Quem
luta contra a balança com certeza já ouviu centenas de “regras” na hora de
montar o cardápio. “Comer a cada 3 horas, apostar nas saladas, reduzir a
ingestão de doces”... Estes são apenas alguns dos mandamentos que norteiam o
emagrecimento. Porém, é comum que muitas pessoas, mesmo fazendo dieta ao longo
do dia, não resistam e acabem “escorregando” na refeição noturna. Seria este,
portanto, o motivo dos quilinhos a mais? Uma refeição farta no final do dia tem
mais chances de acabar se transformando na temida barriguinha do que um almoço
generoso? No meio de tanta informação, é realmente difícil identificar
quais alimentos são mais adequados para momentos específicos do dia. Porém, com
o auxilio dos nutrientes certos na hora adequada é possível beneficiar a perda
de peso sem comprometer o prazer à mesa. Quer saber como o jantar influencia
sobre essa questão? Saiba mais agora:
Jantar ou não?
Certamente
você já ouviu a famigerada frase “tome café da manhã como um rei, almoce como
um príncipe e jante como um plebeu”. É fato que o desjejum é considerado,
inclusive por médicos, uma das refeições mais importantes do dia. Porém, seria
esse um indício de que estamos mais propensos a engordar durante o jantar?
Muitos acreditam que o grande culpado é o metabolismo que, durante o sono,
tende a diminuir o ritmo. Porém, isso é o suficiente para condenar a refeição
noturna?
Conforme
explica a nutricionista Sinara Menezes, embora isso realmente aconteça, não é o
ponto mais relevante quando se trata do ganho de peso “Até mesmo porque o corpo
continua queimando energia para manter a respiração, o batimento cardíaco, a
secreção de hormônios e centenas de outras atividades durante o sono. O
problema está mais relacionado à qualidade do sono e, principalmente, ao
balanço energético, que é a soma de tudo que foi consumido no dia menos o que
foi gasto no mesmo período”.
De
acordo com a profissional da Nature
Center, devemos considerar a alimentação ao longo do dia como uma poupança
“Se começamos o dia, por exemplo, com um saldo zerado, mas com o passar das
horas depositamos mil e posteriormente gastamos apenas 800, ao final ficamos
com uma poupança de 200. Não importa se esse “depósito” foi feito pela manhã, à
tarde ou à noite. No organismo, funciona dessa forma, se não “gastamos” o saldo
de 24 horas, acabamos com um depósito energético, principalmente em forma de
gordura”.
Sono x Peso
Embora
a ciência não tenha uma resposta conclusiva sobre a relação peso e sono,
algumas fatos são unanimidade entre os profissionais: a qualidade e quantidade
da alimentação antes de dormir. Estudos têm apontado que os níveis de
melatonina, também conhecido como hormônio do sono, tem relação significante
com o balanço energético. Curiosamente, seu pico de liberação só ocorre durante
a noite, quando estamos em repouso absoluto.
Pesquisas
evidenciaram que quando a melatonina encontra-se em baixa no organismo existe
uma predisposição a comer mais, fora de hora e ainda armazenar mais gordura do
que o normal. Coincidentemente, o período no qual o corpo baixa, naturalmente,
a produção do hormônio é precisamente durante o dia, quando comemos mais e
“estocamos” energia. E o que isso tem a ver com o jantar?
O
principal estímulo para a produção desse hormônio é a escuridão natural, ou
seja, o “cair da noite”. Ao final do dia o corpo passa a produzir melatonina,
alcançando seu pico de secreção no meio da madrugada. Refeições exageradas ou
muito próximas da hora de dormir podem atrapalhar o sono, provocando o
despertar do individuo ao longo da noite e, consequente, afetando a atividade
do hormônio. Para se ter uma ideia da sensibilidade desse processo, até mesmo a
luz da tv ou do celular pode prejudicar esse ciclo. Isso sem contar que uma
noite mal dormida pode gerar o desequilíbrio de outros hormônios que,
igualmente, podem afetar o peso, como é o caso do hormônio do crescimento (gH)
e da leptina, o hormônio da saciedade.
Portanto,
conforme explica Menezes “um prato com uma quantidade x de calorias terá o
mesmo valor energético no almoço ou no jantar, a diferença é o quanto esses
alimentos vão impactar no sono e, principalmente, qual a qualidade dessa
refeição. Dependendo dos alimentos ingeridos, o processo de emagrecimento pode
ser sabotado ou beneficiado”.
Carboidrato à noite, pode?
