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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Fagulha da revolução: 2025, o ano em que a IA saiu do papel


O ano de 2025 será lembrado como o momento em que a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa futurista para se tornar uma realidade tangível e operacional. Se nos anos anteriores vivemos o hype e a especulação, este foi o ano da execução, onde a tecnologia finalmente “saiu do papel". 

 

O mercado de trabalho começou a sentir o impacto não de uma ferramenta experimental, mas de uma infraestrutura que passou a permear processos, decisões e estratégias corporativas, marcando o início de uma transição irreversível de promessa para prática.

 

Essa mudança foi impulsionada por um salto qualitativo impressionante nas tecnologias de IA generativa. Superamos a fase da curiosidade misturada com frustração, onde as ferramentas entregavam resultados "pela metade" ou pouco confiáveis. 

 

Em 2025, a tecnologia atingiu um nível de maturidade onde a entrega não é apenas satisfatória, mas frequentemente superior ao padrão básico esperado. A IA deixou de ser um brinquedo de experimentação para se tornar um motor de eficiência, capaz de executar tarefas complexas que eliminam retrabalho e redefine os padrões de qualidade.

 

Neste cenário, a ascensão dos agentes autônomos representa a mudança mais drástica para a realidade profissional. Diferente dos chatbots passivos que aguardam pedidos e comandos, esses agentes começaram a atuar proativamente, tomando decisões e executando sequências de tarefas. Essa autonomia é o que está verdadeiramente remodelando certas estruturas das empresas, permitindo que a automação saia de tarefas repetitivas e entre em fluxos de trabalho cognitivos.

 

Apesar dessa sofisticação técnica, a forma como interagimos com a IA ainda vive um paradoxo. A tecnologia tornou-se extremamente acessível e fácil de conectar ao dia a dia, mas a maioria das pessoas ainda a utiliza com uma mentalidade antiga, tratando a IA mais como um "Google turbinado" do que como uma entidade conversacional. 

 

Ainda estamos aprendendo a pedir, a dialogar e a extrair o verdadeiro potencial de uma máquina que, em grande parte, entende contexto e nuance. Porém, seu uso é muito limitado a perguntas e respostas simples, a construir textos básicos ou organizar dados, no dia a dia das empresas. 

 

É aqui que o conceito de "co-piloto para todos" precisa ser examinado com olhar crítico. A verdadeira questão que 2025 trouxe não é se temos um co-piloto mas, sim, quais fricções reais ele está eliminando nos processos de trabalho.

 

Como escrevi em outro artigo, um relatório da iniciativa Networked AI Agents in Decentralized Architecture (NANDA), do MIT, mostrou que a maioria das empresas investindo pesado em IA ainda não teve aumento de faturamento. 

 

Apenas 5% dos programas piloto de IA conseguiram alguma aceleração das receitas de forma notável. Foram empresas que escolheram um ponto problemático, trouxeram parceiros com novas ferramentas e agentes de IA e resolveram essa fricção de seus processos. 

 

Enquanto isso, a maioria das iniciativas ficou estagnada, o que gerou pouco ou nenhum impacto mensurável. Implementar alguma solução de IA generativa não foi suficiente, principalmente, por falhas na integração corporativa, incluindo o treinamento dos colaboradores.

 

Ou seja, o valor dessa revolução não está em usar a IA para tarefas triviais, como pedir uma mensagem de final de ano para enviar aos parceiros e clientes, mas em aplicá-la para remover gargalos burocráticos, trabalhosos e cognitivos que travam a produtividade. 

 

O profissional do futuro identifica onde a IA pode assumir o peso, liberando espaço para a criatividade e a estratégia humana.

 

Afirmo que a revolução começou. Porém, diferentemente das rupturas caóticas do passado, ela está sendo feita de forma progressiva e consistente, como uma fundação sólida sobre a qual o futuro do trabalho está sendo construído. 2025 provou que a IA veio para ficar. Não para substituir o humano, mas para elevar a régua do que somos capazes de realizar.

 

Henrique Calandra - fundador do WallJobs, empresa de tecnologia brasileira que oferece soluções automatizadas para contratos de estágio, autor do livro “Inteligência Artificial Generativa para Iniciantes", colunista da ABStartups e palestrante de grandes ecossistemas como InovaBRA e Distrito.


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