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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Pesquisadores desenvolvem composto químico com potencial contra doença de Alzheimer



  

"O composto que desenvolvemos tem um custo baixíssimo em comparação com
os medicamentos disponíveis. Portanto,  mesmo que funcione apenas para uma parte da
 população,  pois a doença de Alzheimer tem causa multifatorial, já representaria um
 avanço imenso frente às opções atuais", diz Giselle Cerchiaro, coordenadora do estudo
 (imagem: ACS Chemical Neuroscience)

Substância foi testada em ratos por grupo da UFABC e obteve resultados positivos; grupo busca agora parceria com empresas farmacêuticas para a realização de ensaios clínicos

 

 Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC) desenvolveu um novo composto químico com potencial para o tratamento da doença de Alzheimer. A pesquisa, que envolveu simulações computacionais (in silico), testes de cultura celular (in vitro) e experimentos em animais (in vivo), obteve resultados promissores. O grupo busca agora uma parceria com empresas farmacêuticas para a realização de ensaios clínicos.

Os novos compostos, desenvolvidos com o apoio da FAPESP, têm síntese simples e acredita-se que atuem degradando as placas beta-amiloides que se acumulam no cérebro de pessoas com Alzheimer. Essas placas são formadas por fragmentos de peptídeo amiloide que se depositam entre os neurônios causando inflamação e interrompendo a comunicação neural.

De acordo com o estudo publicado na revista ACS Chemical Neuroscience, o diferencial dos compostos está em atuarem como um quelante de cobre, ou seja, uma molécula capaz de se ligar ao elemento metálico presente em excesso nas placas de beta-amiloide, promovendo sua degradação e, com isso, reduzindo os sintomas da doença. Nos testes realizados em ratos, o composto químico minimizou a perda da memória, a dificuldade de noção espacial e de aprendizado dos roedores, além de bioquimicamente haver uma reversão no padrão das placas beta-amiloide.

“Há cerca de uma década, estudos internacionais começaram a apontar a influência dos íons de cobre como um agregador das placas de beta-amiloide. Descobriu-se que mutações genéticas e alterações em enzimas que atuam no transporte do cobre nas células poderiam levar ao acúmulo de elemento no cérebro, favorecendo a agregação dessas placas. Dessa forma, a regulação da homeostase [equilíbrio] do cobre tem se tornado um dos focos para o tratamento do Alzheimer”, explica Giselle Cerchiaro, professora do Centro de Ciências Naturais e Humanas da UFABC, que coordenou o estudo.

Com base nesse conhecimento, o grupo de pesquisadores sintetizou uma série de moléculas capazes de atravessar a barreira hematoencefálica (que protege o cérebro) e remover o cobre das placas beta-amiloides. Das dez moléculas desenvolvidas no estudo, três foram selecionadas para testes em ratos com Alzheimer induzido, sendo que uma delas se destacou por sua eficácia e segurança.

O trabalho foi o objeto da tese de doutorado da bolsista da FAPESP Mariana Camargo, da dissertação de mestrado de Giovana Bertazzo e de iniciação científica de Augusto Farias. O projeto de pesquisa também contou com a colaboração do grupo de pesquisa liderado por Kleber Thiago de Oliveira, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), na síntese de um dos compostos estudados.

Nos testes com ratos, o composto reduziu a neuroinflamação, o estresse oxidativo e restaurou o equilíbrio de cobre no hipocampo – região cerebral associada à memória. Os animais tratados com a substância também apresentaram melhor orientação espacial.

Além dos resultados comportamentais, os testes mostraram que o composto não foi tóxico em culturas de células do hipocampo nem nos animais, cujos sinais vitais foram monitorados ao longo do experimento. Simulações computacionais confirmaram a capacidade do composto de atravessar a barreira hematoencefálica e atuar diretamente nas áreas afetadas.

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa complexa e multifatorial que ainda não tem cura ou causa definida. Apesar de sua alta prevalência – estima-se que 50 milhões de pessoas convivam com a doença em todo o mundo –, as opções terapêuticas ainda são limitadas, oferecem apenas alívio dos sintomas ou consistem em medicamentos complexos como anticorpos monoclonais.

O estudo da UFABC gerou um pedido de patente e agora os pesquisadores buscam parcerias com empresas para iniciar os testes clínicos em humanos. “É uma molécula extremamente simples, segura e eficaz. O composto que desenvolvemos tem um custo baixíssimo em comparação com os medicamentos disponíveis. Portanto, mesmo que funcione apenas para uma parte da população, pois a doença de Alzheimer tem causa multifatorial, já representaria um avanço imenso frente às opções atuais", comemora Cerchiaro.

O artigo Novel copper chelators enhance spatial memory and biochemical outcomes in Alzheimer’s disease model pode ser lido em: pubs.acs.org/doi/10.1021/acschemneuro.5c00291.
  
