O cartão de crédito continua avançando no orçamento
das famílias brasileiras e ganhando espaço nas compras do dia a dia.
Levantamentos da Abecs mostram que o uso de cartões, principalmente o crédito,
cresce ano após ano no comércio físico e no online. O movimento, porém,
acompanha outro indicador: segundo o SPC, cerca de 80 milhões de pessoas
terminaram o ano endividadas.
Para Breno Nogueira, influenciador e especialista em planejamento
financeiro, a preferência pelo crédito no dia a dia cria uma sensação de renda
maior do que a real. Ele destaca que o uso mais frequente do débito ajuda a
manter o orçamento sob controle e reduz riscos, como perda de renda, acúmulo de
parcelas e cobranças inesperadas.
O especialista também comentou sobre os principais problemas que
grande parte dos usuários do cartão de crédito enfrentam — e por que é
importante controlar ao máximo o uso. Confira:
1. O cartão transforma o salário em “pagador de fatura”
Quando o cartão de crédito concentra todas as
despesas, o salário deixa de financiar a vida real e passa a servir apenas para
pagar a fatura. Breno Nogueira explica que é assim que muitas famílias entram
em um ciclo em que nada sobra no final do mês — e, sem sobra, o consumidor
continua recorrendo ao cartão para sobreviver ao mês seguinte. A ausência de
limite no crédito favorece esse comportamento, diferente do débito, que mostra
o impacto do gasto imediatamente.
2. Gastos variáveis ficam invisíveis no crédito
Despesas que mudam conforme o dia — cafés,
delivery, mercado rápido — deveriam ser monitoradas em tempo real. No crédito,
normalmente, elas se acumulam sem “dor imediata”, só aparecendo 30 dias depois.
Breno aponta que é justamente nesses gastos flexíveis que o débito funciona
melhor: a falta do dinheiro no saldo força o consumidor a ajustar o ritmo no
mesmo dia, evitando que essas compras se transformem em uma fatura difícil de
pagar.
3. Parcelamentos competem com despesas essenciais
Compras parceladas criam um compromisso futuro que
muitas vezes é esquecido. Quando as parcelas começam a se sobrepor, elas
pressionam despesas fixas como aluguel, energia e saúde. Breno defende que o
parcelamento não é o vilão, mas exige disciplina — algo que se perde quando o
consumidor já está com a renda tomada por faturas volumosas. No débito, a
compra é sentida na hora e evita que o orçamento seja comprometido por meses.
4. Muitos cartões dificultam o controle
Quanto mais cartões na carteira, maior o risco do
consumidor perder o controle do que já gastou e de quanto ainda será cobrado.
Isso aumenta a chance de inadimplência e de cobranças inesperadas. Para quem
busca reorganizar as contas, Breno recomenda reduzir a quantidade de cartões
ativos e priorizar o débito enquanto recupera margem financeira.
5. Limite não é renda — e essa confusão custa caro
Um dos erros mais comuns é tratar o limite do
cartão como uma extensão do salário. Breno reforça que o crédito não representa
um dinheiro disponível na conta, mas sim uma antecipação de uma renda que ainda
virá. Quando o consumidor se apoia no limite para fechar o mês, qualquer
imprevisto, perda de renda, queda de comissões, atraso de pagamento, vira um
gatilho para o endividamento. “Quando o débito é priorizado, o consumidor volta
a calibrar o orçamento com base no dinheiro real e não em uma projeção”,
completa Breno.
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