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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Novas diretrizes de desengasgo entram em vigor e mudam o que se sabia sobre primeiros socorros

Especialistas alertam para atualização histórica e mostram como ela já começou a ser aplicada no Brasil 

 

As recomendações internacionais sobre como agir em casos de engasgo — prática popularmente associada à tradicional Manobra de Heimlich — acabam de passar por sua maior atualização em décadas. Divulgadas por instituições de referência global, as diretrizes mudam pontos essenciais do atendimento de emergência e vêm chamando a atenção de especialistas, sobretudo pela relevância do tema: só em 2023, mais de 2 mil brasileiros morreram por obstrução das vias aéreas, segundo dados do Ministério da Saúde. 

Para o otorrinolaringologista Dr. Gilberto Pizarro, do Hospital Paulista, as mudanças representam um avanço importante na forma de abordar situações que evoluem em questão de segundos.

“Por muitos anos, a manobra de Heimlich foi tratada como ‘o passo principal’. Agora, a recomendação é mais abrangente e dá prioridade a uma sequência que aumenta a segurança tanto da vítima quanto de quem presta socorro”, explica.

 

O que mudou, afinal?

Entre os principais ajustes do novo protocolo, estão: 

Uso mais criterioso do Heimlich

A manobra de Heimlich deixa de ser o primeiro recurso universal e passa a ser indicada apenas quando as pancadas nas costas não forem eficazes, ou quando houver sinais claros de obstrução total persistente. O novo protocolo estimula uma avaliação rápida da situação antes de partir diretamente para as compressões abdominais.

 

Pancadas nas costas com técnica específica para cada faixa etária
O protocolo reforça a importância das pancadas interescapulares, porém com técnicas distintas para adultos e crianças.

– Adultos: socorrista fica atrás da vítima, inclina levemente o tronco para frente e aplica cinco pancadas vigorosas na região entre as escápulas.

– Crianças pequenas: a criança é posicionada de bruços sobre o antebraço do socorrista, com a cabeça levemente mais baixa que o tronco; então são dadas cinco pancadas firmes, porém controladas, na mesma região.

 

Novas orientações específicas para crianças pequenas

As diretrizes reforçam que bebês e crianças pequenas têm riscos anatômicos diferentes e exigem técnicas próprias, evitando compressões abdominais em menores de um ano.

 

Ênfase no reconhecimento rápido da obstrução total ou parcial

A atualização destaca sinais como incapacidade de falar, tosse ineficaz, cianose e ausência de entrada de ar — fundamentais para definir qual manobra deve ser adotada.

 

Instruções mais claras para vítimas que estão sozinhas

O protocolo atual detalha formas seguras de tentar desobstruir as vias aéreas sem ajuda, incluindo o uso do encosto de uma cadeira ou da borda de uma superfície rígida para aplicar pressão controlada na região superior do abdômen — técnica já incorporada ao manual emergencial. 

Segundo o Dr. Pizarro, essas mudanças tornam o atendimento mais seguro e reduzem riscos associados à aplicação inadequada da manobra. “A atualização traz um protocolo mais didático e, ao mesmo tempo, mais eficaz. É um passo essencial para que leigos e profissionais possam agir com precisão”, afirma.

 

Ação voluntária 

Em novembro, o Hospital Paulista aplicou pela primeira vez o novo protocolo em um treinamento oferecido a aproximadamente 60 colaboradores do Hilton São Paulo Morumbi, abrangendo equipes de cozinha, restaurante, recepção, segurança, RH e áreas administrativas. 

O treinamento, conduzido pelos médicos Dr. Gilberto Pizarro e Dra. Luciana Fernandes, incluiu simulações práticas em manequins adulto e infantil, demonstração das técnicas atualizadas de desengasgo e orientações de prevenção — especialmente para crianças e idosos, que concentram a maior parte dos casos no país. 

Segundo Pizarro, essa aproximação com equipes que lidam diariamente com o público amplia de forma real o impacto da atualização. “De nada adianta um novo protocolo se ele não chega a quem está na linha de frente. Ver profissionais de hotelaria aprendendo a agir diante de um engasgo é, de fato, salvar vidas antes que a emergência aconteça”, destaca.

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


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