Especialista do A.C.Camargo indica envelhecimento
populacional, acúmulo de exposição solar e a baixa adesão das medidas de
prevenção como reflexo dessa tendência global de diagnósticos
Mesmo fazendo parte da lista de tumores facilmente evitáveis, o câncer de pele representa cerca de 33% de todos os diagnósticos da doença, alcançando a marca de mais de 180 mil novos casos por ano no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Segundo o Observatório do Câncer, publicação exclusiva desenvolvida pelo A.C.Camargo Cancer Center, os tumores cutâneos correspondem a mais de 30% dos casos tratados na instituição ao longo dos últimos 20 anos.
Dados publicados no ano passado pelo Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences revelaram um aumento de 57% nos casos notificados desde 2020 no país. Usando uma base de dados do Sistema de Notificação de Agravos (SINAN), disponibilizados pelo DATASUS entre 2018 a 2023, os pesquisadores descobriram uma maior concentração de atendimentos pela doença nas regiões Sudeste e Sul, sendo predominante entre pessoas brancas e idosos na faixa etária de 70 a 79 anos, com maior incidência entre homens (52%).
Os achados brasileiros vão de encontro com uma tendência de aumento de casos pelo mundo, reiterada no estudo recém-publicado no periódico Jama Dermatology, que analisou dados globais entre 1990 e 2020 e mostrou essa crescente de diagnósticos de tumores do tipo carcinoma basocelular de 61,3%, enquanto os carcinomas espinocelulares, saltaram em 42,5% na América do Norte, Austrália, Nova Zelândia.
Para o líder do Centro de Referência em Tumores Cutâneos do A.C.Camargo, Dr. João Duprat, o envelhecimento populacional, o acúmulo de exposição solar inadequada ao longo dos anos e fatores genéticos, assim como a baixa adesão às medidas de prevenção por parte da população masculina, podem justificar esse aumento de casos.
“Especialmente em um país tropical como o Brasil, com temperaturas que batem recorde a cada verão, é importante reforçarmos o Fator de Proteção Solar (FPS) como principal defesa contra os efeitos nocivos dos raios UVA e UVB. Além de ficar na sombra na praia, se exercitar ao ar livre com roupas de proteção, usar bonés e chapéus é importante investir no uso do protetor solar diariamente e da forma correta”, acrescenta. Ele ainda ressalta que, a exposição em excesso aos raios solares pode não parecer um problema imediato, mas os anos de acúmulo vão cobrar um preço no futuro, por isso a prevenção é sempre a melhor alternativa.
O especialista reforça que para uma proteção adequada é preciso aplicar e reaplicar o protetor a cada 4/6 horas em uma rotina de uso diário e a cada 2 horas ao suar na prática de atividades ao ar livre ou logo após nadar. Na dúvida sobre qual fator de proteção solar usar, vale entender que um FPS 5 significa que você está cinco vezes mais protegido em comparação à pele sem protetor, enquanto um FPS 70 oferece uma proteção 70 vezes maior. Aumentar o FPS nos dias de altas temperaturas e maior exposição é uma boa estratégia.
Consultar
um dermatologista ao notar qualquer mudança é fundamental para a detecção
precoce de possíveis tumores. “A regra que conhecemos como ABCDE pode ajudar na
identificação de sinais preocupantes. No que diz respeito a pintas e manchas,
vale ter atenção à Assimetria, Bordas
irregulares, Cores variadas, Diâmetro superior a 6mm e Evolução
dessas mudanças. Outro sinal são feridinhas que aparecem no corpo e não
cicatrizam totalmente por mais de um mês, tendo sangramento ou não podem ser um
alerta para procurar um médico. A detecção do câncer em estágios iniciais
amplia significativamente as chances de cura”, indica.
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