Nesse
momento, entra em questão outro grande mito do emagrecimento: “comer
carboidrato a noite engorda”. Esse conceito é tão difundido que não é difícil
ver pessoas recusando qualquer lanchinho após as 18h por medo de que o alimento
consumido vai se tornar, imediatamente, uma gordurinha localizada. Porém,
conforme explica Sinara “É preciso entender que nosso organismo não funciona de
forma tão cronometrada: os carboidratos são tão importantes à noite quanto pela
manhã. A diferença é que, como a maioria das pessoas costuma diminuir o nível
de atividade ao fim do dia, deve-se também diminuir a quantidade desses
alimentos no prato, principalmente perto da hora de dormir. Ainda assim, a
forma como eles vão compor o cardápio depende do estilo de vida de cada indivíduo”.
A
profissional pontua que pessoas que treinam a noite, por exemplo, podem
precisar de porções iguais ou até maiores do que as consumidas durante o
almoço, pois demandam mais energia neste momento do dia. “Para qualquer pessoa,
o grande segredo é o equilíbrio e a qualidade desses carboidratos. Se eles
forem bem distribuídos ao longo do dia e, principalmente, forem consumidos
através de fontes saudáveis como, legumes, verduras, grãos e cereais integrais,
certamente darão energia e, até mesmo, beneficiarão a boa forma. Agora, se
grande parte da alimentação for composta por carboidratos refinados como massas
brancas, farináceos, doces e produtos industrializados, certamente haverá o
ganho de peso, não importa se eles foram consumidos às 8 da manhã ou da noite”.
Ajustando os ponteiros
Se,
basicamente, não existe diferença na quantidade de calorias consumidas de dia
ou de noite o mesmo valeria para o tipo de alimento? Quando se trata de
nutrientes, não! Se o plano for eliminar os quilinhos a mais, alguns podem ser
mais benéficos em determinados horário do dia. Da mesma forma, algumas
substâncias podem não ser tão bem vindas quando se aproxima a hora de ir pra
cama. Porém, com uma combinação estratégica é possível aproveitar o melhor de
cada alimento, regular o sono e ainda destravar o metabolismo. Veja quais
nutrientes são mais adequados no almoço e no jantar:
Para o dia
Reserve
este período para potencializar o metabolismo e o gasto de energia. Aposte nos
alimentos e chás termogênicos. “Substâncias ricas em cafeína, além de
melhorarem a disposição e estado de atenção, aumentam o gasto calórico. Por isso,
um cafezinho é a melhor maneira de começar o dia, além de ser estimulante,
também contribui para o raciocínio.” Mas isso não é tudo: “o potássio é
fundamental para manter os níveis de glicose estáveis, ajudando no
aproveitamento da energia. Justamente por isso, frutas como a banana são
indispensáveis tanto no café da manhã como nos lanches intermediários, assim
como os legumes, vegetais e hortaliças. Estes carboidratos complexos são ricos
em diversas vitaminas e fibras, que, por sua vez, propiciam maior saciedade e
uma digestão mais tranquila”. Porém, com uma ressalva: “Para obter as fibras,
deve-se consumi-los, sempre que possível, com cascas, folhas e talos”.
Para a noite
Aquela
sensação reconfortante ao tomar um copo de leite quente antes de dormir não é
mera impressão: fontes de triptofano, leite e derivados realmente ajudam o
corpo relaxar. Isso porque, assim como a serotonina, este aminoácido auxilia na
secreção da melatonina, o tal hormônio do sono. Porém, para aqueles que não
toleram bem alimentos lácteos a dica é apostar num cardápio rico em vitaminas
do complexo B, em especial a Niacina (B3), a Piridoxina (B6) e a Cobalamina (B12)
– todas precursoras dos neurotransmissores responsáveis por uma boa noite de
sono.
Com
exceção da vitamina B12, cujas fontes estão majoritariamente em proteínas
animais (carnes, ovos, leite e derivados), os demais nutrientes podem ser
obtidos a partir de fontes vegetais como a banana, o abacate, a aveia, o gérmen
de trigo e oleaginosas como nozes e amendoim. E quando se trata da perda de
peso vale apostar no Cromo, um mineral que ajuda a controlar aquela vontade de
comer carboidratos, especialmente doces, a principal tentação após o jantar.
Onde encontrá-lo? Cereais integrais, na maçã, nos brócolis e, até mesmo no
vinho, que também pode ajudar a relaxar após um dia cheio de trabalho
(obviamente, com moderação para não sabotar o sono e a dieta).
Para
finalizar a nutricionista ressalta que é importante não fazer refeições pesadas
durante a noite, bem como não consumir nada estimulante depois das 16h. Além
disso, não adianta pular todas as refeições e atacar um prato generoso ao final
do dia “Quando ficamos muito tempo sem comer, nosso metabolismo desacelera,
pois entende que está passando por uma “privação”, assim ele passa a armazenar
mais do que gastar”. No final, colocando “na balança” o que vale mesmo é o
equilíbrio: com as escolhas certas, é possível jantar sem medo e sem afetar a
boa forma.
Fonte: Nature Center
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