Inflação dos Serviços e política
fiscal do governo impediam Banco Central começar ciclo de cortes na taxa básica
de juros do País
O Comitê de Política Monetária
(Copom), do Banco Central (BC), manteve a prudência ao manter a taxa básica de
juros do País, a Selic, em 15% ao ano (a.a.), apesar de expectativas de redução
dadas pelo mercado. Na leitura da Federação do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o comitê preferiu usar a
tática de recuperação segura da economia em vez de arriscar.
Na verdade, os dados apontam para sinais econômicos divergentes. Enquanto os
juros altos já parecem estar produzindo o efeito desejado de esfriar a demanda,
deixando o consumo das famílias praticamente estagnado, por outro lado, o
Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre cresceu só 0,1% em comparação
com o período anterior. Além disso, as projeções de inflação para este ano
foram revisadas para 4,43% — dentro do limite máximo da meta (4,5%).
No entanto, há indicadores ainda
acendendo alertas.
Ao analisá-los, o Copom parece ter entendido que baixar a Selic pode ser um
movimento arriscado, como o aspecto fiscal: a política de gastos do governo se
mostra cada vez mais expansionista, com a ampliação da isenção do Imposto de
Renda (IR) aprovada e os descontos que devem injetar quase R$30 bilhões na
economia. A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 também prevê aumento de
despesas, reforçando a percepção de que a política fiscal segue na direção
oposta à monetária.
Outro tópico sensível é a inflação dos Serviços, que permanece pressionada.
Mesmo com sinais de alívio nos preços de bens industrializados, o setor segue
caro por causa do mercado de trabalho aquecido.
Para a FecomercioSP, há um impasse
que se intensifica: ainda que surjam sinais de desaceleração econômica, um
corte apressado poderia obrigar o comitê a elevar os juros novamente no futuro
próximo, prejudicando a credibilidade da entidade. Por outro lado, manter a
Selic elevada implicaria, de fato, em custos ao crescimento e ao emprego.
Diante do cenário complexo, o mais indicado era que a prudência prevalecesse. O
BC precisa do compromisso mais claro do governo no campo fiscal e quanto ao
setor de Serviços. Sendo assim, esperar mais um pouco era a garantia de que, quando
os cortes vierem, serão sustentados sem recuos desnecessários.
FecomercioSP


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