As
férias escolares estão chegando. O período, marcado por mais tempo livre das
crianças e mudanças na rotina familiar, exige atenção redobrada dos
responsáveis. De acordo com a médica Talita Lodi Holtel, coordenadora da
unidade de internação pediátrica e pronto socorro infantil do Hospital e
Maternidade Sepaco, 90% dos acidentes que levam à morte de crianças e
adolescentes, de 1 a 14 anos, podem ser evitados com medidas simples de
prevenção.
Segundo a especialista, quedas, queimaduras, afogamentos, intoxicações e objetos engolidos continuam liderando as ocorrências entre crianças, especialmente entre bebês e menores de 12 anos.
“As quedas são sem dúvida o tipo de acidente mais
comum. Mas também observamos muitos ferimentos causados por objetos cortantes,
mordeduras de animais e ingestão acidental de produtos de limpeza ou
medicamentos, que devem sempre ser mantidos fora do alcance. Se a criança
ingerir algo acidentalmente e tiver uma intoxicação, não se deve provocar
vômito, pois isso pode agravar queimaduras internas quando o produto é
corrosivo", alerta Talita.”
Os
números reforçam a gravidade dos acidentes envolvendo crianças. No Brasil, os
acidentes, incluindo os automobilísticos, são hoje a principal causa de morte
entre 1 a 14 anos de idade, resultando em aproximadamente 13 óbitos diários e
mais de 120 mil hospitalizações por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.
Apenas os acidentes domésticos foram responsáveis por 1.616 mortes de crianças
de 0 a 14 anos entre 2020 e 2021 (792 em 2020 e 824 em 2021).
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, um estudo realizado na cidade
de São Paulo com 1.036 crianças reforça esse panorama: 54,1% dos acidentes
registrados foram quedas, seguidas por ferimentos com objetos cortantes (13,1%)
e mordidas de animais (9,8%).
Como prevenir acidentes em casa
A médica listou medidas simples que ajudam a reduzir
os riscos dentro e fora de casa.
Deve-se
instalar telas e grades em janelas e escadas. Não se deve esquecer sequer as
basculantes de banheiro, que, por serem altas, muitas vezes ficam
desprotegidas. Recentemente, uma criança em São Paulo caiu acidentalmente após
colocar uma mesa embaixo de uma basculante.
Na
hora do banho, a criança deve estar acompanhada por conta do ambiente
escorregadio.
Na
cozinha, panelas devem estar sempre com os cabos virados para dentro/
Produtos
de limpeza e remédios devem ser sempre armazenados em locais elevados e
trancados.
Não
se deve reaproveitar embalagens de refrigerante para guardar produtos
diferentes, as crianças podem achar que se trata da bebida e ingerir.
Bebês
não devem dormir em sofás ou camas sem proteção.
No
caso de bebês e crianças pequenas, os objetos pequenos, que passam pelo
interior de um rolo de papel higiênico, devem sempre ficar fora de alcance.
Não
deixar baldes ou bacias com água dentro de casa, uma pequena quantidade de
líquido pode levar ao afogamento.
Cuidados fora de casa
Nas férias, é comum que as crianças e adolescentes aproveitem o tempo fora de casa. Algumas medidas devem ser tomada para que a diversão não se transforme em aborrecimento.
– Jamais deixe as crianças sozinhas em piscinas, que devem ter sempre portões e redes de proteção. Na hora de cuidar das crianças perto da água, fique atento. Qualquer descuido pode acarretar consequências graves.
– Nada
de deixar as crianças sem proteção solar. A recomendação é utilizar filtros
adequados à faixa etária, sempre com FPS acima de 30, e redobrar os cuidados em
ambientes como praia e neve, onde a incidência de radiação é maior. Chapéus,
roupas com proteção UV, protetor labial e óculos escuros completam a lista de
precauções.
–
Fique atento aos mosquitos. É fundamental o uso de repelentes apropriados para
cada idade e atenção especial ao entardecer, quando as picadas são mais
frequentes.
Na Estrada
Além de todos esses cuidados, a pediatra lembra que, antes de botar o pé na estrada com as crianças, é preciso pensar em cuidados específicos. Para a médica do Sepaco, a vacinação deve ser a primeira medida a ser tomada assim que o destino for definido. Ela reforça também a importância da higiene durante deslocamentos, especialmente em locais onde a água pode não ser potável.
“O
ideal é consumir sempre água mineral lacrada e ter um antisséptico como álcool
gel à mão. Em destinos mais inóspitos, o pediatra pode orientar o uso de
hipoclorito ou permanganato para tornar a água segura para lavar alimentos e
utensílios infantis”, explica.
A
especialista orienta ainda que as famílias preparem um kit de medicamentos para
a viagem, sempre com orientação do pediatra que acompanha a criança, e
mantenham o uso de cadeirinhas e assentos adequados no transporte,
independentemente da distância percorrida.
Com
todos esses cuidados, férias vão ser apenas sinônimo de diversão.
Hospital e
Maternidade Sepaco
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