A condição é causada por alterações hormonais e crescimento do útero. Medidas dietéticas e medicamentos específicos podem proporcionar alívio eficaz
O refluxo gastroesofágico é uma das queixas mais comuns da
gravidez, com sintomas como azia e regurgitação relatados por 40% a 85% das
gestantes². Essas mudanças podem ocorrer bem cedo, ainda no primeiro trimestre,
com tendência a piorar ao longo da gravidez. A condição pode ter um impacto
negativo na qualidade de vida, afetando principalmente o sono, além da
alimentação e da rotina social.
As principais causas estão relacionadas às profundas alterações
que ocorrem no corpo da mulher. O aumento dos níveis de progesterona é o
principal fator hormonal responsável pelo problema, já que o hormônio relaxa o
esfíncter esofágico inferior - uma espécie de "válvula" que impede o
retorno do conteúdo ácido do estômago para o esôfago.
"A progesterona tem um papel fundamental no relaxamento da
musculatura uterina para prevenir contrações prematuras, mas infelizmente
também afeta o esfíncter esofágico. Somado ao crescimento do útero que comprime
o estômago, especialmente no segundo e terceiro trimestres, temos o cenário
perfeito para o desenvolvimento do refluxo", explica Dr. Décio Chinzon
(CRM 49552 SP), gastroenterologista.
Sinais típicos do quadro incluem azia e regurgitação, enquanto
outros casos podem apresentar dor no peito, sensação de bolo na garganta,
eructação, soluços e tosse. Os sintomas tendem a piorar ao longo da gestação e
quando a gestante se deita.
Embora as complicações graves sejam raras, é fundamental estar
atenta a sinais de alarme que podem indicar problemas mais sérios, como
hemorragia (vômitos com sangue ou fezes enegrecidas) ou ausência de resposta ao
tratamento, situações em que exames específicos e o uso de medicações podem ser
necessários — com o acompanhamento de um médico.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, os sintomas desaparecem
após o parto, quando os níveis hormonais retornam ao normal e a pressão
mecânica diminui. No entanto, o impacto na qualidade de vida durante a gestação
não deve ser subestimado, já que estudos mostram complicações em aspectos
físicos, sociais e emocionais das gestantes afetadas¹-².
O tratamento deve sempre priorizar mudança de hábitos como
primeira possível solução, entrando com medicação com orientação médica em
casos persistentes. A convite de LuftaGastro, Dr. Décio elenca algumas medidas
que podem aliviar os sintomas no dia a dia:
- Fracione as refeições: prefira reduzir
o volume de alimentos ingeridos a cada refeição, se alimentando mais vezes
ao dia. O ideal é ingerir algo a cada 2 ou 3 horas para manter o estômago
menos cheio. Isso vai diminuir a pressão interna e a chance de o ácido
retornar para o esôfago.
- Espere um tempo antes de deitar: faça sua última refeição pelo menos 2 a 3 horas antes de ir
para a cama. Deitar-se logo após comer facilita o retorno do conteúdo
gástrico. Esse tempo permite que o estômago se esvazie parcialmente.
- Ajuste sua posição ao dormir: eleve a cabeceira da cama em cerca de 15 cm (use
travesseiros extras, por exemplo) e prefira dormir virada para o lado
esquerdo. A elevação usa a gravidade a seu favor e a posição do lado
esquerdo dificulta anatomicamente a subida do ácido.
- Monitore sua alimentação: identifique e evite alimentos que costumam agravar o refluxo.
Alguns exemplos comuns são alimentos gordurosos ou condimentados, chocolates,
sucos cítricos e tomates.
- Converse com seu obstetra: se as mudanças de hábitos não forem suficientes, existem
opções seguras de medicações que seu médico pode recomendar. Os antiácidos
com alginato de sódio, como LuftaGastro Dupla Ação, são classificados na
categoria A de segurança para gestantes (a mais alta) pela ANVISA e, em
contato com o ácido gástrico, formam um gel que funciona como uma barreira
protetora do estômago.
O importante é não sofrer em silêncio. "O refluxo
gastroesofágico na gravidez é uma condição muito comum que pode ser
efetivamente controlada com o tratamento adequado. O primordial é buscar ajuda
- existem soluções seguras que permitem às gestantes viverem este período de
forma mais confortável e prazerosa", conclui Dr. Décio.
¹
Dall´Alba V, et al. Health-related quality of life of pregnant women with
heartburn and regurgitation. Arq. Gastroenterol. 2015. 52(2):100-4.
² FEBRASGO. Doença do refluxo gastroesofágico na
gravidez. São Paulo; 2022.

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