Comemorada em 08 de julho, data busca
valorizar profissionais e entidades de pesquisa
Já faz algum tempo que a ciência deixou de ser uma atividade solitária,
focada no trabalho incansável de um único indivíduo dotado de inteligência
excepcional. Apesar de essa imagem ainda perdurar no imaginário de algumas
pessoas, a verdade é que hoje a atividade científica depende do trabalho
conjunto de muitos profissionais que, munidos de capacitação técnica e
experiência prática, tornam possível a realização de pesquisas e o
desenvolvimento de novas tecnologias. Com as célebres figuras geniais do
passado, compartilham, contudo, o mesmo senso de curiosidade e a motivação de
expandir o conhecimento humano e tornar melhor a vida das pessoas.
Na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), o
trabalho conjunto de diferentes profissionais possibilita que suas sete
instituições de pesquisa, algumas centenárias, sigam sendo referência no Brasil
e no mundo, impulsionando os mais variados setores do agro rumo a maior
produtividade, qualidade e sustentabilidade. Para seguir com os mais de mil
projetos de pesquisa que mantém atualmente, a Agência, vinculada à Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, conta com pesquisadores
científicos, assistentes técnicos e profissionais de apoio à pesquisa
envolvidos, de diferentes maneiras, no fortalecimento da ciência paulista e
nacional. Nesse cenário também é indispensável a participação dos
pós-graduandos vinculados aos cinco programas de pós-graduação mantidos pelos
Institutos e dos estagiários - da iniciação científica ao pós-doutorado -, que
fazem girar as engrenagens da pesquisa científica, sempre com novas ideias e
muita dedicação.
Conhecimento de ponta para os desafios da sociedade
Além de Dia Nacional da Ciência, o 8 de julho também homenageia o
Pesquisador Científico brasileiro. Possuindo aptidão técnica e capacidade
analítica apuradas, eles são os responsáveis por gerir os projetos de pesquisa,
orientar a execução dos trabalhos e debater os rumos da atividade científica de
cada unidade e laboratório. O conhecimento aprofundado na área de
especialização, aliado à experiência prática, fazem do Pesquisador (PqC) o
alicerce intelectual dos Institutos da Apta.
“O pesquisador científico pode atuar na fronteira do conhecimento,
descobrindo novos fenômenos, ou pode atuar na transformação do conhecimento em
novas tecnologias”, destaca Ricardo Harakava, do Instituto Biológico (IB-Apta).
Em sua visão, o profissional precisa estar atento às mudanças que ocorrem ao
seu redor, para conseguir contribuir na superação dos desafios que se
apresentem. “As demandas da sociedade vão se modificando ao longo do tempo e a
pesquisa científica deve estar sempre se atualizando para atendê-las. No setor
agro não é diferente: em um cenário de mudanças climáticas, demanda crescente
por alimentos saudáveis e maior consciência ambiental, a pesquisa tem um grande
desafio pela frente”, garante.
Para o PqC do Instituto de Pesca (IP-Apta) Fábio Sussel, o papel
do pesquisador tem passado por mudanças nos últimos tempos. “Na ciência
moderna, o pesquisador científico não pode e não deve realizar pesquisas
baseando-se apenas em suas próprias ideias, mas sim interagir com as demandas
do setor em que está inserido”, comenta. De acordo com Sussel, as pesquisas
precisam ser aplicáveis, focadas no benefício da sociedade, o que impõe ao
pesquisador a necessidade de sair de seu laboratório e entender as necessidades
da sociedade e o ritmo das transformações tecnológicas. “No caso do agro, não
se falava em tecnologia de ponta há 30 anos. Hoje, o Agro 4.0 é uma realidade e
tudo o que há de moderno nas indústrias urbanas também está presente no agro”,
enfatiza.
Uma
construção coletiva
Além dos pesquisadores, muitos outros servidores têm papel
determinante para o sucesso das instituições de pesquisa. Na Apta, alguns
personagens dedicam uma vida toda a fazer delas o que são hoje: referência para
o agro. É o caso de João Alberto Zuca, técnico de apoio à pesquisa científica e
tecnológica que atua há 40 anos no setor de ovinocultura do Instituto de
Zootecnia (IZ-Apta), realizando atividades essenciais, que tornam possível o
desenvolvimento dos projetos. “Cuidamos dos animais e do ambiente onde eles
ficam, fornecendo alimento, água e cuidando daqueles que eventualmente ficam
doentes. Também auxiliamos os pesquisadores nas coletas de dados, como pesagem,
medidas corporais, coleta de fezes ou sangue”, explica o servidor. O zelo de
Zuca pelo trabalho se reflete na excelência conquistada pelo Instituto e nas
contribuições que traz ao setor, como a melhoria da qualidade da carne que
chega ao consumidor.
