Ferramentas tecnológicas aceleram o
acesso ao conhecimento, mas aprender depende da combinação certa de estímulos,
métodos e experiências; Conrado Schlochauer, especialista em aprendizagem contínua e autor
best-seller, explica
Divulgação
A popularização da Inteligência Artificial e o crescimento de
conteúdos rápidos nas plataformas digitais têm impulsionado a circulação de
antigos neuromitos sobre aprendizagem. Ideias como a existência de “estilos de
aprendizagem” rígidos, o mito de que “usamos apenas 10% do cérebro” ou a crença
de que “apenas força de vontade basta para aprender qualquer coisa” voltam a
ganhar espaço.
Embora atraentes, essas concepções não se sustentam em evidências
científicas e, justamente por isso, representam um desafio crescente na forma
como educadores compreendem o processo de aprendizagem.
Para Conrado Schlochauer, especialista em aprendizagem contínua e
autor best-seller, esse cenário não é surpreendente. “A facilidade de criar e
distribuir conteúdo, somada ao fascínio por tecnologias emergentes, faz com que
informações simplificadas pareçam verossímeis e se espalhem rapidamente”,
avalia.
As pesquisas contemporâneas em neurociência mostram que o
aprendizado humano é um processo complexo e influenciado por fatores como
contexto, motivação, prática e diversidade cognitiva. Pensando nisso, Conrado
listou os cinco tópicos que destacam a relação entre IA e neuromitos:
1. IA, popularização do conteúdo e o retorno dos neuromitos
A expansão da Inteligência Artificial e a abundância de conteúdos
rápidos nas plataformas digitais reacenderam antigos neuromitos sobre
aprendizagem. Essas ideias, embora populares, carecem de base científica e
podem distorcer a compreensão do processo de aprender.
“A facilidade de criar e distribuir conteúdo, somada ao fascínio
por tecnologias emergentes, faz com que informações simplificadas pareçam
verossímeis e se espalhem rapidamente”, afirma Conrado.
2.
O que a ciência diz sobre como aprendemos
Neurociência, psicologia cognitiva e estudos em educação mostram
que o aprendizado humano é complexo, influenciado por fatores como contexto,
motivação, prática e diversidade cognitiva. Não existe fórmula mágica ou atalho
universal.
“O que realmente impulsiona o aprendizado é a combinação certa de
estímulos, métodos e experiências. Seu cérebro evolui quando é desafiado,
quando coloca em prática o que aprende e quando recebe feedback”, destaca o especialista.
3.
IA como aliada do aprendizado
A IA pode fortalecer significativamente o aprendizado ao
personalizar jornadas de estudo, oferecer feedback imediato, apoiar curadoria
de conteúdo e democratizar o acesso ao conhecimento. Porém, isso só funciona
quando seu uso é baseado em evidências e intencionalidade pedagógica.
“A IA é capaz de personalizar o estudo sem aprisionar o aprendiz
em rótulos e pode acelerar a forma como encontramos e organizamos
conhecimento”, relata
o autor best-seller
4.
O perigo dos atalhos e das promessas milagrosas
Mesmo na era tecnológica, a busca por soluções rápidas continua
sedutora. Atalhos, porém, reforçam neuromitos e não substituem o esforço real
necessário para aprender.
“Mesmo em uma era de tecnologia avançada, ainda somos atraídos por
soluções mágicas. Aprender exige esforço, intenção e estratégia, não existe
atalho que substitua isso”, afirma Conrado.
5.
IA como potencializadora da aprendizagem ou propagadora de desinformação
A tecnologia não possui filtro intrínseco contra erros: ela
reproduz aquilo que encontra. Assim, quando alimentada por crenças equivocadas,
pode disseminar desinformação ainda mais rapidamente. Por outro lado, quando
guiada por ciência e boas práticas, torna-se uma boa aliada do desenvolvimento
humano.
“A IA não corrige mitos por conta própria. Ela replica aquilo que
encontra. Quando guiada pela ciência, é uma aliada; quando guiada por
neuromitos, se torna parte do problema”, destaca Schlochauer.
Nesse sentido, a discussão sobre neuromitos e recursos digitais
passa a ser também cultural: trata-se de construir uma relação mais madura com
o conhecimento, na qual experimentação, reflexão e autonomia têm tanto peso
quanto qualquer inovação.
Assim, mais do que definir se a IA é aliada ou ameaça, é preciso pensar nas atitudes diante do aprender para que façamos escolhas que ampliem, em vez de limitar, nossas possibilidades de crescimento.
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