 


Maria Fernanda Ziegler

Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/pesquisadores-desenvolvem-composto-quimico-com-potencial-contra-doenca-de-alzheimer/56382


Corte de 10 % dos voos nos EUA por paralisação do governo: o que passageiros devem saber

Com a medida anunciada, viajantes entre Brasil e EUA podem enfrentar cancelamentos ou remarcações. Especialistas orientam sobre direitos e cuidados que brasileiros precisam ter 

 

A mais longa paralisação da máquina pública dos Estados Unidos gerou uma medida inédita: a Federal Aviation Administration (FAA) ordenou que companhias aéreas reduzam em até 10 % a capacidade de voos em 40 dos principais aeroportos do país, como os de Nova York, Los Angeles e Chicago.

Para quem comprou passagem para os EUA ou está com viagem marcada, Marco Antonio Araujo Jr., advogado e presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB, explica: “Quando há cancelamento por ação da empresa ou por determinação regulatória, o passageiro tem direito ao reembolso integral ou à alternativa equivalente. Ele não pode ser forçado a aceitar apenas remarcação ou voucher”, destaca Marco Antonio.

Entre os principais cuidados a serem adotados pelos consumidores, diz o especialista, é manter atenção às comunicações oficiais da companhia aérea. “Verifique se houve avisos oficiais da companhia aérea ou órgão regulador e guarde e-mails e notificações.” Caso o passageiro receba alteração significativa no horário ou cancelamento, ele lembra que não é obrigado a aceitar remarcação. “Se o horário for alterado de forma significativa ou o voo cancelado, o consumidor pode optar por não viajar e exigir a devolução em dinheiro”, afirma Marco Antonio.

Outro ponto importante é confirmar os custos adicionais decorrentes de correção da viagem, como hospedagem, passeios, conexão. “Em cenário internacional, prejuízos colaterais podem ensejar pleito de indenização por dano material ou moral”, acrescenta Marco Antonio.

O presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB diz ainda que é importante considerar que certas vias de reembolso ou suporte internacional têm prazos mais longos e burocracia maior. “Por isso, agir com antecedência e documentar a situação ajuda a evitar perdas maiores”.

O especialista ressalta que a origem do problema não afeta os direitos do passageiro: “Não importa se o cancelamento decorreu de paralisação, controle de tráfego ou ato da companhia: o direito ao reembolso ou alternativa aplicável permanece”, avalia Marco Antonio.

De acordo com Rodrigo Alvim, advogado atuante na defesa dos Direitos do Passageiro Aéreo, o principal impacto na aviação decorre da escassez de profissionais qualificado para manter a segurança e a fluidez do tráfego aéreo. “Em relação ao que fazer, em qualquer problema dessa natureza, o passageiro deverá produzir o máximo de provas que puder, guardando documentos. Isso inclui comprovação de voo atrasado ou cancelado por falta de pessoal do aeroporto”, explica.

Ainda segundo o especialista, o passageiro poderá exigir da companhia aérea a reacomodação no primeiro voo disponível e assistência material enquanto o passageiro estiver impossibilitado de voar.

Enquanto a paralisação persistir e com previsão de mais cortes ou ajustes nos voos, Marco Antonio orienta: “Fique atento aos comunicados da companhia aérea, baixe o app da mesma, verifique status regularmente, especialmente para quem vai viajar nos próximos dias”, finaliza o presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB.

 

Fonte:

Marco Antonio Araujo Jr - advogado e presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB


ENEM 2025: confira o checklist do que fazer (e o que evitar) na véspera da prova

Às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que mobiliza milhões de estudantes em todo o país, é comum que sempre surjam as mesmas dúvidas: revisar ou descansar? O que levar no dia da prova? O que é proibido? Para ajudar nessas e outras questões, a Inspira Rede de Educadores reuniu as principais orientações práticas em uma checklist para a reta final. Confira:

 

No dia anterior

  • Revise apenas pontos-chave, como fórmulas, resumos ou mapas mentais.
  • Evite temas novos ou resolução de questões complexas, que podem aumentar o estresse.
  • Durma bem: o descanso é essencial para consolidar memórias e garantir atenção.
  • Prepare tudo à noite: deixe documentos, canetas, roupa, água e lanche já separados.
  • Alimente-se com equilíbrio: refeições leves, sem excessos ou alimentos muito gordurosos.

“O dia anterior deve ser de desaceleração. Não é hora de aprender nada novo, mas de reforçar a confiança e o foco. O cérebro precisa estar descansado para funcionar bem. Boas horas de sono e uma alimentação adequada farão mais diferença do que qualquer estudo de última hora”, orienta Helton Moreira, Diretor de Performance Acadêmica da Inspira Rede de Educadores. “O ENEM é uma maratona intelectual e emocional. E, como em toda maratona, o preparo é longo, mas o descanso antes da largada é fundamental. Agora é o momento de respirar e acreditar em tudo o que aprendeu”, complementa.
 

No dia da prova

  • Planeje o trajeto até o local da prova previamente, considerando um maior tempo de deslocamento.
  • Chegue com antecedência – os portões são fechados às 13h em ponto (horário de Brasília).
  • Use roupas confortáveis e adequadas à previsão do tempo - cheque se fará frio ou calor para não passar nenhuma necessidade.


