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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Selic é mantida em 15% ao ano; mercado vê tom mais duro do BC

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Pesquisa da CNI aponta que a taxa de juros elevada é a principal dificuldade para a tomada de crédito no curto prazo

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano em decisão unânime. Foi a terceira reunião consecutiva em que a taxa não é alterada. A manutenção dos juros básicos da economia já era esperada pelo mercado.

De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.

Para Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão reflete um cenário em que, apesar da desaceleração gradual da atividade econômica e da valorização do real - fatores que tendem a reduzir a pressão sobre os preços -, tanto a inflação corrente quanto as expectativas inflacionárias ainda permanecem acima da meta anual. “Esse quadro, somado à expansão fiscal, à resiliência do mercado de trabalho e às elevadas incertezas externas, derivadas da política comercial norte-americana e da deterioração das contas externas brasileiras, justifica a manutenção de uma postura monetária cautelosa”, diz o economista da ACSP.

Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o tom do Banco Central foi mais duro nesta reunião, com a mensagem de que não vai hesitar em elevar os juros caso a inflação não caminhe para o centro da meta. “A elevação da taxa é um cenário pouco provável, mas vai depender dos indicadores internos e da evolução do cenário externo, por conta das tarifas dos Estados Unidos”, diz. “Como o mercado já tinha precificado a manutenção da Selic, eventuais ajustes, como no câmbio, devem ser residuais”, afirma Cristiane.

Indústria – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz que a manutenção da taxa de juros em patamar elevado tem prejudicado o setor. "A Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda. A taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e, por consequência, o bem-estar da população. Além disso, o Brasil segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo, penalizando duramente o setor produtivo", critica o presidente da entidade, Ricardo Alban.

A CNI divulgou pesquisa inédita que mostra que 80% das empresas industriais apontam a taxa de juros elevada como principal dificuldade para a tomada de crédito no curto prazo. No caso de acesso a financiamento de longo prazo, a Selic foi apontada como principal barreira por 71% dos empresários.

Pelo estudo, se a taxa básica de juros do país caísse de forma expressiva, 77% das empresas industriais aumentariam os investimentos nos próximos dois anos. O levantamento ouviu 1.000 executivos da indústria e tem margem de erro de três pontos porcentuais e intervalo de confiança de 95%.

O levantamento da CNI também mostra a preocupação dos empresários com o Custo Brasil e a taxa de juros é um dos principais componentes desse custo. Para 60% dos executivos industriais, deveria ser a principal prioridade do país reduzir o Custo Brasil. Para outros 18%, essa seria a segunda prioridade. De acordo com a pesquisa, 81% dos industriais afirmam que o Custo Brasil eleva os preços finais ao consumidor. Desses, 55% acreditam que o aumento é muito significativo, 22%, razoável; e apenas 4% veem impacto pequeno. 



Redação DC
https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/selic-e-mantida-em-15-ao-ano-mercado-ve-tom-mais-duro-do-bc


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