“A criança aprende quando vive experiências reais,
cria conexão e não quando fica presa a uma tela.”, afirma Cristiane Cristo,
diretora pedagógica da Start Anglo Bilingual School
O ano de 2025 não passou despercebido pelas escolas brasileiras. Depois de um período de transformações aceleradas – pandemia, explosão do digital, expansão do bilinguismo e o surgimento da inteligência artificial como ferramenta de estudo – a educação finalmente pisou no freio para fazer algo essencial: observar as crianças de perto.
Foi
um ano de retomadas, de redescobertas e de reposicionamentos. Mas, acima de
tudo, foi o ano em que muitas escolas entenderam que o mais urgente não era
adicionar mais tecnologia ou mais conteúdo. Era devolver às crianças algo
simples e poderoso: presença, vínculo e experiência real.
A volta do brincar, do olho no olho e do tempo de qualidade
Uma das mudanças mais simbólicas de 2025 foi a adoção ampla da política de zero celular em sala de aula em diversas redes brasileiras. O St. George, onde Cristiane Cristo atua há anos, já aplicava essa regra muito antes de virar tendência nacional. A escola defendia que o telefone não é instrumento de aprendizagem infantil e que sua ausência transforma a energia do ambiente.
O resultado era visível. Crianças brincavam mais, conversavam mais, resolviam conflitos olhando umas para as outras e criavam vínculos reais. Elas estavam presentes.
Ao ver essa medida se espalhar pelo país, Cristiane Cristo, que também é diretora pedagógica da Start Anglo Bilingual School no Rio de Janeiro, afirma que 2025 resgatou um valor perdido.
“Quando tiramos o celular de cena, a criança reaparece. Ela volta a brincar,
a cooperar, a imaginar. Ela olha em volta, olha para os amigos, olha para si. O
celular não era o vilão, ele só estava roubando tempo que era dela. A criança
aprende quando vive experiências reais, cria conexão e não quando fica presa a
uma tela.”
As famílias mudaram e as escolas precisaram acompanhar
O comportamento das famílias também deixou claro que 2025 foi um divisor de águas. As exigências mudaram. O que define uma boa escola, hoje, não é mais apenas desempenho acadêmico.
Cristiane resume essa mudança em uma frase: “As famílias querem escolas que acolhem, organizam, limitam telas, fortalecem relações humanas, desenvolvem competências socioemocionais, estimulam autonomia e oferecem visão global. Elas querem ambientes onde seus filhos possam ser inteiros.”
Essa
mudança de comportamento consolidou uma nova lógica no ensino privado
brasileiro: educação premium não é sinônimo de sofisticação, é sinônimo de
propósito, consistência e cuidado.
O bilinguismo deixou de ser tendência e virou demanda estruturada
Outro aprendizado importante de 2025 foi o amadurecimento da educação bilíngue. Já não se discute mais se vale a pena, discute-se como deve ser feito. O bilinguismo eficiente passou a ser entendido como ferramenta de pensamento, e não como aula isolada.
Cristiane
explica essa evolução: “O inglês amplia horizontes. Mas o que realmente
transforma é a possibilidade de ler o mundo por mais de uma lente. Bilinguismo
é repertório, é flexibilidade, é autonomia.”
A inteligência artificial encontrou seu lugar
A
IA deixou de ser tabu e passou a integrar a rotina escolar de maneira
responsável. Em 2025, as escolas aprenderam a ensinar IA com ética, consciência
e propósito. “A tecnologia ganhou espaço como ferramenta de pesquisa,
organização, revisão e criatividade, não como substituta de professor”,
ressalta a diretora da Start Anglo Bilingual School do Rio de Janeiro.
2025 foi o ano que devolveu a educação às pessoas
Para
Cristiane, esse é o ponto central. “A escola não é sobre conteúdos. É sobre
pessoas. O professor importa. A convivência importa. O vínculo importa. O
brincar importa. Em 2025, a educação brasileira lembrou que a criança aprende
quando vive experiências reais, e não quando apenas acumula informações.”
O que esperar de 2026 em diante
Entre
as tendências que devem se fortalecer, Cristiane Cristo destaca:
•
experiências mais do que conteúdos
•
formação global desde a infância
•
ambientes naturais e menos tecnológicos para os pequenos
•
rotinas integrais organizadas
•
IA responsável
•
menos telas, mais relações
•
alunos protagonistas
•
escolas como espaços de vida, não apenas de estudo
Cristiane conclui com uma síntese que traduz seu olhar para o futuro:
“A infância tem um tempo próprio. Quando respeitamos esse tempo,
formamos jovens capazes de criar, pensar, escolher e transformar. Essa é a
escola que o Brasil precisa construir daqui para frente.”
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