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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Homens também podem ter câncer de mama



Câncer de mama só atinge as mulheres, certo? Errado! Apesar de não ser um tema muito discutido, os tumores mamários também podem aparecer nos homens.

Apenas 1% do total de casos de tumores de mama acomete homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer. Enquanto 14 mil mulheres brasileiras morrem por ano dessa doença, menos de 200 homens sofrem com o mesmo destino.

Ainda assim, o problema merece atenção e não deve ser negligenciado. Atualmente, os tumores mamários em homens são associados a uma maior mortalidade proporcional do que os femininos. Isso se dá graças ao diagnóstico tardio, já que os homens não fazem exames nem se preocupam com a enfermidade. O tumor é flagrado em estágio avançado, na maioria das vezes.

A médica patologista Cristiane Nimir, especialista em mama e integrante do núcleo de mastologia do hospital Sírio-Libanês, tira as principais dúvidas sobre o assunto:

Casos de câncer de mama nos homens têm aumentado?
A quantidade de casos que nós tínhamos antes era bem menor do que a de hoje. A idade dos pacientes também mudou. Eram homens mais velhos e agora a idade vem diminuindo. Antes, os casos aconteciam, principalmente, por alteração genética.

Atualmente, com o uso contínuo de hormônios e esteroides nas academias, isso acaba também favorecendo o aparecimento em pacientes que já teriam uma predisposição ao câncer. Os hormônios fazem a mama desenvolver e o câncer acaba aparecendo. Algumas medicações antidepressivas podem ter como efeito colateral desenvolver o broto mamário (caroço), mas não necessariamente é câncer.

O que dificulta o diagnóstico?
Do ponto de vista de prevenção, manter um bom peso e fazer exercícios regularmente é sempre a melhor opção. Uma coisa que dificulta a informação e a divulgação sobre a existência do tumor mamário masculino é o preconceito mesmo. O homem acha muito que a questão da mama está relacionada à masculinidade. Geralmente, mesmo percebendo que tem algo errado, o paciente não procura o mastologista por acreditar que é um "médico de mulher", aí o diagnóstico acaba sendo mais tardio. Está melhorando, eles estão começando a achar mais tranquilo procurar um especialista.

O histórico familiar interfere na ocorrência dos casos?
Ficar de olho no histórico familiar é essencial. Ter muitos parentes com câncer pode representar um fator de risco para o desenvolvimento da doença. Se existe histórico de câncer de mama na família, independente de ser em homens ou mulheres, em pacientes abaixo de 45 anos, é bom ficar atento. A síndrome do câncer de mama hereditário não acomete só mulheres, afeta indivíduos da mesma família.

Existe uma forma de prevenir a doença?
Uma das primeiras coisas essenciais tanto para o homem, quanto para a mulher é conhecer o seu corpo. Ninguém melhor que você para saber tocar o seu corpo, pois a qualquer mudança, qualquer alteração, é aconselhável que se procure um mastologista. Nós, mulheres, temos a glândula mamaria que dificulta a percepção. No homem, é mais fácil. Qualquer sinal estranho, carocinho, textura diferente da pele, algum líquido que está saindo, é muito melhor correr e procurar um mastologista do que ter vergonha. Alteração na mama não está relacionada com a masculinidade.

Uma vez diagnosticado, como é o tratamento do câncer mamário no homem?
O tratamento é exatamente igual ao da mulher. A cirurgia é menos mutiladora, pois a mama masculina é muito pequena. Cada caso é um caso, mas retirar a mama (mastectomia) geralmente está envolvido. Quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia, depende do tipo do tumor, se é menos ou mais agressivo.

Quais são as novidades para o tratamento?
Nos dias de hoje, para tratar o câncer de mama tanto feminino quanto masculino, nós temos exames de estudos genéticos do tumor, que nos dizem informações importantes sobre a biologia do tumor. Contam se são mais ou menos agressivos, assim dá pra saber se o paciente precisa mesmo de quimioterapia ou se não.

Conhecendo o tumor podemos passar uma medicação muito menos agressiva e que vai fazer efeito, dependendo do tipo de câncer. Muitos pensam que tais exames são algo muito distantes e não são. São testes com valores acessíveis, feitos no Brasil. É importante conversar com o médico a respeito disso para ter um tratamento mais específico.




Cristine da Costa Bandeira Abrahão Nimir - Especialista em patologia mamária. Integrada ao Grupo de Mastologia do hospital Sírio Libanês e do Centro de Oncologia do Hospital São José. Patologista da Sociedade Brasileira de Mastologia. Exposta a uma amostra com cerca de 3000 casos de patologia mamária por ano. Tornou-se referência nacional em patologia mamária. Autora e co-autora de diversos capítulos de livros, inclusive na enciclopédia adotada como referência na área na América Latina.


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