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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Jovens demonstram intenção de ingressar no ensino superior, mas apontam dificuldades financeiras como entrave

Pesquisa do Instituto Semesp revela preferência pelo presencial e expansão do semipresencial como tendência, em um cenário marcado pela falta de recursos e percepção positiva sobre o uso da inteligência artificial


A 2ª edição da Pesquisa de Intenção de Ingresso no Ensino Superior, realizada pelo Instituto Semesp, centro de inteligência analítica dedicado à produção de dados e estudos estatísticos sobre o ensino superior, revela que o interesse dos brasileiros em cursar uma graduação permanece alto: 78% dos respondentes afirmaram que pretendem ingressar no ensino superior.
O estudo indica, contudo, que as condições econômicas ainda são o principal entrave para os jovens que ainda não ingressaram. A pesquisa também mostra uma percepção positiva sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no aprendizado e no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que aponta preocupação com a influência das apostas online (bets) sobre as decisões educacionais. No anexo, a pesquisa na íntegra.
 

Amostra e metodologia

O levantamento, foi realizado pelo Instituto Semesp entre 15 e 30 de outubro de 2025, com 2.019 respondentes de todas as regiões do país. O público pesquisado tem entre 16 e 45 anos, ensino médio completo ou incompleto que ainda não ingressou no ensino superior.
A pesquisa apresenta nível de confiança de 95% e margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
 

Perfil dos respondentes

Quase metade dos participantes (48,1%) tem entre 16 e 24 anos. A maioria (79,1%) exerce alguma atividade remunerada e 67,1% possuem renda familiar de até R$ 5 mil.

Entre todos os entrevistados, 89,2% já concluíram o ensino médio, 80,2% concluíram em escola pública; e o desejo de continuar os estudos é predominante: 78% manifestaram intenção de ingressar no ensino superior a curto prazo.
 

Intenção de ingresso e barreiras

O levantamento mostra que o interesse é mais forte entre os mais jovens: 87,5% dos respondentes com até 24 anos pretendem iniciar uma graduação, contra 74,1% entre os maiores de 25 anos que também manifestaram interesse de ingressar em curso de graduação.

Entre os entrevistados que não pretendem ingressar, apenas 3,9% com até 24 anos, e 11,3% com 25 anos ou mais, os motivos mais apontados foram necessidade de trabalhar, falta de recursos financeiros e falta de tempo.
 

Principais dificuldades para ingressar no ensino superior

Entre os entrevistados que manifestaram intenção de cursar uma graduação, a falta de dinheiro aparece como o maior obstáculo, mencionada por 65% dos respondentes. Em seguida, 41,5% apontaram a falta de tempo, divididos entre trabalho, família e outras responsabilidades, como barreira significativa para dar continuidade aos estudos.

Outros desafios mencionados incluem dúvidas sobre qual curso escolher (20,3%), escassez de informações sobre opções e bolsas (18,9%), falta de motivação ou interesse (16,3%) e dificuldade de acesso físico, especialmente em cidades pequenas ou com oferta limitada de transporte (16%). Um grupo menor indicou incerteza sobre o retorno do investimento (“não sei se vale a pena”), com 5,3%, enquanto apenas 1% assinalou outros motivos.
Segundo o Instituto Semesp, os resultados mostram que as condições financeiras e a conciliação com o trabalho continuam sendo os principais entraves para o ingresso no ensino superior, mas fatores ligados à orientação vocacional e informação sobre oportunidades também pesam na decisão.
 

Preferência por instituições privadas e públicas

Entre os jovens que pretendem ingressar no ensino superior, 55,8% afirmaram que desejam estudar em uma instituição privada ou pública no Brasil, demonstrando não fazer distinção entres as duas redes de ensino. Outros 25,1% declararam preferência exclusiva por instituições públicas, enquanto 16,2% optariam apenas por instituições privadas nacionais. Um grupo menor (2,9%) manifestou interesse em cursar uma graduação fora do país.

De acordo com o Instituto Semesp, os dados evidenciam que, apesar da valorização das universidades públicas, a rede privada continua sendo o principal caminho para a democratização do ensino superior no país, sobretudo em um cenário em que o desejo de cursar uma graduação é elevado, mas as restrições financeiras ainda limitam as possibilidades de escolha.
 

Por faixa etária

A análise etária revela nuances importantes no comportamento dos futuros estudantes. Entre os jovens de até 24 anos, 57,3% pretendem ingressar em uma instituição privada ou pública no Brasil, e 27,9% manifestam preferência exclusiva por universidades públicas. Já 11,4% escolheriam apenas instituições privadas nacionais, enquanto 3,4% demonstraram interesse em estudar no exterior.