O que levar

  • Documento de identificação oficial com foto (RG, CNH, passaporte ou versão digital válida);
  • Caneta esferográfica preta com corpo transparente (leve pelo menos duas);
  • Garrafa de água transparente e sem rótulo;
  • Lanches leves, como barras de cereal, frutas, biscoitos simples ou sanduíches naturais.


Cuidados e itens proibidos

Os participantes não podem:

  • Usar acessórios como óculos escuros, boné, chapéu, viseira, gorro ou similares.
  • Utilizar caneta de material não transparente, lápis, lapiseira, borracha, régua, corretivo ou outros itens de escrita.
  • Levar livros, manuais, impressos, anotações ou folhas soltas.
  • Usar protetor auricular.
  • Usar relógios de qualquer tipo ou dispositivos eletrônicos, como garrafas/copos digitais, cigarros eletrônicos, celulares, smartphones, tablets, calculadoras, agendas eletrônicas, gravadores, pendrives, alarmes, chaves com alarme, fones de ouvido, transmissores, receptores ou similares.
  • Deixar aparelhos eletrônicos ligados — todos devem permanecer desligados, guardados debaixo da carteira, no envelope porta-objetos lacrado e identificado.


Durante a prova:

  • Comece pelas questões mais fáceis para ganhar ritmo e confiança.
  • Leia o tema da redação logo no início, mesmo que não comece por ela.
  • Hidrate-se e faça pequenas pausas mentais entre blocos de questões.
  • Evite comparar seu ritmo ao dos outros candidatos.
  • Revise o gabarito com calma antes de entregar.

“É o momento de aplicar tudo o que foi aprendido ao longo do ano. As estratégias, a gestão do tempo, o autocontrole, tudo isso conta. Manter a calma e confiar na própria preparação é o segredo para transformar o conhecimento em resultado,” conclui Helton Moreira.
 

Inspira Rede de Educadores


Tomografia computadorizada ajuda a desvendar segredos de dinossauro de 90 milhões de anos no Brasil

Amostra sendo digitalizada
Colaboração entre Museu Nacional/UFRJ, Clínica Advance e Siemens Healthineers possibilita estudo inédito de fóssil brasileiro e amplia conhecimento histórico 

  

Uma tecnologia usada todos os dias para salvar vidas em hospitais brasileiros agora também contribui para revelar a história dos dinossauros na Terra. Em uma iniciativa inédita, o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Clínica Advance do Rio de Janeiro e a Siemens Healthineers uniram esforços para estudar em profundidade o fóssil do Berthasaura leopoldinae, um pequeno dinossauro sem dentes do período Cretáceo encontrado no sul do Brasil. 

Incrustado por milhões de anos em rocha sedimentar, o frágil fóssil apresentava grandes desafios para seu estudo. Com o apoio da tomografia computadorizada de alta resolução da Siemens Healthineers, foi possível obter imagens detalhadas sem danificar a peça original. 

O projeto permitiu reconstruir digitalmente o esqueleto, produzir impressões 3D e descobrir detalhes anatômicos inéditos, como seu sistema de vértebras altamente pneumáticas, sua curiosa postura semelhante à das avestruzes atuais e a descoberta adicional de ossos de um pterossauro coexistente. 

A tomografia utilizada combina alta definição de imagem com recursos de inteligência artificial aplicados à aquisição e reconstrução e análise de imagens, permitindo observar estruturas extremamente delicadas em detalhes milimétricos. Essa precisão foi fundamental para analisar o fóssil de forma não invasiva, preservando sua integridade e possibilitando as descobertas que antes seriam inviáveis. 

“Este caso ilustra o potencial da tomografia computadorizada além da medicina, demonstrando como nossa tecnologia pode contribuir para a ciência básica, a educação e o patrimônio cultural”, enfatiza a Dra. Ana Carolina da Silva, PhD, Gerente de Colaboração Clínica para Tomografia Computadorizada na Siemens Healthineers na América Latina. 

O trabalho foi publicado anteriormente na prestigiosa revista Scientific Reports, e o modelo impresso em 3D do esqueleto faz hoje parte das exposições educativas do Museu Nacional (UFRJ). 



Siemens Healthineers
Mais informações estão disponíveis no SITE


O recado que o Brasil precisa dar ao mundo na COP 30

Pela primeira vez na história, uma capital de estado na Amazônia – Belém -, vai sediar uma edição da COP, a Conferência das Partes, reunindo os países signatários da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. 

A escolha do Pará como sede desse evento mundial para discutir questões relacionadas ao aquecimento global e às alterações climáticas é emblemática e se traduz em oportunidade única para o Brasil chamar a atenção do planeta para a necessidade de a preservação da floresta amazônica passar a ser encarada como uma obrigação mundial se, de fato, o objetivo for assegurar o bem-estar das futuras gerações. 

