Adriana Melo, especialista em finanças e
tributação, aponta caminhos práticos para aproveitar o benefício sem cair em
ciladas de fim de ano
Com a chegada da primeira parcela do 13º salário, milhões de brasileiros enfrentam o mesmo dilema: usar o dinheiro para pagar dívidas, investir ou aproveitar as festas de fim de ano? Em um período marcado por gatilhos de consumo, sensação de “vida nova” e uma avalanche de ofertas, decisões impulsivas podem comprometer não apenas dezembro, mas todo o início do próximo ano.
Segundo a especialista em finanças e tributação Adriana Melo, a prioridade é clara: quem tem dívida, tem prioridade. “O melhor uso do 13º é quitar ou negociar as dívidas mais caras, aquelas com juros elevados e que corroem o orçamento mês após mês. Muitas vezes também vale olhar para dívidas que trazem desconforto emocional, como dever para familiares, porque quitar isso traz alívio financeiro e psicológico”, explica.
Ainda assim, Adriana reforça que o equilíbrio é essencial. Presentes, encontros e ceia fazem parte da vida, mas transformar dezembro em um delírio financeiro pode gerar consequências sérias. “Comprar emoção parcelada e receber ansiedade à vista é uma das maiores armadilhas desta época. Entrar em novos parcelamentos, especialmente já endividado, só aumenta a bola de neve e compromete o início do ano, marcado por despesas como IPTU, IPVA, material escolar e reajustes”, alerta.
Por isso, antes de pensar em investir, o foco deve ser na organização e na construção de uma reserva mínima. “Sem essa proteção, qualquer imprevisto vira mais dívida cara. O 13º deve ser usado para recuperar fôlego, não para acelerar ainda mais o descontrole financeiro”, destaca.
Para quem já está com tudo em ordem, o cenário é mais favorável. Com juros elevados no país, a renda fixa surge como porta de entrada ideal para iniciantes, oferecendo previsibilidade, segurança e bom rendimento. Segundo Adriana, investir com coerência exige entender três pilares — objetivo, prazo e tolerância ao risco — e evitar impulsos típicos de fim de ano. “Investimento exige constância e estratégia, não pressa. Começar com produtos simples e diversificar conforme o conhecimento aumenta é mais valioso do que investir rápido”, afirma.
Independentemente da situação financeira, o 13º só rende de verdade quando é usado com planejamento. A Black Friday é um dos principais perigos e onde muitos já comprometem o benefício antes de recebê-lo. “Se a compra não cabe no planejamento, nem com desconto, ela deixa de ser oportunidade e vira cilada”, diz Adriana. Divisões práticas, como destinar parte do valor para celebrações, parte para os gastos de janeiro e parte para reserva ou investimentos, ajudam a manter o equilíbrio.
Pensando nisso,
Adriana reuniu três caminhos práticos para
aproveitar o 13º salário com consciência financeira:
1.
Priorize dívidas, especialmente as mais caras
“A regra número um
é clara: quem tem dívida, tem prioridade. O melhor uso do 13º é quitar ou
negociar as dívidas mais caras, aquelas com juros elevados e que corroem o
orçamento mês após mês. Muitas vezes também vale olhar para dívidas emocionais,
como dever para familiares, porque quitar isso traz alívio financeiro e
psicológico. Entrar em novos parcelamentos só aumenta a bola de neve e
compromete o início do ano. Para quem tem dívidas, este não é o momento de
investir, mas sim de organizar e montar uma pequena reserva", comenta.
2. Se
for investir, foque em coerência e não em impulso
“Se a pessoa está
com a vida financeira organizada, sem dívidas e com uma reserva mínima, faz
sentido pensar em investimentos. Com juros elevados, a renda fixa é o ponto de
partida ideal, com boas opções no Tesouro Direto e aplicações atreladas ao CDI.
A escolha deve considerar objetivo, prazo e tolerância ao risco.
Investimento não é sobre pressa, e sim sobre constância, estratégia e coerência
com a realidade financeira de cada pessoa", completa a especialista.
3.
Planeje o uso do 13º para que ele realmente renda
“O 13º rende quando é usado com planejamento, e isso começa até antes de dezembro, na Black Friday. Se a compra não cabe no planejamento, o desconto não transforma a decisão em oportunidade. Uma divisão prática ajuda muito: 33% para celebrar sem exageros; 33% para despesas de janeiro (IPVA, IPTU, material escolar); e 34% para reserva de emergência ou investimentos, caso não haja dívidas. O benefício também pode ser uma ótima oportunidade para negociar dívidas com desconto ou aproveitar o cenário de juros altos para investir em renda fixa. No fim das contas, a verdadeira liberdade financeira vem de começar janeiro sem pagar pela vida que você fingiu ter em dezembro", conclui Adriana Melo.
Adriana Melo - mentora financeira, especialista em finanças e tributação, com mais de 20 anos de experiência em finanças corporativas, planejamento, controladoria e uma especialização estratégica em tributação - diferencial raro entre executivos da área. Com passagens por empresas como Gartner, Ferrero, Votorantim e CNH Capital, ela atua com foco em geração de valor, eficiência fiscal e tomada de decisão estratégica, sendo reconhecida pela capacidade de traduzir complexidades financeiras em soluções práticas e sustentáveis para o crescimento das organizações.
Casa Tout: https://www.instagram.com/casa.tout/
Nenhum comentário:
Postar um comentário