Nesta segunda-feira, 27 de julho, o Brasil
celebra o Dia Nacional de Prevenção dos Acidentes de Trabalho. Segundo o
MPT (Ministério Público do Trabalho), a região Sudeste apresenta 90% dos
casos no país, porém apenas 50% são devidamente registrados pelas empresas/funcionários,
através da abertura da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), o que
pode agravar ainda mais a situação.
Para a engenheira de segurança do trabalho e
especialista em riscos industriais, Marcia Ramazzini, a data deve ser um
marco com o objetivo de conscientizar sobre a prevenção e gravidade das
ocorrências. “Os programas comportamentais desenvolvidos pelas empresas
devem começar da alta direção até o chão de fábrica. Se não houver
comprometimento, não há resultados”, alerta.
Ainda segundo a engenheira, além das empresas e
dos funcionários, o governo e sociedade devem trabalhar em conjunto. “A
redução de acidentes só ocorre com a realização de um trabalho entre todos
os setores. Cada um deve fazer a sua parte e cumprir corretamente o seu
papel”.
Marcia Ramazzini também destaca que as empresas
“devem cumprir e fazer cumprir a legislação vigente”. “O governo deve
fiscalizar e criar leis e campanhas de conscientização. Já os funcionários
devem cumprir as regras visto que são os maiores beneficiados e por fim, a
sociedade deve se conscientizar e fiscalizar os órgãos governamentais”,
enfatiza.
A construção civil é o setor com maior índice
de acidentes. No ranking de lesões, as quedas e ferimentos nos membros
superiores (mãos) são os mais frequentes entre os trabalhadores. Já nos
casos de óbitos, os registros mostram quedas de grandes alturas e
eletricidade como principais motivos.
Caracterizados em dois tipos, atos inseguros -
causados por ações inadequadas do próprio funcionário ou condições inseguras
- quando ocorre por falta de segurança apropriada no local, geralmente, o
acidente acontece em atos rápidos que são realizados cotidianamente.
“Acidente é um evento indesejável. Todos acham que nunca irá acontecer.
Mas, as lesões podem ou não causar afastamento. Isso se faz conforme a
criticidade da ocorrência”.
Além dos danos ligados diretamente ao trabalho,
estas ocorrências podem causar complicações na vida pessoal do colaborador.
“Quando o funcionário fica afastado, ele não recebe o salário integral e
isso causa uma redução do poder aquisitivo familiar, desgaste nas idas ao
médico e realização de exames e danos emocionais”, ressalta a engenheira.
Como proceder
Em caso de acidente no trabalho, o local deve
ser isolado, o funcionário deve ser encaminhado para o ambulatório da
empresa para primeiros socorros e, se necessário, ser levado imediatamente
para hospital mais próximo.
Após o acidente, exame médico e perícia, caso
seja constatada a necessidade de afastamento, os 30 primeiros dias serão
custeados pela empresa e os demais pela Previdência Social, por meio do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). “Após retornar ao trabalho, o
funcionário terá um ano de estabilidade”.
Vale ressaltar que o funcionário que sofre uma
lesão pode ser transferido para outra atividade durante o período de
recuperação. Desta forma, ele permanece na empresa evitando que fique em
casa exposto a outras ações de risco.
Como surgiu a data
O Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes de
Trabalho foi criado em 1972, pelo ministro Júlio Barata. Neste período o
Banco Mundial estava ameaçando cortar empréstimos ao Brasil em virtude dos
altos índices de acidente de trabalho. “Após 43 anos continuamos com altos
índices de acidentes. O nosso país ocupa o 4º lugar a nível mundial levando-nos
a seguinte questão: Porque a prevenção não faz parte do nosso cotidiano?
Por que não é prioridade? Evoluímos em muitos aspectos, porém, falta muito
para alcançarmos índices satisfatórios”, finaliza Marcia Ramazzini.
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