É o momento oportuno para mostrar – e comprovar – aos demais países que, ao contrário do senso comum, o Brasil tem feito um esforço enorme, a um custo gigantesco para a população amazônica, para manter a floresta em pé e assegurar a sobrevivência do maior banco genético do planeta (custo local). Mais do que cobrar o Brasil, a comunidade internacional precisa dividir a conta (responsabilidade global, custo global). 

A floresta amazônica está preservada em mais de 84%, mesmo depois da exploração (inclusive internacional) ao longo dos 525 anos do descobrimento do Brasil. Esse patamar foi e está sendo garantido pelos sete Países inseridos na Amazônia, ao custo de renúncia econômica total de US$ 317 bilhões/ano pela não exploração dos recursos naturais, segundo estudo do Banco Mundial. (2023). 

A preservação da floresta é resultado da devoção e do amor de mais de 18,7 milhões de amazônidas que vivem na região norte e que pagam muito caro por esse trabalho invisível aos olhos do mundo, em especial cerca de 13 milhões de Amazônidas que residem no interior e longe das capitais. A comunidade internacional, notadamente os países do G7, cujo PIB é superior a 60% do PIB mundial (US$66,70 trilhões), precisam tomar conhecimento das enormes desigualdades que afligem essa parcela de brasileiros. 

Embora ocupe 45,5% da área territorial brasileira, a Amazônia abriga apenas 8,7% da população nacional (vazio demográfico) e produz somente 6,2% do PIB (vazio econômico). Um quarto desse território é constituído de terras indígenas, onde vivem 310 mil pessoas dos povos originários. Outros 10,54% são áreas de preservação permanente e 14,31% são áreas de uso sustentável. Isto é, metade do território amazônico é área de uso restrito, limitando, portanto, sua exploração econômica. 

Outro dado dá bem a dimensão da floresta. O território amazônico corresponde à área de 27 países europeus somados, cuja população totaliza 488 milhões de habitantes e teve PIB de US$ 19,20 trilhões em 2024. 

Apesar da grandeza territorial da região, a população dos estados amazônicos tem, em média, renda mensal per capita 29% inferior à dos brasileiros de outras regiões. A discrepância é ainda maior no estrato da população que reside fora das capitais da Amazônia (interior): renda per capita 64% menor que a média nacional (apenas US$4.780,00 por habitante /ano contra a média nacional de US$10.249,00 por habitante/ano). 

É preciso dar voz a essa população e ouvidos ao que disse Joe Biden, então presidente dos Estados Unidos, em 2023: “É impossível preservar a floresta tão importante para o equilíbrio ambiental e climático sem que os países ricos e desenvolvidos façam contribuição efetiva e expressiva”. Biden não estava sozinho nessa cruzada. Lars Peter Hansen, vencedor do Prêmio Nobel de Economia 2013, também já havia alertado que os países ricos têm de contribuir para manter a floresta em pé, reforçando o pensamento de Erna Solberg, ex-primeira-ministra da Noruega, para quem não há como preservar sem incluir o resgate dos habitantes da região. 

O Brasil tem o dever de deixar claro que os países do G7 já conhecem o tamanho da renúncia econômica dos estados amazônicos e não podem mais ficar silentes em relação a essa realidade. Somente as terras indígenas, que somam mais de 1,01 milhão de km², deveriam ser utilizadas para efeito de emissão de títulos de crédito de carbono, gerando receita de bilhões de dólares por ano, sem sacrifícios de nenhum governo e de nenhuma pessoa. 

Há, evidentemente, uma demanda global pela preservação da Amazônia, entretanto o custo disso permanece local. Para equilibrar a balança, os países ricos deveriam contribuir com US$ 196 bilhões/ano ao Brasil (62% da floresta e os respectivos 62% da renúncia econômica), segundo o estudo do Banco Mundial. E como a preservação não encontra resistência na sociedade mundial, há também alternativas de apoio no setor privado. Um exemplo: se as maiores fabricantes mundiais de refrigerantes, cervejas e água mineral adicionassem ao preço de varejo de cada unidade apenas US$ 0,01 ou US$ 0,02 (2 moedinhas de um penny), em cada unidade comercializada no mundo, como parte de uma campanha “Save the forest”, viabilizaria contribuição anual de cerca de US$ 20 bilhões/ano. 

Obviamente, cabe ao governo brasileiro fazer sua parte e apresentar propostas claras e absoluto comprometimento na COP 30, notadamente quanto ao combate de garimpos e madeireiras que atuam ilegalmente na Amazônia, ao desmatamento, à pesca predatória, à poluição de rios, lagos e igarapés, ao turismo sexual e ao tráfico de armas e drogas na região. É preciso, ainda, atuar firmemente para a recuperação de áreas degradadas e garantir incentivo para atividades que contribuam para a preservação ambiental conciliada ao resgate da dignidade humana da população local, incluindo o turismo ecológico, eventos e científico, e a indústria integrada do pescado, de frutas tropicais e de fármacos. 

