identificar o uso de drogas na família.
Disfarces
• Tenta aparentar normalidade;
• Permanece fora de casa de 2 a 3 horas até o
efeito da droga passar;
• Evita encontrar os pais;
• Desvia o olhar, não olha nos olhos;
• Dorme fora de casa para não levantar suspeitas;
• Telefonemas incompreensíveis, tudo é falado em
gíria;
• Boca seca ou saliva bastante espumosa no canto da
boca;
• Ponta dos dedos amarelados e queimados;
• Ventiladores e janelas abertas para camuflar
cheiros;
• Tapam as frestas das portas e colocam pano na
soleira;
• Utilizam odores fortes para camuflar o cheiro:
perfumes, desodorantes, spray e produtos de limpeza, acendem
incensos ou enchem o ar com fumaça de cigarro;
• Ataques à geladeira, depois dormem pesadamente;
• Distorção do senso de tempo e espaço;
• Geralmente o uso moderado de cocaína e outras
drogas costumam passar despercebidos, pois os sintomas são menos exuberantes
que os da maconha;
• O efeito da cocaína pode muita vezes ser
confundido com o da bebida – importante checar o hálito.
Material que pode ser encontrado (característicos
do uso)
• Isqueiros;
• Papel de seda “maricas” (cachimbos artesanais
feitos com diferentes materiais e em diversas formas);
• Caixinhas e recipientes plásticos usados para
guardar as “pontas”;
• “Pilador” (espécie de socador para pressionar a
maconha já enrolada dentro da seda),
• Estojinho, saquinhos e pacotinhos com forte
cheiro da maconha;
• Pequenos comprimidos ou drágeas, restos de
cogumelos (com cheiro de esterco), pequenos frascos;
• Latas ou bisnagas de cola, frascos de
lança-perfume, restos de sólidos ou nódoas em panos, lenços ou sacos plásticos.
Existem várias motivações que levam esse
adolescente a usar algum tipo de droga, mas o que vem sendo identificado com
frequência em consultórios é a de questionar a autoridade maternal e paternal,
dentro da própria liberdade que o adolescente busca ter.
A doutora Ana Café alerta para a presença dos pais
como figuras disciplinares na vida dos adolescentes. “Os jovens testam a vida,
testam a autoridade do pai e da mãe e a própria liberdade sem culpa. Cabe aos
pais ensinar princípios éticos e morais, sem achar que os filhos irão errar”.
Dra. Ana Café explica que muitos pais se sentem
traídos pelos filhos ao descobrirem que os mesmos estão usando drogas. “Nossos
filhos antes de estarem nos traindo, estão perdidos em si mesmos. Eles tentam
descobrir quem são e descobrir como ser e a melhor forma de SER.”
“Morremos de medo das crianças atravessarem a rua,
mas não podemos deixar nossas jovens-crianças atravessarem sozinhas essa estrada
que vai da adolescência a fase adulta”, conclui a psicóloga.
Ana Café - psicóloga clínica, graduada pela
Universidade Estácio de Sá. Possui especialização no Tratamento e
prevenção dos Transtornos do Impulso e na prevenção do uso de drogas pela
Faculdade Federal de Santa Catarina. É diretora do Núcleo Integrado Village. Teve
seu trabalho de conclusão de curso sobre a Terapia Cognitiva Comportamental e é
membro da Associação de Terapia Cognitiva. Capacitada pela Secretaria
Especial de Prevenção às Drogas do Rio de Janeiro como Agente Multiplicador e
formada pela Universidade de Havana na Reinserção social do paciente portador
de transtornos mentais e emocionais.
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