Entre os entrevistados com 25 anos ou mais, a tendência se mantém próxima, mas com ligeira redução na intenção geral de ingresso: 55% pretendem estudar em uma instituição privada ou pública no Brasil, 21,3% optariam exclusivamente por instituições públicas e 21,4% por privadas. Apenas 2,2% projetam estudar fora do país.

Os dados reforçam que o desejo de cursar o ensino superior é mais intenso entre os mais jovens, especialmente no início da vida profissional, enquanto os adultos demonstram maior seletividade e preocupação com custo, tempo e retorno financeiro da formação.
 

Preferências de curso e modalidade

A maioria (50,4%) prefere cursos presenciais, com destaque para os mais jovens (57,6% até 24 anos). O formato semipresencial aparece como segunda opção, seguido pelo EAD.

Entre os interessados, 42,3% afirmaram estar praticamente decididos quanto ao curso, e os mais citados incluem áreas como Administração, Enfermagem, Direito e Psicologia.

Quando questionados sobre o grau acadêmico, predominou o interesse por graduação bacharelado, seguida de tecnólogos e licenciaturas.

O turno preferido é o diurno (45–50%), especialmente entre os estudantes mais jovens e de São Paulo.
 

Escolha da instituição

Os fatores mais valorizados na escolha da instituição de ensino superior foram qualidade do ensino, reputação, localização, preço acessível e empregabilidade após a formação.

Em relação ao investimento, a maioria declarou estar disposta a pagar até R$ 1.000 por mês em um curso superior. O pagamento das mensalidades é majoritariamente planejado com recursos próprios ou apoio familiar, embora uma parcela ainda indefinida mencione o interesse em financiamentos ou bolsas.
 

Motivações para cursar o ensino superior

Entre os principais motivos que levam os jovens a quererem ingressar estão:

  • Garantir melhores oportunidades profissionais e aumento de renda;
  • Realização pessoal e conquista de independência;
  • Desejo de empreender ou gerenciar o próprio negócio;
  • Busca por estabilidade e ascensão social.

Inteligência Artificial e o futuro do aprendizado

A pesquisa revela uma percepção amplamente positiva sobre a Inteligência Artificial (IA): a maioria acredita que ela melhora o aprendizado e torna o estudo mais eficiente.

Os respondentes enxergam a IA como aliada no processo educacional, capaz de facilitar o acesso ao conhecimento, personalizar o aprendizado e apoiar o desempenho acadêmico — chegando a descrevê-la como um “professor 24 horas disponível”.

Ao mesmo tempo, surgem alertas sobre dependência excessiva, preguiça intelectual e perda de pensamento crítico. No campo profissional, muitos acreditam que a IA ampliará oportunidades e criará novas profissões, mas também poderá eliminar ocupações repetitivas, exigindo adaptação e requalificação constante.
 

Apostas online e influência no ingresso

O estudo também investigou o impacto das apostas e jogos online (bets) sobre o comportamento educacional.

Embora a maioria não tenha sido diretamente afetada, parte dos entrevistados reconhece que as apostas podem prejudicar o planejamento financeiro e dificultar o ingresso no ensino superior. As principais formas de impacto citadas foram endividamento, distração e priorização de gastos não essenciais. 

Para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, o resultado reforça que o interesse pela educação superior continua elevado, mas a questão econômica ainda é o maior obstáculo. “Os jovens querem estudar, reconhecem o valor da graduação, mas enfrentam limitações financeiras e de tempo. As instituições precisam entender esse cenário e oferecer alternativas acessíveis, flexíveis e conectadas às novas tecnologias, como a IA”, destaca Capelato. Ele também observa que o uso da IA “tende a ser um diferencial competitivo tanto no aprendizado quanto na inserção profissional”, mas requer formação crítica e ética para seu uso responsável.
 

Sobre o Instituto Semesp

O Instituto Semesp é um centro de inteligência analítica dedicado à produção de dados e estudos estatísticos sobre o ensino superior, integrado por especialistas com sólida experiência na análise do setor. Seu objetivo é fornecer informações relevantes e confiáveis para pesquisadores, educadores, gestores públicos e privados, jornalistas e a sociedade em geral, contribuindo para decisões estratégicas e formulação de políticas públicas. Responsável por estudos como o Mapa do Ensino Superior no Brasil, a Pesquisa de Empregabilidade e a Pesquisa de Inadimplência, o Instituto é referência na análise de tendências e indicadores educacionais do país.

Pesquisa na íntegra
anexo 1.pdf

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