Além disso, são imprescindíveis a proteção do aquífero S.A.G.A – Sistema Aquífero Grande Amazonia, que cobre 1,2 milhão de Km²), o inventário florestal (nunca feito por nenhum dos governos nacionais) e a conscientização sobre a contribuição do regime de chuvas, garantido pela floresta por meio dos “rios voadores”, para o Centro-Oeste, Sul e Sudeste, indispensável para o agronegócio e para a produção de energia elétrica limpa e mais barata.       Aliás, é hora de parte da imprensa nacional e de intelectuais brasileiros que criticam a renúncia fiscal do governo federal para a Amazônia reconhecer que os amazonidas são credores e não devedores, pois suas renúncias econômicas são dezenas de bilhões de dólares maiores do que a renúncia fiscal que beneficia aqueles estados. 

O mundo não pode mais adiar ações concretas para frear as mudanças climáticas. A COP 30 é, portanto, uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pelo Brasil para que a comunidade internacional seja sensibilizada sobre a questão do povo do Amazonas, caboclos, indígenas e ribeiros, principalmente, injustamente sacrificados por protegar a floresta que, mantida em pé, benéfica o planeta inteiro. Representantes de mais de 190 países estarão com os pés na Amazônia. É a hora certa para que eles também voltem os olhos para a dignidade de seus habitantes. (Floresta em Pé – Responsabilidade Global, Custo Global)

  

Samuel Hanan - engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br


Todo profissional tem que ser um vendedor?


O vendedor pode trazer a imagem de alguém insistente, focado apenas em bater metas e empurrar um produto a qualquer custo. Mas, e se te dissesse que, em sua essência, todo profissional de sucesso precisa ser um excelente vendedor? Não no sentido de vender uma enorme quantidade de itens ou serviços de forma incômoda ao comprador, mas na forma como gera confiança na relação com a outra parte, pautando-se em uma excelente comunicação que traga resultados enormes que irão além do que apenas o lucro à organização.

Uma venda de sucesso nem sempre é apenas conquistada graças a um baixo custo de um produto ou serviço, mas sim em todo o discurso passado ao potencial comprador, fazendo com que ganhe interesse no item em si e, acima de tudo, ganhe confiança com quem o vendeu. Tudo isso, conduzido em um processo natural e amigável, ao invés de insistente e que não faça sentido às necessidades e perfil do cliente.

Se expandirmos esse comportamento para todo o mercado, fica clara a importância de qualquer profissional saber construir essas relações de confiança não somente com seu público-alvo, mas também com parceiros e stakeholders, como forma de fortalecer possíveis parcerias e fidelização à marca.

Essa visão ganhou força relevante com a pandemia, quando, diante de uma série de impactos nos modelos de trabalho e acordos comerciais, a comunicação clara à distância tornou-se uma das maiores prioridades de todas as empresas e, especialmente, seus líderes, para se fazerem entender com seus times, garantindo tanto o engajamento quanto as operações em dia.

Não à toa, as "100 Melhores Empresas para se Trabalhar na América" (onde a confiança é 60% do critério de avaliação) costumam ter, em média, retornos quatro vezes maiores do que os retornos do mercado mais amplo nos últimos anos, segundo informações do próprio GPTW. Mas, o que favorece a construção dessa confiança, na prática?

Isso pode ser conquistado através de ações simples tomadas no dia a dia de cada profissional, mas que, nem sempre, são lidadas de forma fácil por todos. Podemos incluir aqui desde conversas francas com todos, seja a respeito do que está dando certo ou erros encontrados; até atitudes diárias que favoreçam o cumprimento do que foi prometido em suas atribuições. Tudo deve ser pensando sob o prisma de construção de confiança.

Uma boa comunicação envolve uma série de pontos de atenção cruciais para o sucesso da mensagem transmitida, abrangendo o tom de voz de quem fala, clareza em suas palavras, a forma na qual construirá sua linha de raciocínio e como irá pontuar as questões mais importantes a serem entendidas pela outra pessoa. Questões que não são fáceis, mas que fazem muita diferença naqueles que se destacarão em seu setor.

Isso porque, nem sempre, os planos estratégicos conseguem evoluir da forma que gostaríamos. Até porque, todos somos seres humanos imperfeitos que também lidam com uma série de empecilhos e problemas pessoais fora do ambiente de trabalho. Entretanto, quando há essa confiança na relação e transparência na comunicação quanto a qualquer problema ou dificuldade, é possível criar um espaço de segurança psicológica que, certamente, auxiliará no melhor rendimento possível de cada um.

Quando há esse incentivo internamente, há, consequentemente, o desenvolvimento de uma cultura de performance impulsionada pelo apoio contínuo entre todos, de forma que se sintam seguros e engajados a serem cada vez mais produtivos em seus entregáveis, com máxima qualidade. Um lugar onde os profissionais não vendem apenas para cumprir metas, mas se preocupam em como atingir esses objetivos, alinhando os esforços e comunicação nesse sentido.

