Nos últimos anos o perfil do AVC tem
mudado, mais casos em adultos jovens, e a combinação de fatores médicos e
psicológicos ajuda a explicar essa tendência 
Envato
Acidente Vascular Cerebral (AVC) retorna ao centro dos alertas de
saúde pública no Brasil: um levantamento da consultoria Planisa, divulgado em
outubro de 2025, indica que o país registra, em média, uma morte por AVC a cada
6,5 minutos
Ao mesmo tempo, pesquisas recentes mostram um crescimento de
casos entre jovens. Segundo dados apresentados pela World Stroke Organization
(WSO) no relatório Global Stroke Fact Sheet 2024, houve aumento de incidência
de AVC em adultos entre 20 e 45 anos, impulsionado por fatores como estresse crônico,
hipertensão precoce e hábitos de vida nocivos. No Brasil, estudos da Sociedade
Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV) publicados em 2023 também
apontam avanço proporcional de casos em adultos jovens.
Há hoje evidências crescentes de que fatores psicossociais não são
meros coadjuvantes e sim, uma associação significativa entre estresse/condições
emocionais e risco de AVC, em alguns trabalhos, pessoas expostas a estresse
crônico apresentaram risco substancialmente maior de sofrer um AVC. Além disso,
depressão e ansiedade influenciam a adesão a tratamentos, controle de pressão
arterial e hábitos de vida (sono, alimentação, consumo de álcool e tabagismo),
ampliando o risco vascular. Ou seja: saúde mental fragilizada pode tanto
precipitar um evento quanto piorar a recuperação.
Especialistas alertam que grande parte dos AVCs é evitável:
controle da hipertensão, manejo do diabetes, detecção e tratamento de
dislipidemia, combate ao tabagismo, redução do consumo abusivo de álcool,
prática regular de atividade física reduzem fortemente a probabilidade de
derrame. Paralelamente, políticas de promoção da saúde mental (triagem para
depressão e estresse, acesso a psicoterapia e suporte ocupacional) também atuam
como medidas preventivas indiretas, pois melhoram a adesão terapêutica e
estilos de vida
“O enfrentamento do AVC, especialmente entre os jovens, exige
olhar integrado: não basta controlar o colesterol ou a pressão se a pessoa vive
sob carga de estresse, não dorme, bebe para ‘aguentar’ a pressão do dia a dia
ou não procurar acompanhamento psicológico”, diz Luciane Rabello, psicóloga e
CEO da TalentSphere
People Solutions. “Em 2026 precisamos ampliar a integração
entre cuidados clínicos e acompanhamento psicológico, levando prevenção para o
ambiente de trabalho, escolas e atenção primária.”
Luciane Rabello traz propostas práticas para reverter a
curva em 2026
- Triagem ampliada na atenção primária: incluir avaliação de risco cardiovascular e triagem
para sintomas de ansiedade/depressão em consultas de rotina, criar fluxos
rápidos para encaminhamento.
- Programas de prevenção ocupacional: empresas devem oferecer monitoramento da pressão arterial,
campanhas sobre sono e stress management, e acesso a aconselhamento
psicológico como benefício de saúde. “Intervenções no local de trabalho
são importantes porque é onde muitas pessoas acumulam fatores de risco”,
afirma Luciane Rabello.
- Campanhas públicas integradas: comunicação clara sobre sinais de AVC (tempo é cérebro),
prevenção vascular e a relação com saúde mental; facilitar acesso a
teleconsulta e a medidas de acompanhamento.
- Rastreamento e manejo de fatores metabólicos em adultos
jovens: protocolos para identificar
hipertensão precoce, resistência insulínica e dislipidemia em pacientes
abaixo dos 50 anos.
- Capacitação da rede de atenção
(urgência e reabilitação): reduzir tempo
até atendimento, ampliar acesso a unidades com protocolos de
trombólise/trombectomia quando indicados, e incluir suporte psicológico
desde a fase aguda.
A integração do acompanhamento psicológico
não é um luxo: é estratégia de saúde pública. Pacientes com depressão têm menor
adesão à medicação e controle de doenças crônicas; o estresse elevado se
associa a aumento do risco vascular demonstrado por estudos recentes.
Intervenções psicossociais, terapias breves, programas de redução de estresse
(por exemplo, técnicas de manejo do estresse baseadas em evidências) e suporte
social, podem reduzir comportamentos de risco e melhorar a eficácia das medidas
médicas.
A redução das mortes e sequelas por AVC passa por três frentes:
prevenção (médica e psicológica),
atendimento rápido (conhecimento da população sobre sinais e melhor estrutura
de pronto atendimento) e reabilitação completa (incluindo suporte psicológico e
reintegração social/trabalho). A mudança de foco, de apenas “tratar” para
“prevenir e cuidar integralmente”, é a aposta para 2026. Como resume Luciane
Rabello: “A prevenção do AVC começa antes do derrame, e a saúde mental é parte
dessa linha de frente.”
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