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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

CINCO HÁBITOS DIGITAIS QUE PRECISAM FICAR EM 2025 PARA VOCÊ NÃO VIRAR ALVO EM 2026

Deepfakes, vozes clonadas e 6,4 milhões de tentativas de fraude: perito em crimes digitais explica o que realmente deve preocupar os brasileiros em 2026.

 

Em 2025, os golpes digitais deixaram definitivamente de ser amadores. Deepfakes que imitam vozes de familiares, clonagem de documentos gerada por IA e links fraudulentos quase indistinguíveis dos originais transformaram a internet no ambiente mais arriscado já registrado no país. Segundo o Serasa, foram mais de 6,4 milhões de tentativas de fraude entre janeiro e junho de 2025 no Brasil, o que corresponde a uma tentativa de fraude a cada 2,4 segundos. 

Para 2026, o cenário é ainda mais desafiador. Segundo o perito internacional em crimes digitais Wanderson Castilho, CEO da EnetSec, o Brasil vive uma “tempestade perfeita” de desinformação, excesso de exposição e poucos hábitos de segurança digital. “A tecnologia avançou dez anos em dois; já a percepção de risco do brasileiro continua parada no mesmo lugar. Hoje, não é preciso ser hacker. As ferramentas de inteligência artificial fazem o trabalho pesado e colocam qualquer pessoa com má intenção em posição de ataque”, resume. 

Ele ainda reforça que o problema não está apenas na sofisticação dos golpes, mas na repetição dos erros cotidianos. “Estamos entrando em 2026 com os mesmos hábitos frágeis que facilitaram os golpes em 2025. E isso é tudo o que o criminoso precisa”, diz. “Golpista não mira o aparelho, mira o comportamento. Não importa se o celular é novo ou se a senha é forte, se a pessoa clica sem pensar ou envia documento pelo WhatsApp, ela vira alvo.” 

Para te ajudar, o especialista destacou quais os cinco piores hábitos de segurança digital que colocam as pessoas em risco, confira:

 

Clicar em links sem checar a origem: Golpistas dominam engenharia social. Mensagens com tom de urgência “sua conta será bloqueada”, “último aviso”, “pedido entregue” continuam sendo o principal gatilho para roubo de dados. Esses links levam a páginas falsas quase idênticas às originais e facilitam ataques de phishing, que seguem sendo a fraude mais comum no país. Castilho reforça que geralmente, o golpe começa num clique, e se existe dúvida, a recomendação é não clicar, e nunca compartilhar o link com outras pessoas

 

Enviar documentos e dados pessoais pelo WhatsApp: Um erro que parece inocente, mas é um dos maiores catalisadores de golpes. Selfies de confirmação, RG, comprovantes, prints de cartão, tudo circula por grupos e conversas sem qualquer proteção. Criminosos usam esse material para abrir contas falsas, fazer compras, solicitar crédito e até simular vídeos usando IA com o rosto da vítima. “Documento não é figurinha. Uma vez que circula, perde o controle. É a senha-mestra para vários tipos de fraude”, diz.

 

Reutilizar a mesma senha em vários serviços: É um hábito nacional, e extremamente arriscado. Quando uma única plataforma sofre vazamento, todas as outras contas do usuário ficam vulneráveis, do e-mail ao banco. Mesmo assim, pesquisas mostram que boa parte dos brasileiros ainda repete senhas “para não esquecer”. “Usar a mesma senha é como trancar a casa, o carro e o escritório com a mesma chave. Se uma cópia vaza, tudo está aberto”, explica o especialista. A recomendação são senhas únicas + autenticação em dois fatores.

 

Confiar em perfis que parecem oficiais: Criminosos se profissionalizaram e hoje replicam fotos, logos, linguagem de atendimento e até anúncios falsos para simular perfis de bancos, varejistas e empresas de tecnologia. Muitas vítimas relatam que “o perfil parecia real”, justamente porque esses perfis falsos são produzidos com alto nível de detalhamento visual. Segundo Castilho, golpistas exploram a confiança do brasileiro no aspecto estético dos canais digitais. O que valida um perfil não é o layout, é a verificação da origem. A recomendação é sempre confirmar a autenticidade por meio do site oficial ou canais validados pela empresa antes de interagir.

 

Resolver tudo com pressa, e sem verificar: A pressa segue como um dos principais motores das fraudes digitais. Situações que envolvem PIX “urgente”, cadastros “necessários para liberar acesso”, códigos enviados “para confirmar identidade” e atendimentos falsos que exigem ação imediata fazem parte da estratégia psicológica usada pelos golpistas. Wanderson Castilho explica que, sob estresse ou pressão, o usuário tende a desligar o senso crítico. O golpista cria a pressa justamente para impedir a verificação. Por isso, qualquer pedido urgente deve ser tratado com desconfiança redobrada.

 

O que esperar de 2026? 

Para o especialista, 2026 será um ponto de virada no cenário da segurança digital. A sofisticação dos golpes tende a crescer rapidamente, não pela habilidade dos criminosos, mas pela facilidade de acesso a ferramentas de inteligência artificial capazes de criar mensagens, áudios e interações praticamente idênticas às reais. 

“Estamos caminhando para um ano em que cada pessoa receberá golpes moldados exatamente ao seu perfil. A IA vai permitir fraudes altamente personalizadas, que conhecem seus hábitos, sua linguagem e até seus horários. Mas, paradoxalmente, nunca tivemos tantas ferramentas de proteção disponíveis. A diferença não está apenas na tecnologia, está no comportamento”, afirma Castilho. 

Segundo ele, o fator humano continuará sendo o elo mais vulnerável da cadeia digital em 2026. “Não existe blindagem absoluta. O que existe é a prevenção inteligente. E ela começa no básico: desconfiar do que parece urgente demais, verificar antes de agir e entender que segurança digital é um hábito", conclui.

 

Wanderson Castilho - Perito internacional em crimes cibernéticos, Wanderson Castilho já solucionou mais de 6 mil casos ao redor do mundo, utilizando técnicas avançadas de perícia digital, análise de metadados e rastreamento de identidades anônimas. Fundador da Enetsec, com sede nos EUA e no Brasil, atua há mais de 20 anos desvendando fraudes, vazamentos e assédios virtuais com precisão técnica e foco na verdade digital. Físico de formação e autor de quatro livros, Castilho é certificado em investigação de criptomoedas pelo Blockchain Intelligence Group — ferramenta usada por FBI e CIA —, além de possuir certificações como Certified Ethical Hacker (CEH), Certified Computing Professional (CCP) e ser membro da ACFE (Association of Certified Fraud Examiners). É também licenciado como investigador particular nos Estados Unidos. Seu trabalho contribuiu para mudanças legislativas, como a criação da Lei da Pornografia de Vingança (Lei 13.772/2018), sendo hoje uma das maiores autoridades em segurança digital da América Latina. Saiba mais em: www.enetsec.com



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