No fim, um bom vendedor é, também, um bom profissional, não sendo somente aquele que empurra algo, mas que constrói o cenário que deseja conquistar. É quem gera demanda, entende o que está faltando (seja em cliente externo, interno ou em determinada área), como pode se autodesenvolver em conhecimentos técnicos e comportamentais nesse sentido, e planeja como suprir essas lacunas para atingir resultados crescentes.

 

Thiago Gaudencio - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento executivo focado em posições de alta e média gestão.


Wide
https://wide.works/


Curta sua noite na região do Porto: um roteiro que combina vinho, música e vista para o rio Douro

Crédito: WOW


À noite, a região do Porto ganha outro ritmo. As luzes se refletem no rio Douro e destacam a arquitetura histórica. Em Vila Nova de Gaia, na outra margem do rio, o WOW (World of Wine) apresenta uma programação que reúne cultura, gastronomia, coquetelaria e música ao vivo em um único espaço.  

O complexo reúne 7 museus temáticos, 12 bares e restaurantes, Escola de Vinho  e uma fábrica de chocolates, permitindo diferentes formatos de visita. É possível iniciar com uma degustação de vinhos, seguir para o jantar e encerrar a noite em espaços com vista para a cidade ou apresentações musicais. 

 

Um brinde no Bar da Praça 

A noite começa devagar, no Bar da Praça, coração do complexo. O espaço a céu aberto e de livre acesso tem vista privilegiada para a Ribeira e é ponto de encontro de locais e visitantes. O cardápio do bar inclui coquetéis autorais e vinhos portugueses servidos por taça. O ambiente é informal, perfeito para relaxar e brindar o entardecer com estilo. 

 

Pink Palace: o museu mais instagramável e divertido da cidade 

À medida que escurece, o Pink Palace, museu imersivo dedicado ao vinho rosé, ganha nova atmosfera. O local abre até mais tarde e é ideal para quem quer explorar com calma suas salas temáticas, fazer fotos divertidas e, claro, degustar diferentes tipos de rosé. Uma experiência leve, visual e sensorial que combina arte e vinho de forma criativa. 

 

Jantar no PIP: sabores para compartilhar 

Do museu ao jantar, bastam alguns passos. O PIP é o restaurante mais descontraído do WOW, com menu pensado para compartilhar de tábuas de queijos a pratos quentes contemporâneos. A carta de vinhos valoriza produtores portugueses e há opções vegetarianas e sem glúten. O ambiente é acolhedor, com mesas externas e clima de conversa longa. 

 

Angel’s Share: música ao vivo com vista para o Douro 

Para fechar a noite, o destino é o Angel’s Share – Wine & Cocktail Bar, no quinto andar do edifício principal. Às sextas e sábados, o espaço recebe apresentações ao vivo que vão do jazz ao soul, passando pela bossa nova e pela música portuguesa. Com luz baixa, coquetéis sofisticados e uma vista panorâmica do Porto iluminado, é um dos lugares mais charmosos da cidade. 

 

Cultura, jantar e música em um só endereço 

O WOW é o tipo de lugar que facilita a vida de quem quer aproveitar a noite sem precisar cruzar o Douro mais de uma vez. Em poucas horas, dá para provar bons vinhos, conhecer museus interativos, jantar e ouvir música, tudo com a assinatura de um dos complexos culturais mais modernos de Portugal. 

 

Outras boas ideias para explorar a região do Porto à noite 

  • Eventos temáticos no WOW: noites dedicadas ao fado, DJs, jantares harmonizados e até rodas de samba.  
  • Degustações noturnas: alguns bares oferecem experiências guiadas à noite, perfeitas para quem quer aprender mais sobre vinhos, chocolate ou mixologia. 
  • Passeio final pelo Cais de Gaia: a caminhada à beira do Douro, com a Ponte Luís I iluminada, encerra o roteiro com um cartão-postal.   

Fique atento à programação em www.wow.pt. O WOW funciona todos os dias. De quinta a domingo, o horário é das 10h à 1h, e às sextas e sábados, das 10h às 2h. Os museus abrem todos os dias das 10h às 22h. 

 


WOW - World of
https://wow.pt/pt


Interamerican Network


Transformação digital não é só tecnologia: é visão e estratégia

Muitas organizações associam a transformação digital apenas à adoção de novas ferramentas, como automação de processos, migração para a nuvem ou inteligência artificial. Esses recursos são importantes, mas, usados de forma isolada, não geram vantagem competitiva e tampouco criam valor real para o negócio. De acordo com o relatório IDC FutureScape 2025, 75% das empresas que aceleraram sua transformação digital em 2024 já perceberam impactos diretos nos resultados financeiros e na satisfação do cliente. Por outro lado, uma pesquisa da McKinsey & Company, realizada em 2024, apontou que mais de 60% das iniciativas digitais falham por falta de alinhamento estratégico, e não por insuficiência tecnológica. É nesse ponto que reside o verdadeiro diferencial: integrar a tecnologia à estratégia.

