Organização alerta que violência é fruto de padrões
culturais que começam na infância, ressaltando a importância de medidas
integradas de educação, conscientização e proteção
Nas
últimas semanas, o Brasil tem presenciado diversos casos de violências contra
mulheres, reforçando os números alarmantes que o país vem apresentando desde
2024, onde atingiu o maior número de feminicídios desde o início da tipificação
do crime, em 2015. Um recorte dessa situação são os dados divulgados
recentemente pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, que
mostrou que de janeiro a outubro o estado registrou 207 feminicídios, um
aumento de 8% em consideração ao ano anterior, que chegou a 191 casos.
De
acordo com Ana Nery, especialista em gênero da Plan Brasil, ONG que trabalha
para romper ciclos de violências contra meninas, ações de violência como as que
têm acontecido, fazem parte de um sistema social e cultural que coloca meninas
e mulheres em uma situação inferior de poder. “A violência contra meninas e
mulheres não começa quando episódios extremos como esses acontecem. Ela é
produzida e reproduzida culturalmente desde a infância, quando crianças
aprendem, a partir de diferentes lugares e perspectivas, o que podem e não
podem fazer, quem deve ceder, quem deve exercer mais controle e poder sobre
outrem e por aí vai.”
Esses
dados nos informam a necessidade de políticas de segurança mais abrangentes e
eficazes, conscientização e formação de toda sociedade, desde as infâncias. E é
nesse sentido que a Plan Brasil atua, a partir de projetos de proteção,
conscientização e qualificação, com o objetivo de romper ciclos de violência
contra meninas.
Uma
das iniciativas realizadas pela ONG é o projeto Jovens Líderes pelo Fim da
Violência de Gênero, uma parceria com Ministério das Mulheres que tem como
principal objetivo fomentar práticas feministas emancipatórias em jovens
aperfeiçoando suas capacidades de independência, liderança, para uma atuação em
rede para prevenir e combater as violências baseadas em gênero.
A
partir do projeto, foi elaborada a cartilha “Livres, Seguras E Respeitadas:
Prevenção de Violência Contra Meninas e Jovens Mulheres”, uma ferramenta viva
de transformação e conscientização, construída pela equipe do projeto e pelas
jovens participantes de várias regiões do país, trazendo uma abordagem sobre
seus direitos, redes de proteção, e a importância da denúncia.
De
acordo com Ana Nery, essa é só uma das diversas formas de combater esses casos
cada vez mais frequentes, porém é necessário que haja um esforço conjunto da
sociedade civil, instituições públicas e privadas e organizações.
“As
políticas públicas de prevenção precisam ir além de ações pontuais e envolver
diversos fatores, como educação para equidade de gênero desde a primeira
infância, formação continuada para profissionais do sistema de garantia de
direitos e de toda rede de proteção que atua nos quatro eixos previstos na
Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres: combate,
prevenção, assistência e garantia de direitos e a implementação de um sistema
de responsabilização efetiva de pessoas agressoras. Tão importante quanto essas
iniciativas, é a participação efetiva e o envolvimento dos homens nessa
discussão e na construção de novos e outros modelos de masculinidade.”
A
atuação de órgãos competentes, o reforço de leis que atuem no combate a
violências contra mulheres e ferramentas que sensibilizem a sociedade para o
tema, são apenas o início de uma jornada de transformação estrutural do país em
relação ao futuro de meninas e mulheres.
Clique
aqui para ter acesso a cartilha “Livres, Seguras E Respeitadas: Prevenção
de Violência Contra Meninas e Jovens Mulheres”.
Plan Brasil
www.plan.org.br
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