Pesquisar no Blog

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

O que 2025 ensinou sobre educação: o ano em que as escolas redescobriram as crianças

“A criança aprende quando vive experiências reais, cria conexão e não quando fica presa a uma tela.”, afirma Cristiane Cristo, diretora pedagógica da Start Anglo Bilingual School

 

O ano de 2025 não passou despercebido pelas escolas brasileiras. Depois de um período de transformações aceleradas – pandemia, explosão do digital, expansão do bilinguismo e o surgimento da inteligência artificial como ferramenta de estudo – a educação finalmente pisou no freio para fazer algo essencial: observar as crianças de perto. 

Foi um ano de retomadas, de redescobertas e de reposicionamentos. Mas, acima de tudo, foi o ano em que muitas escolas entenderam que o mais urgente não era adicionar mais tecnologia ou mais conteúdo. Era devolver às crianças algo simples e poderoso: presença, vínculo e experiência real.

 

A volta do brincar, do olho no olho e do tempo de qualidade

Uma das mudanças mais simbólicas de 2025 foi a adoção ampla da política de zero celular em sala de aula em diversas redes brasileiras. O St. George, onde Cristiane Cristo atua há anos, já aplicava essa regra muito antes de virar tendência nacional. A escola defendia que o telefone não é instrumento de aprendizagem infantil e que sua ausência transforma a energia do ambiente. 

O resultado era visível. Crianças brincavam mais, conversavam mais, resolviam conflitos olhando umas para as outras e criavam vínculos reais. Elas estavam presentes. 

Ao ver essa medida se espalhar pelo país, Cristiane Cristo, que também é diretora pedagógica da Start Anglo Bilingual School no Rio de Janeiro, afirma que 2025 resgatou um valor perdido.

“Quando tiramos o celular de cena, a criança reaparece. Ela volta a brincar, a cooperar, a imaginar. Ela olha em volta, olha para os amigos, olha para si. O celular não era o vilão, ele só estava roubando tempo que era dela. A criança aprende quando vive experiências reais, cria conexão e não quando fica presa a uma tela.”

 

As famílias mudaram e as escolas precisaram acompanhar

O comportamento das famílias também deixou claro que 2025 foi um divisor de águas. As exigências mudaram. O que define uma boa escola, hoje, não é mais apenas desempenho acadêmico. 

Cristiane resume essa mudança em uma frase: “As famílias querem escolas que acolhem, organizam, limitam telas, fortalecem relações humanas, desenvolvem competências socioemocionais, estimulam autonomia e oferecem visão global. Elas querem ambientes onde seus filhos possam ser inteiros.” 

Essa mudança de comportamento consolidou uma nova lógica no ensino privado brasileiro: educação premium não é sinônimo de sofisticação, é sinônimo de propósito, consistência e cuidado.

 

O bilinguismo deixou de ser tendência e virou demanda estruturada

Outro aprendizado importante de 2025 foi o amadurecimento da educação bilíngue. Já não se discute mais se vale a pena, discute-se como deve ser feito. O bilinguismo eficiente passou a ser entendido como ferramenta de pensamento, e não como aula isolada. 

Cristiane explica essa evolução: “O inglês amplia horizontes. Mas o que realmente transforma é a possibilidade de ler o mundo por mais de uma lente. Bilinguismo é repertório, é flexibilidade, é autonomia.”

 

A inteligência artificial encontrou seu lugar

A IA deixou de ser tabu e passou a integrar a rotina escolar de maneira responsável. Em 2025, as escolas aprenderam a ensinar IA com ética, consciência e propósito. “A tecnologia ganhou espaço como ferramenta de pesquisa, organização, revisão e criatividade, não como substituta de professor”, ressalta a diretora da Start Anglo Bilingual School do Rio de Janeiro.

 

2025 foi o ano que devolveu a educação às pessoas

Para Cristiane, esse é o ponto central. “A escola não é sobre conteúdos. É sobre pessoas. O professor importa. A convivência importa. O vínculo importa. O brincar importa. Em 2025, a educação brasileira lembrou que a criança aprende quando vive experiências reais, e não quando apenas acumula informações.”
 

O que esperar de 2026 em diante

Entre as tendências que devem se fortalecer, Cristiane Cristo destaca:

• experiências mais do que conteúdos

• formação global desde a infância

• ambientes naturais e menos tecnológicos para os pequenos

• rotinas integrais organizadas

• IA responsável

• menos telas, mais relações

• alunos protagonistas

• escolas como espaços de vida, não apenas de estudo

 

Cristiane conclui com uma síntese que traduz seu olhar para o futuro:

“A infância tem um tempo próprio. Quando respeitamos esse tempo, formamos jovens capazes de criar, pensar, escolher e transformar. Essa é a escola que o Brasil precisa construir daqui para frente.”

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados