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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Jantar engorda - O que você come à noite pode atrapalhar o emagrecimento?



Veja se evitar carboidrato a noite realmente ajuda na perda de peso ou se não passa de um mito


Quem luta contra a balança com certeza já ouviu centenas de “regras” na hora de montar o cardápio. “Comer a cada 3 horas, apostar nas saladas, reduzir a ingestão de doces”... Estes são apenas alguns dos mandamentos que norteiam o emagrecimento. Porém, é comum que muitas pessoas, mesmo fazendo dieta ao longo do dia, não resistam e acabem “escorregando” na refeição noturna. Seria este, portanto, o motivo dos quilinhos a mais? Uma refeição farta no final do dia tem mais chances de acabar se transformando na temida barriguinha do que um almoço generoso?  No meio de tanta informação, é realmente difícil identificar quais alimentos são mais adequados para momentos específicos do dia. Porém, com o auxilio dos nutrientes certos na hora adequada é possível beneficiar a perda de peso sem comprometer o prazer à mesa. Quer saber como o jantar influencia sobre essa questão? Saiba mais agora:

Jantar ou não?

Certamente você já ouviu a famigerada frase “tome café da manhã como um rei, almoce como um príncipe e jante como um plebeu”. É fato que o desjejum é considerado, inclusive por médicos, uma das refeições mais importantes do dia. Porém, seria esse um indício de que estamos mais propensos a engordar durante o jantar? Muitos acreditam que o grande culpado é o metabolismo que, durante o sono, tende a diminuir o ritmo. Porém, isso é o suficiente para condenar a refeição noturna?

Conforme explica a nutricionista Sinara Menezes, embora isso realmente aconteça, não é o ponto mais relevante quando se trata do ganho de peso “Até mesmo porque o corpo continua queimando energia para manter a respiração, o batimento cardíaco, a secreção de hormônios e centenas de outras atividades durante o sono. O problema está mais relacionado à qualidade do sono e, principalmente, ao balanço energético, que é a soma de tudo que foi consumido no dia menos o que foi gasto no mesmo período”.

De acordo com a profissional da Nature Center, devemos considerar a alimentação ao longo do dia como uma poupança “Se começamos o dia, por exemplo, com um saldo zerado, mas com o passar das horas depositamos mil e posteriormente gastamos apenas 800, ao final ficamos com uma poupança de 200. Não importa se esse “depósito” foi feito pela manhã, à tarde ou à noite. No organismo, funciona dessa forma, se não “gastamos” o saldo de 24 horas, acabamos com um depósito energético, principalmente em forma de gordura”.

Sono x Peso

Embora a ciência não tenha uma resposta conclusiva sobre a relação peso e sono, algumas fatos são unanimidade entre os profissionais: a qualidade e quantidade da alimentação antes de dormir. Estudos têm apontado que os níveis de melatonina, também conhecido como hormônio do sono, tem relação significante com o balanço energético. Curiosamente, seu pico de liberação só ocorre durante a noite, quando estamos em repouso absoluto.

Pesquisas evidenciaram que quando a melatonina encontra-se em baixa no organismo existe uma predisposição a comer mais, fora de hora e ainda armazenar mais gordura do que o normal. Coincidentemente, o período no qual o corpo baixa, naturalmente, a produção do hormônio é precisamente durante o dia, quando comemos mais e “estocamos” energia. E o que isso tem a ver com o jantar?

O principal estímulo para a produção desse hormônio é a escuridão natural, ou seja, o “cair da noite”. Ao final do dia o corpo passa a produzir melatonina, alcançando seu pico de secreção no meio da madrugada. Refeições exageradas ou muito próximas da hora de dormir podem atrapalhar o sono, provocando o despertar do individuo ao longo da noite e, consequente, afetando a atividade do hormônio. Para se ter uma ideia da sensibilidade desse processo, até mesmo a luz da tv ou do celular pode prejudicar esse ciclo. Isso sem contar que uma noite mal dormida pode gerar o desequilíbrio de outros hormônios que, igualmente, podem afetar o peso, como é o caso do hormônio do crescimento (gH) e da leptina, o hormônio da saciedade.

Portanto, conforme explica Menezes “um prato com uma quantidade x de calorias terá o mesmo valor energético no almoço ou no jantar, a diferença é o quanto esses alimentos vão impactar no sono e, principalmente, qual a qualidade dessa refeição. Dependendo dos alimentos ingeridos, o processo de emagrecimento pode ser sabotado ou beneficiado”.

Carboidrato à noite, pode?

Nesse momento, entra em questão outro grande mito do emagrecimento: “comer carboidrato a noite engorda”. Esse conceito é tão difundido que não é difícil ver pessoas recusando qualquer lanchinho após as 18h por medo de que o alimento consumido vai se tornar, imediatamente, uma gordurinha localizada. Porém, conforme explica Sinara “É preciso entender que nosso organismo não funciona de forma tão cronometrada: os carboidratos são tão importantes à noite quanto pela manhã. A diferença é que, como a maioria das pessoas costuma diminuir o nível de atividade ao fim do dia, deve-se também diminuir a quantidade desses alimentos no prato, principalmente perto da hora de dormir. Ainda assim, a forma como eles vão compor o cardápio depende do estilo de vida de cada indivíduo”.

A profissional pontua que pessoas que treinam a noite, por exemplo, podem precisar de porções iguais ou até maiores do que as consumidas durante o almoço, pois demandam mais energia neste momento do dia. “Para qualquer pessoa, o grande segredo é o equilíbrio e a qualidade desses carboidratos. Se eles forem bem distribuídos ao longo do dia e, principalmente, forem consumidos através de fontes saudáveis como, legumes, verduras, grãos e cereais integrais, certamente darão energia e, até mesmo, beneficiarão a boa forma. Agora, se grande parte da alimentação for composta por carboidratos refinados como massas brancas, farináceos, doces e produtos industrializados, certamente haverá o ganho de peso, não importa se eles foram consumidos às 8 da manhã ou da noite”.

Ajustando os ponteiros

Se, basicamente, não existe diferença na quantidade de calorias consumidas de dia ou de noite o mesmo valeria para o tipo de alimento? Quando se trata de nutrientes, não! Se o plano for eliminar os quilinhos a mais, alguns podem ser mais benéficos em determinados horário do dia. Da mesma forma, algumas substâncias podem não ser tão bem vindas quando se aproxima a hora de ir pra cama. Porém, com uma combinação estratégica é possível aproveitar o melhor de cada alimento, regular o sono e ainda destravar o metabolismo. Veja quais nutrientes são mais adequados no almoço e no jantar:

Para o dia

Reserve este período para potencializar o metabolismo e o gasto de energia. Aposte nos alimentos e chás termogênicos. “Substâncias ricas em cafeína, além de melhorarem a disposição e estado de atenção, aumentam o gasto calórico. Por isso, um cafezinho é a melhor maneira de começar o dia, além de ser estimulante, também contribui para o raciocínio.” Mas isso não é tudo: “o potássio é fundamental para manter os níveis de glicose estáveis, ajudando no aproveitamento da energia. Justamente por isso, frutas como a banana são indispensáveis tanto no café da manhã como nos lanches intermediários, assim como os legumes, vegetais e hortaliças. Estes carboidratos complexos são ricos em diversas vitaminas e fibras, que, por sua vez, propiciam maior saciedade e uma digestão mais tranquila”. Porém, com uma ressalva: “Para obter as fibras, deve-se consumi-los, sempre que possível, com cascas, folhas e talos”.

Para a noite

Aquela sensação reconfortante ao tomar um copo de leite quente antes de dormir não é mera impressão: fontes de triptofano, leite e derivados realmente ajudam o corpo relaxar. Isso porque, assim como a serotonina, este aminoácido auxilia na secreção da melatonina, o tal hormônio do sono. Porém, para aqueles que não toleram bem alimentos lácteos a dica é apostar num cardápio rico em vitaminas do complexo B, em especial a Niacina (B3), a Piridoxina (B6) e a Cobalamina (B12) – todas precursoras dos neurotransmissores responsáveis por uma boa noite de sono.

Com exceção da vitamina B12, cujas fontes estão majoritariamente em proteínas animais (carnes, ovos, leite e derivados), os demais nutrientes podem ser obtidos a partir de fontes vegetais como a banana, o abacate, a aveia, o gérmen de trigo e oleaginosas como nozes e amendoim. E quando se trata da perda de peso vale apostar no Cromo, um mineral que ajuda a controlar aquela vontade de comer carboidratos, especialmente doces, a principal tentação após o jantar. Onde encontrá-lo? Cereais integrais, na maçã, nos brócolis e, até mesmo no vinho, que também pode ajudar a relaxar após um dia cheio de trabalho (obviamente, com moderação para não sabotar o sono e a dieta).

Para finalizar a nutricionista ressalta que é importante não fazer refeições pesadas durante a noite, bem como não consumir nada estimulante depois das 16h. Além disso, não adianta pular todas as refeições e atacar um prato generoso ao final do dia “Quando ficamos muito tempo sem comer, nosso metabolismo desacelera, pois entende que está passando por uma “privação”, assim ele passa a armazenar mais do que gastar”. No final, colocando “na balança” o que vale mesmo é o equilíbrio: com as escolhas certas, é possível jantar sem medo e sem afetar a boa forma.





Fonte: Nature Center




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