A tecnologia está no centro das operações de qualquer organização, funcionando como a infraestrutura essencial que sustenta e conecta todas as áreas, desde vendas, marketing e operações, até supply chain e experiência do cliente. Quando usada de forma estratégica, conecta processos, equipes e jornadas, promovendo eficiência, engajamento e colaboração. Além disso, ao automatizar tarefas repetitivas e simplificar fluxos de trabalho, libera tempo para iniciativas criativas, estimulando a inovação e acelerando a execução de projetos de alto impacto.

Nesse cenário, o papel da liderança é determinante para que a integração funcione de forma sustentável. Articular visão e alinhar equipes, posicionando a digitalização como motor estratégico, permite que todos os níveis da organização compreendam a importância das iniciativas digitais. Líderes que conseguem integrar tecnologia, estratégia e pessoas transformam investimentos digitais em avanços tangíveis para o negócio, fortalecendo a cultura de inovação e estimulando a colaboração entre equipes multidisciplinares.

Quando estratégia, tecnologia e pessoas caminham juntas, a transformação digital deixa de ser um conjunto de iniciativas isoladas e se consolida como um movimento contínuo. Nesse formato, gera resultados concretos, impulsiona inovação, aumenta a produtividade e fortalece a vantagem competitiva, além de entregar experiências consistentes para colaboradores e clientes. Ao integrar tecnologia e propósito, a organização se prepara de forma sólida para os desafios e oportunidades do futuro, mantendo-se ágil, resiliente e pronta para capturar novas oportunidades de negócio. 


Celso Kleber - CEO do Grupo Mooven, consultoria para transformação de negócios


Selic é mantida em 15% ao ano; mercado vê tom mais duro do BC

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Pesquisa da CNI aponta que a taxa de juros elevada é a principal dificuldade para a tomada de crédito no curto prazo

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano em decisão unânime. Foi a terceira reunião consecutiva em que a taxa não é alterada. A manutenção dos juros básicos da economia já era esperada pelo mercado.

De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.

Para Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão reflete um cenário em que, apesar da desaceleração gradual da atividade econômica e da valorização do real - fatores que tendem a reduzir a pressão sobre os preços -, tanto a inflação corrente quanto as expectativas inflacionárias ainda permanecem acima da meta anual. “Esse quadro, somado à expansão fiscal, à resiliência do mercado de trabalho e às elevadas incertezas externas, derivadas da política comercial norte-americana e da deterioração das contas externas brasileiras, justifica a manutenção de uma postura monetária cautelosa”, diz o economista da ACSP.

Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o tom do Banco Central foi mais duro nesta reunião, com a mensagem de que não vai hesitar em elevar os juros caso a inflação não caminhe para o centro da meta. “A elevação da taxa é um cenário pouco provável, mas vai depender dos indicadores internos e da evolução do cenário externo, por conta das tarifas dos Estados Unidos”, diz. “Como o mercado já tinha precificado a manutenção da Selic, eventuais ajustes, como no câmbio, devem ser residuais”, afirma Cristiane.

Indústria – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz que a manutenção da taxa de juros em patamar elevado tem prejudicado o setor. "A Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda. A taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e, por consequência, o bem-estar da população. Além disso, o Brasil segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo, penalizando duramente o setor produtivo", critica o presidente da entidade, Ricardo Alban.

A CNI divulgou pesquisa inédita que mostra que 80% das empresas industriais apontam a taxa de juros elevada como principal dificuldade para a tomada de crédito no curto prazo. No caso de acesso a financiamento de longo prazo, a Selic foi apontada como principal barreira por 71% dos empresários.

Pelo estudo, se a taxa básica de juros do país caísse de forma expressiva, 77% das empresas industriais aumentariam os investimentos nos próximos dois anos. O levantamento ouviu 1.000 executivos da indústria e tem margem de erro de três pontos porcentuais e intervalo de confiança de 95%.

O levantamento da CNI também mostra a preocupação dos empresários com o Custo Brasil e a taxa de juros é um dos principais componentes desse custo. Para 60% dos executivos industriais, deveria ser a principal prioridade do país reduzir o Custo Brasil. Para outros 18%, essa seria a segunda prioridade. De acordo com a pesquisa, 81% dos industriais afirmam que o Custo Brasil eleva os preços finais ao consumidor. Desses, 55% acreditam que o aumento é muito significativo, 22%, razoável; e apenas 4% veem impacto pequeno. 



Redação DC
https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/selic-e-mantida-em-15-ao-ano-mercado-ve-tom-mais-duro-do-bc


Isenção do imposto de renda: Plenário do Senado aprova projeto com votação unânime

Advogado tributarista avalia que medida corrige defasagem histórica, mas alerta para o aumento da carga com tributação de dividendos e manutenção do peso sobre o consumo.


Nesta quarta (5), o plenário do Senado Federal aprovou, por unanimidade, o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000. Agora o texto segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida, que vinha sendo prometida há quase um ano pelo governo, representa um reajuste importante em relação à defasagem histórica da tabela.

“Se a gente fizesse o cálculo só pela inflação do ano de 1997 para 2025, a nossa faixa de isenção já teria que ser de R$ 5.700. Acontece que ela acabou nunca sendo atualizada pela inflação. E hoje a gente tem uma faixa de isenção completamente defasada”, explica o advogado tributarista Mozarth Wierzchowski. Para ele, a mudança “vai fazer com que esse limite esteja mais próximo de uma atualização pela inflação. Então, é uma medida extremamente importante para o cidadão brasileiro”. 

Mozarth pondera, no entanto, que a medida não vem isolada e faz parte de um movimento maior de aumento da arrecadação. “Não existe um conflito em relação ao imposto de renda e à reforma tributária. Ocorre que me parece que o Brasil está buscando um aumento arrecadatório em ambas as situações”, avalia. Ele lembra que, ao mesmo tempo em que amplia a isenção, o governo cria novas faixas de tributação sobre rendas mais altas, justamente para compensar a renúncia fiscal. 

Para as empresas, o maior impacto não está na nova faixa de isenção, mas sim na tributação sobre dividendos. “A partir de R$ 600 mil já há incidência, e com alíquota fixa a partir de R$ 1,2 milhão no ano. Isso sim vai causar um impacto bem grande para as empresas e que, a meu ver, vai ser repassado para o consumidor final. As empresas terão uma tributação maior para retirar o dinheiro da pessoa jurídica e repassar para a pessoa física, ou seja, para sair da empresa e ir para o empresário”, explica Mozarth.

Já trabalhadores autônomos e assalariados serão diretamente beneficiados pela mudança. “Até R$ 5.000, independente da origem do valor, ele vai estar isento. Então, o autônomo acaba tendo o benefício e o assalariado da mesma forma”, afirma.

Mozarth lembra ainda que a defasagem da tabela não é um problema recente e que a solução encontrada pelo governo é mais um remendo do que uma mudança estrutural. “Historicamente, nós temos uma defasagem em relação à tributação da renda no Brasil, porque é muito mais fácil tributar o consumo, que é uma tributação invisível. O governo está reajustando a faixa de isenção, mas, ao mesmo tempo, tributando os valores mais altos em relação à distribuição de lucros”, observa.


Black Friday deve movimentar mais de R$ 49 bilhões no varejo de moda, calçados e móveis, aponta IEMI

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Novembro aponta crescimento nominal em valor nas três categorias, ainda com leve recuo em volume de peças em dois segmentos 

 

O varejo nacional deve alcançar R$ 49 bilhões em vendas durante a Black Friday de 2025, considerando os setores de vestuário, calçados, móveis e colchões, de acordo com levantamento do IEMI - Inteligência de Mercado. Os dados indicam crescimento nominal (sem descontar inflação) em todos os segmentos, embora dois deles registrem estabilidade ou leve queda em volume de peças vendidas. 

A previsão é de que o varejo de vestuário atinja R$ 28,4 bilhões, alta de 3,3% em relação a novembro de 2024, com estabilidade no volume comercializado, estimado em 573 milhões de peças (-0,3%). O setor de calçados deve movimentar R$ 7,4 bilhões, crescimento de 3,5% no comparativo anual, com recuo de 0,2% no volume, totalizando 74,3 milhões de pares. Já móveis e colchões devem alcançar R$ 13,4 bilhões, expansão de 2,3% em valor, mas queda de 2% em unidades vendidas, somando 40 milhões de peças. 

 

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Para o diretor do IEMI, Marcelo Prado, o comportamento das vendas indica uma Black Friday mais seletiva, em que o consumidor prioriza qualidade e valor percebido. “O aumento em valor, mesmo com volume estável ou em leve retração, sugere um movimento de requalificação do consumo. As pessoas estão escolhendo melhor o que comprar, e as empresas respondem com maior precisão na oferta de produtos e preços”, avalia. 

No acumulado de 2025, os três segmentos devem encerrar o ano com crescimento em valor (em R$): vestuário (+7,2%), calçados (+7,0%) e móveis e colchões (+0,5%). Os volumes (em peças) devem variar entre estabilidade e leve queda, reforçando que a melhora no faturamento vem principalmente do aumento do valor médio das vendas. 

A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), que representa as principais redes varejistas de moda do país, avalia que o desempenho projetado para novembro reflete tanto a resiliência quanto os desafios do setor. Para a entidade, o período é decisivo para o fechamento do ano e para a consolidação de práticas mais eficientes e responsáveis no setor. 

“Os resultados projetados reforçam um momento de maior maturidade do varejo de moda. Mesmo diante de um cenário que exige esforço das empresas para sustentar o crescimento, o setor demonstra resiliência e capacidade de adaptação. A Black Friday será uma oportunidade para consolidar práticas de gestão mais eficientes, pautadas pela transparência e pela responsabilidade na cadeia produtiva”, afirma Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX.
  

IEMI – Inteligência de Mercado
Saiba mais em: Link


Associação Brasileira do Varejo Têxtil - ABVTEX



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