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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Falta de energia causada por vendaval fez comércio da Grande SP perder R$ 51,7 milhões

Renato Ibelli/DC

A estimativa é da ACSP. Na manhã desta quinta-feira, mais de 1,5 milhão de pessoas na região ainda estavam sem energia em suas casas

 

O comércio da Grande São Paulo pode ter deixado de faturar até R$ 51,7 milhões devido à falta de energia causada pelos fortes ventos que atingiram a região na quarta-feira, 10, e ainda causam problemas nesta quinta, 11/12. A estimativa é da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e tem como base o volume movimentado diariamente na capital paulista e no entorno.

Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, a falta de energia costuma afetar, principalmente, o consumo espontâneo por causa da limitação no fluxo de clientes. “O impacto se dá pela redução das compras imediatas e das aquisições por impulso”, explica.

Por volta das 13h30 da quarta-feira começou uma ventania atípica na região do Brás e ruas como a Barão de Ladário, João Teodoro, Silva Teles, Mendes Gonçalves e Paraíba ficaram sem luz, segundo o vice-presidente da Alobrás, Lauro Pimenta. A energia voltou perto das 15h desta quinta-feira, ou seja, foram mais de 25 horas sem luz, disse o dirigente, que também é proprietário da Dejelone Jeans.

“Passei por aqui durante a noite, por volta de 23h. Nesse período, nenhum carro da Enel para restabelecer a energia, mesmo sabendo que é uma região que está em véspera de Natal, com alto fluxo de pessoas, e é um bairro que funciona praticamente 24 horas. Ficamos nessa situação sem a devida resposta, acreditaríamos que haveria uma resposta mais efetiva da Enel por se tratar de uma região que está trazendo uma pulsação econômica para a cidade de São Paulo”, afirma. 

Ao participar do programa Encontro, da Rede Globo, na manhã desta quinta, para falar de vagas temporárias no comércio, Pimenta diz que o problema de falta de energia foi registrado ao vivo.  “Mostramos a realidade, e a Enel deu uma satisfação, mandou equipes reforçadas e a gente finalmente teve o reestabelecimento”, conta.

A questão com a Enel não é o atendimento, segundo Pimenta, mas sim a efetividade, já que a distribuidora leva muito tempo para resolver os problemas. “É inadmissível, daqui para frente, ter qualquer evento climático e ficar 25 horas sem energia. Não faz sentido, é preciso estar preparado para uma resposta rápida para não afetar a atratividade dos negócios, do turismo de compras, da cidade como um todo", afirmou o dirigente da Alobrás.

Na região da Vila Sabrina, Zona Norte de São Paulo, o Grupo Gaisa, empresa de brindes e marketing digital, está há 24 horas sem energia elétrica. Segundo o proprietário, que preferiu não se identificar por medo de represálias, é comum o local ficar sem luz de três a quatro horas quase todas as semanas.

Com um prejuízo estimado entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, o escritório está funcionando apenas para informar que não é possível atender clientes no momento e para receber demandas futuras. Desanimado, o proprietário afirma que espera que a situação seja resolvida logo, já que não tem expectativa de ressarcimento.

Na região do Ipiranga, Zona Sul da capital paulista, o escritório SW Engenharia & Fire também sofre com a queda da energia desde quarta-feira. O estabelecimento teve algumas telhas arrancadas pelo vento e algumas janelas quebradas. Está há dois dias sem conseguir atender clientes.

Além dos estabelecimentos comerciais afetados, diversos imóveis também sofrem com a falta de energia. A corretora de imóveis Marcia Sacute, indignada, afirmou ao Diário do Comércio que está há 24 horas sem luz e que, apesar de ligar diversas vezes para a Enel, “a companhia apenas informa possíveis horários para o restabelecimento da energia, o que não se concretiza.”

“Eles falaram que a energia iria retornar às 10h, depois às 12h e agora às 22h. Ou seja, só vão empurrando o prazo para frente. A fonte dos meus gatos queimou e eu sei que não terei ressarcimento”, diz a corretora.


Apagão é problema recorrente no Centro de SP

Na região da 25 de Março também há focos de falta de energia e lojas que funcionam à base de geradores, segundo Cláudia Urias, diretora da Univinco (associação de lojistas da 25). Mas os problemas não têm relação com os ventos fortes que atingiram a cidade, explica.

“A falta de energia na região da 25 de Março é um problema corriqueiro, algo que, infelizmente, é comum por aqui pela sobrecarga e pelo fato de a rede ser subterrânea.”

Na Rua São Bento, no centro histórico da capital, o estabelecimento de calçados Fatty está sem luz desde terça-feira (9) por volta das 17h – portanto, antes mesmo do vendaval -, segundo a operadora de caixa Elenilda Rocha. Ela conta que, na quarta-feira, a loja atendeu os clientes no escuro e utilizou outra loja da mesma proprietária para carregar as maquininhas de cartão e conseguir realizar as vendas.


Karina Lignelli e Rebeca Ribeiro
https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/falta-de-energia-causada-por-vendaval-fez-comercio-da-grande-sp-perder-r-51-7-milhoes


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