
Renato Ibelli/DC
A estimativa é da ACSP. Na manhã
desta quinta-feira, mais de 1,5 milhão de pessoas na região ainda estavam sem
energia em suas casas
O comércio da Grande São Paulo
pode ter deixado de faturar até R$ 51,7 milhões devido à falta de energia
causada pelos fortes ventos que atingiram a região na quarta-feira, 10, e ainda
causam problemas nesta quinta, 11/12. A estimativa é da Associação Comercial de
São Paulo (ACSP) e tem como base o volume movimentado diariamente na capital
paulista e no entorno.
Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa,
economista da ACSP, a falta de energia costuma afetar, principalmente, o
consumo espontâneo por causa da limitação no fluxo de clientes. “O impacto se
dá pela redução das compras imediatas e das aquisições por impulso”, explica.
Por volta das 13h30 da
quarta-feira começou uma ventania atípica na região do Brás e ruas como a Barão
de Ladário, João Teodoro, Silva Teles, Mendes Gonçalves e Paraíba ficaram sem
luz, segundo o vice-presidente da Alobrás, Lauro Pimenta. A energia voltou
perto das 15h desta quinta-feira, ou seja, foram mais de 25 horas sem luz,
disse o dirigente, que também é proprietário da Dejelone Jeans.
“Passei por aqui durante a
noite, por volta de 23h. Nesse período, nenhum carro da Enel para restabelecer
a energia, mesmo sabendo que é uma região que está em véspera de Natal, com
alto fluxo de pessoas, e é um bairro que funciona praticamente 24 horas. Ficamos
nessa situação sem a devida resposta, acreditaríamos que haveria uma resposta
mais efetiva da Enel por se tratar de uma região que está trazendo uma pulsação
econômica para a cidade de São Paulo”, afirma.
Ao participar do programa
Encontro, da Rede Globo, na manhã desta quinta, para falar de
vagas temporárias no comércio, Pimenta diz que o problema de falta de energia
foi registrado ao vivo. “Mostramos a realidade, e a Enel deu uma
satisfação, mandou equipes reforçadas e a gente finalmente teve o reestabelecimento”,
conta.
A questão com a Enel não é o
atendimento, segundo Pimenta, mas sim a efetividade, já que a distribuidora
leva muito tempo para resolver os problemas. “É inadmissível, daqui para
frente, ter qualquer evento climático e ficar 25 horas sem energia. Não faz
sentido, é preciso estar preparado para uma resposta rápida para não afetar a
atratividade dos negócios, do turismo de compras, da cidade como um todo",
afirmou o dirigente da Alobrás.
Na região da Vila Sabrina, Zona
Norte de São Paulo, o Grupo Gaisa, empresa de brindes e marketing digital, está
há 24 horas sem energia elétrica. Segundo o proprietário, que preferiu não se
identificar por medo de represálias, é comum o local ficar sem luz de três a
quatro horas quase todas as semanas.
Com um prejuízo estimado entre
R$ 3 mil e R$ 5 mil, o escritório está funcionando apenas para informar que não
é possível atender clientes no momento e para receber demandas futuras.
Desanimado, o proprietário afirma que espera que a situação seja resolvida logo,
já que não tem expectativa de ressarcimento.
Na região do Ipiranga, Zona Sul
da capital paulista, o escritório SW Engenharia & Fire também sofre com a
queda da energia desde quarta-feira. O estabelecimento teve algumas telhas
arrancadas pelo vento e algumas janelas quebradas. Está há dois dias sem
conseguir atender clientes.
Além dos estabelecimentos
comerciais afetados, diversos imóveis também sofrem com a falta de energia. A
corretora de imóveis Marcia Sacute, indignada, afirmou ao Diário do
Comércio que está há 24 horas sem luz e que, apesar de ligar diversas
vezes para a Enel, “a companhia apenas informa possíveis horários para o
restabelecimento da energia, o que não se concretiza.”
“Eles falaram que a energia
iria retornar às 10h, depois às 12h e agora às 22h. Ou seja, só vão empurrando
o prazo para frente. A fonte dos meus gatos queimou e eu sei que não terei
ressarcimento”, diz a corretora.
Apagão é
problema recorrente no Centro de SP
Na região da 25 de Março também
há focos de falta de energia e lojas que funcionam à base de geradores, segundo
Cláudia Urias, diretora da Univinco (associação de lojistas da 25). Mas os
problemas não têm relação com os ventos fortes que atingiram a cidade, explica.
“A falta de energia na região
da 25 de Março é um problema corriqueiro, algo que, infelizmente, é comum por
aqui pela sobrecarga e pelo fato de a rede ser subterrânea.”
Na Rua São Bento, no centro histórico da capital, o estabelecimento de calçados Fatty está sem luz desde terça-feira (9) por volta das 17h – portanto, antes mesmo do vendaval -, segundo a operadora de caixa Elenilda Rocha. Ela conta que, na quarta-feira, a loja atendeu os clientes no escuro e utilizou outra loja da mesma proprietária para carregar as maquininhas de cartão e conseguir realizar as vendas.
Karina Lignelli e Rebeca Ribeiro
https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/falta-de-energia-causada-por-vendaval-fez-comercio-da-grande-sp-perder-r-51-7-milhoes
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