Atuando há 15 anos na Apta Regional, a oficial de apoio à pesquisa
científica e tecnológica Silmara Bassetto demonstra clareza sobre a dimensão de
seu trabalho. “Nós, servidores de apoio, somos fundamentais para a pesquisa da
Apta Regional, pois colaboramos diretamente com a formação de conhecimento
verdadeiro”, coloca. Atualmente focada em treinamento e capacitação, ela diz
que essa consciência, assim como o amor pelo trabalho e pela instituição, é
passada dos servidores mais experientes para os mais novos, mantendo viva a
disposição em colaborar com projetos que levem à melhoria da vida da população.
“Nossa instituição tem um papel fundamental para o engrandecimento de quem vive
do meio rural, pois entrega conhecimento, confiança, proporciona agregação de
valor e, além de tudo, leva amor ao pequeno, médio e grande produtor”, resume
Silmara.
Física de formação, a assistente técnica de pesquisa científica e
tecnológica Tereza Satiko encontrou no Instituto de Economia Agrícola
(IEA-Apta) um campo diferente para atuação científica. Há quase seis anos na
instituição, que tem foco em socioeconomia agrícola, Tereza contribui com as
ações de transferência do conhecimento e divulgação de ciência, além de atuar
junto às equipes técnicas de projetos de grande destaque, como o Rotas Rurais -
que já trouxe endereçamento a milhares de propriedades rurais paulistas -, o
Semear e o Preço Referência de Importação da Borracha Natural. “Times
multidisciplinares são importantes para a ciência, uma vez que os problemas que
ela se propõe a resolver são cada vez mais complexos e multifacetados”, defende
a servidora. No que diz respeito à agricultura, Tereza lembra que a pesquisa
científica vai além de solucionar os desafios da produção, o que requer
profissionais de diferentes formações. “Podemos estudar os aspectos econômicos
tanto em sua dimensão mais matemática, ou seja, como fazer os levantamentos de
produção, tratar e analisar os dados, quanto também interpretá-los em sua
dimensão social. O IEA tem a característica de ter um corpo técnico
multidisciplinar e por isso me sinto em casa trabalhando aqui”, assegura.
Pós-graduação é berço de ideias que impulsionam a ciência
Em grande parte das instituições de ciência a nível mundial, boa
parcela da pesquisa realizada conta com o trabalho dos estudantes de
pós-graduação. A relação é sempre uma via de mão dupla, pois o aprendizado e
capacitação que recebem é retribuído pelo empenho em fazer projetos de pesquisa
prosperarem e gerarem os dados que embasam a construção do conhecimento. “Para
mim foi extremamente importante e gratificante fazer a pós-graduação em uma das
instituições de pesquisa mais antigas e importantes do nosso país”, diz Letícia
Martins, que finalizou este ano seu doutorado pelo Programa de Pós-graduação em
Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico (IAC-Apta). A tese defendida
por ela versou sobre a influência das mudanças
climáticas no regime hídrico das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
(PCJ), contribuição relevante para um tema que influencia a segurança hídrica
de diversas cidades. “Tenho muito orgulho em ter contribuído e em fazer parte
da história do IAC”, ressalta Letícia.
Já para Andriéli Coelho, mestranda do Programa de Pós-graduação em
Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto de Tecnologia de Alimentos
(Ital-Apta), a pós-graduação propicia a vivência necessária para melhor
compreender o fazer científico. “Acredito que na pós-graduação temos a
oportunidade de aprofundar em diversos assuntos, produzir e trocar conhecimento
com nossos pares, tanto em âmbito nacional quanto mundial, formando uma ampla
rede de produção científica”, detalha. Seu trabalho, alinhado às tendências de
Segurança do Alimento e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é voltado
à obtenção de ingredientes alimentícios a partir de novas fontes vegetais.
“Espero ainda contribuir para a pesquisa nacional, que é tão importante para o
nosso desenvolvimento econômico e social”, finaliza a pós-graduanda.
Gustavo Steffen
Assessoria de imprensa Apta
gsalmeida@sp.gov.br