O ano de 2025 será
lembrado como o momento em que a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma
promessa futurista para se tornar uma realidade tangível e operacional. Se nos
anos anteriores vivemos o hype e a especulação, este foi o ano da execução,
onde a tecnologia finalmente “saiu do papel".
O mercado de
trabalho começou a sentir o impacto não de uma ferramenta experimental, mas de
uma infraestrutura que passou a permear processos, decisões e estratégias
corporativas, marcando o início de uma transição irreversível de promessa para
prática.
Essa mudança foi
impulsionada por um salto qualitativo impressionante nas tecnologias de IA
generativa. Superamos a fase da curiosidade misturada com frustração, onde as
ferramentas entregavam resultados "pela metade" ou pouco
confiáveis.
Em 2025, a
tecnologia atingiu um nível de maturidade onde a entrega não é apenas
satisfatória, mas frequentemente superior ao padrão básico esperado. A IA
deixou de ser um brinquedo de experimentação para se tornar um motor de
eficiência, capaz de executar tarefas complexas que eliminam retrabalho e
redefine os padrões de qualidade.
Neste cenário, a
ascensão dos agentes autônomos representa a mudança mais drástica para a
realidade profissional. Diferente dos chatbots passivos que aguardam pedidos e
comandos, esses agentes começaram a atuar proativamente, tomando decisões e
executando sequências de tarefas. Essa autonomia é o que está
verdadeiramente remodelando certas estruturas das empresas, permitindo que a
automação saia de tarefas repetitivas e entre em fluxos de trabalho cognitivos.
Apesar dessa
sofisticação técnica, a forma como interagimos com a IA ainda vive um paradoxo.
A tecnologia tornou-se extremamente acessível e fácil de conectar ao dia a dia,
mas a maioria das pessoas ainda a utiliza com uma mentalidade antiga, tratando
a IA mais como um "Google turbinado" do que como uma entidade
conversacional.
Ainda estamos
aprendendo a pedir, a dialogar e a extrair o verdadeiro potencial de uma
máquina que, em grande parte, entende contexto e nuance. Porém, seu uso é muito
limitado a perguntas e respostas simples, a construir textos básicos ou
organizar dados, no dia a dia das empresas.
É aqui que o
conceito de "co-piloto para todos" precisa ser examinado com olhar
crítico. A verdadeira questão que 2025 trouxe não é se temos um co-piloto mas,
sim, quais fricções reais ele está eliminando nos processos de trabalho.
Como escrevi em outro artigo, um relatório da iniciativa Networked
AI Agents in Decentralized Architecture (NANDA), do MIT, mostrou que a maioria
das empresas investindo pesado em IA ainda não teve aumento de
faturamento.
Apenas 5% dos
programas piloto de IA conseguiram alguma aceleração das receitas de forma
notável. Foram empresas que escolheram um ponto problemático, trouxeram
parceiros com novas ferramentas e agentes de IA e resolveram essa fricção de
seus processos.
Enquanto isso, a
maioria das iniciativas ficou estagnada, o que gerou pouco ou nenhum impacto
mensurável. Implementar alguma solução de IA generativa não foi suficiente,
principalmente, por falhas na integração corporativa, incluindo o treinamento
dos colaboradores.
Ou seja, o valor dessa
revolução não está em usar a IA para tarefas triviais, como pedir uma mensagem
de final de ano para enviar aos parceiros e clientes, mas em aplicá-la para
remover gargalos burocráticos, trabalhosos e cognitivos que travam a
produtividade.
O profissional do
futuro identifica onde a IA pode assumir o peso, liberando espaço para a
criatividade e a estratégia humana.
Afirmo que a
revolução começou. Porém, diferentemente das rupturas caóticas do passado, ela
está sendo feita de forma progressiva e consistente, como uma fundação sólida
sobre a qual o futuro do trabalho está sendo construído. 2025 provou que a IA
veio para ficar. Não para substituir o humano, mas para elevar a régua do que
somos capazes de realizar.
Henrique Calandra - fundador do WallJobs, empresa de
tecnologia brasileira que oferece soluções automatizadas para contratos de
estágio, autor do livro “Inteligência Artificial Generativa para
Iniciantes", colunista da ABStartups e palestrante de grandes ecossistemas
como InovaBRA e Distrito.
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