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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Dezembro Vermelho: Brasil acompanha escalada mundial da sífilis e registra novos aumentos em 2025

Especialistas apontam mudanças de comportamento, aumento global de casos e riscos graves para gestantes e bebês.


 

Neste Dezembro Vermelho, mês dedicado à conscientização e ao combate às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a sífilis continua avançando em todo o Brasil, acompanhando a tendência global de crescimento que vem reacendendo o alerta das autoridades de saúde. Segundo dados do último boletim, o cenário global demonstra um agravamento da sífilis, com o registro de mais de 1 milhão de casos, atingindo cerca de 8 milhões em todo o mundo. A Região das Américas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), concentra a maior incidência global, acumulando aproximadamente 3,37 milhões de registros de novas infecções.

 

No cenário nacional, a situação também inspira atenção. Entre 2010 e junho de 2025, o Brasil notificou 1.902.301 casos de sífilis adquirida, com uma taxa de detecção que se manteve em ascensão ao longo de quase toda a série. A única queda significativa ocorreu em 2020, quando a pandemia de Covid-19 limitou o acesso da população aos serviços de saúde e reduziu a capacidade de diagnóstico. 

 

O infectologista da Afya São João Del Rei, Dr Américo Calvazara Neto, esclarece que este aumento está diretamente relacionado com a mudança de comportamento da população em relação às infecções sexualmente transmissíveis, as chamadas IST´s ou DST´s. “O que estamos vendo dentro dos ambulatórios de infectologia, é que as pessoas pararam de se proteger em suas relações sexuais, ou seja, não estão usando mais o preservativo. Isto, de certa forma, tem impactado significativamente este aumento da incidência da doença. Essa ausência de preocupação torna as pessoas vulneráveis às ISTs, principalmente aquelas pessoas que têm parcerias sexuais múltiplas”.

 

Dr Américo Calvazara destaca que os sintomas da sífilis variam conforme a fase da doença e seu tempo de evolução. Na fase primária, o principal sinal é uma ferida na região genital, o cancro duro, que é indolor, bem delimitado e sem secreção. Como desaparece espontaneamente, muitas vezes passa despercebida pelas pessoas. 

 

“Depois disso, a pessoa pode permanecer sem sintomas por um período, fase conhecida como sífilis latente. Na sequência, podem surgir manchas avermelhadas pelo corpo, o exantema sifilítico, que caracteriza a sífilis secundária. Nessa etapa também podem ocorrer sintomas inespecíficos como fadiga, mal-estar, dores articulares, perda de peso e dor de cabeça. Na fase terciária, a doença pode comprometer órgãos como cérebro e coração, levando à neurossífilis ou cardiossífilis. Os quadros neurológicos podem incluir demência, perda cognitiva acelerada e alterações de visão decorrentes da inflamação da retina ou do nervo óptico”, esclarece o infectologista da Afya São João Del Rei.

 

Em 2025, Minas Gerais registrou um aumento de casos de sífilis adquirida e em gestantes, com mais de 4 mil casos de sífilis em Belo Horizonte até outubro, e 76 casos de sífilis gestacional em Uberlândia no primeiro semestre.


 

Sífilis em gestantes 

 

O Boletim Epidemiológico Ministério ainda revelou que foram notificados 24.443 casos de sífilis congênita e 183 óbitos de menores de 1 ano pela doença, resultando em um coeficiente de mortalidade de 7,2 por 100.000 nativos vivos. Embora a maioria das mães tenha realizado pré-natal (82,8%) e sido diagnosticada durante a gestação (58,1%), a transmissão vertical não foi interrompida em 85,7% dos casos devido a tratamento inadequado ou não realizado. 

 

O professor de ginecologia e obstetrícia da Afya Ipatinga, Dr Renilton Aires Lima, comenta que a sífilis congênita ocorre quando a gestante tem sífilis e transmite a infecção para o bebê durante a gravidez, o que pode acontecer em qualquer momento da gestação, mesmo na ausência de sintomas.

“O Brasil possui um protocolo definido para prevenir a sífilis congênita, que inclui a testagem de todas as gestantes, o tratamento dos casos positivos e o acompanhamento regular. Assim, a maioria dos casos ocorre quando a gestante não é testada de forma adequada ou não completa o tratamento necessário.”

 

A sífilis não tratada durante a gestação pode trazer consequências muito graves para o bebê, tanto ainda na gravidez quanto após o nascimento. Segundo o Dr Renilton Aires a infecção compromete o funcionamento da placenta e atinge diretamente o feto, interferindo no crescimento e na formação dos órgãos. A infecção pode causar aborto espontâneo, morte fetal, parto prematuro, baixo peso ao nascer e importante comprometimento do desenvolvimento.

 

“Depois do parto, os sinais da sífilis congênita podem surgir nos primeiros dias ou semanas, como aumento do fígado e baço, icterícia, anemia, manchas ou bolhas na pele, dificuldade para respirar, inflamação óssea, rinite com secreção sanguinolenta e aumento de gânglios. Nos casos mais graves, a infecção pode atingir o sistema nervoso central e causar neurossífilis, que se manifesta com convulsões, alterações oculares, irritabilidade intensa ou paralisias”, conclui o professor da  Afya Ipatinga. 



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