Diabesidade — a coexistência das duas doenças metabólicas, que se retroalimentam silenciosamente e aumentam o risco de complicações cardiovasculares, hepáticas e renais
O
aumento dos casos de diabetes tipo 2 no mundo está diretamente ligado ao avanço
da obesidade. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), 80%
das pessoas com diabetes tipo 2 estão acima do peso. E, segundo o cirurgião do
aparelho digestivo Dr. Rodrigo
Barbosa, esse dado revela algo essencial: o diabetes não é apenas uma
doença do pâncreas, mas de todo o metabolismo. “O excesso de gordura visceral —
aquela que se acumula na região abdominal — interfere diretamente na ação da
insulina. Ela provoca inflamação e resistência nos receptores celulares,
impedindo que o hormônio atue de forma eficiente”, explica.
A gordura que adoece por dentro
Diferente
da gordura subcutânea, que fica logo abaixo da pele, a gordura visceral se
aloja entre os órgãos internos e libera substâncias inflamatórias conhecidas
como citocinas, que alteram a função do fígado e do pâncreas.
O resultado é um círculo vicioso: quanto mais gordura, maior a resistência à
insulina — e quanto maior a resistência, mais o corpo acumula gordura.
“É
por isso que tratar a obesidade é tratar também o diabetes. Essas duas doenças
têm a mesma origem metabólica”, reforça Dr. Rodrigo.
A cirurgia bariátrica como tratamento metabólico
Nos
últimos anos, a cirurgia bariátrica deixou de ser vista apenas como uma solução
estética e passou a ser reconhecida pela comunidade médica internacional como
tratamento metabólico — especialmente em casos de diabetes tipo 2 associado à
obesidade.
Ao
reduzir o tamanho do estômago e modificar o trânsito intestinal, a cirurgia
estimula uma mudança hormonal importante: há melhora imediata na produção e na
ação da insulina, além de aumento nos níveis de GLP-1, hormônio que ajuda a
controlar o apetite e o açúcar no sangue.
“Em
muitos casos, o paciente deixa de precisar de medicação para o diabetes poucos
dias após a cirurgia — antes mesmo de perder peso. Isso mostra que o impacto é
hormonal e metabólico, não apenas mecânico”, destaca o especialista.
Resultados que mudam a história do diabetes
Estudos
internacionais apontam que até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 entram em
remissão após a cirurgia bariátrica, especialmente quando o procedimento é
realizado nas fases iniciais da doença.
Além
de reduzir a glicemia, a cirurgia traz benefícios que vão muito além do
controle do açúcar: melhora do colesterol, normalização da pressão arterial,
aumento da fertilidade e redução significativa do risco cardiovascular.
Dr Rodrigo Barbosa - Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube Link
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