O compartilhamento de dados entre autoridades
fiscais de diversos países deve estimular a adesão do contribuinte
Para
Fernando Ayres, advogado tributarista e sócio do escritório Souto Correa,
trata-se de uma legislação inédita no Brasil, que afasta a responsabilização
penal de quem possui recursos não declarados ou declarados de forma incorreta
fora do país. “O conceito já foi aplicado em outros países com bastante sucesso
e pode ser uma boa opção para o contribuinte regularizar a sua situação”,
afirma.
De 4 de
abril até 31 de outubro de 2016, residentes ou domiciliados no Brasil em 31 de
dezembro de 2014 que tenham sido ou sejam proprietários de recursos, bens ou
direitos de origem lícita fora do país, até então não declarados ou declarados
de forma incorreta à Receita Federal, poderão regularizá-los. Os valores
estarão sujeitos ao pagamento do Imposto de Renda (15%), além de multa de 100%
do imposto incidente sobre o valor declarado, totalizando 30%.
Com a
medida, conhecida como Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária
(RERCT), instituído pela Lei nº 13.254 - conhecida como “Lei da Repatriação”, o
governo federal espera arrecadar R$ 21 bilhões este ano. Outros países, como a Itália, já aderiram à repatriação
anteriormente, chegando a arrecadar mais de US$ 100 bilhões.
Fernando
atenta para o fato de que instituições internacionais, como a Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), contam cada vez mais com
mecanismos que facilitam a troca de informações entre o fisco dos países.
“Programas como o plano de ação BEPS (Base Erosion and Profit Shifting Action
Plan) da OCDE e o FATCA (Foreign Account Tax Compliance Act), regime de prestação
de informações para entidades dos Estados Unidos, do qual o Brasil é signatário
desde 2014, aumentarão a exposição de quem mantém recursos não declarados no
Exterior.
Caso tais
recursos sejam identificados por autoridades fiscais ou cambiais, há risco de
enquadramento em crimes contra a ordem tributária ou de evasão de divisas. Esse
é um incentivo para as pessoas aderirem ao regime”, explica o tributarista. Nos
próximos anos, a previsão é de que mais de 100 países participem de acordos que
envolvam a troca de informações financeiras internacionais, prevê.
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