Dra. Thais Mussi, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEMP), explica o que diferencia o lipedema do
excesso de peso.
“Se você nota suas
pernas mais grossas, seus glúteos e tornozelos maiores, como se estivessem
inchados, e acredita que isso é fruto de um possível exagero na alimentação,
quem sabe até um sinal de obesidade… Calma lá! Pode ser que você tenha
lipedema”.
Esse é o alerta da
médica endocrinologista e metabologista Dra. Thais Mussi. A confusão é
frequente, especialmente no Brasil, onde é estimado que provavelmente cerca de
5 milhões de mulheres têm a doença, mas nem desconfiam disso.
Importante
entender por qual motivo isso acontece, mas, antes, o que é o lipedema?
“Lipedema é uma
doença progressiva, que gera um grande acúmulo de gordura nos membros
inferiores, como pernas, glúteos, joelhos e coxas. Além do acúmulo de gordura,
pessoas que convivem com o lipedema costumam perceber inchaço, assim como dor
quando toca os locais afetados e, também, ao caminhar”, explica Dra. Thais.
A doença é muito
comum em mulheres e nenhum especialista ainda descobriu o motivo por detrás
desse quadro. “O que se sabe é que o surgimento do lipedema pode ter relação
com alterações genéticas, metabólicas, hormonais e inflamatórias”, esclarece.
Como é comum que
as pessoas confundam o lipedema com obesidade, acaba sendo normal que várias
tentativas de emagrecimento sejam feitas, o que frustra, já que isso não
funciona. Não é tratando a doença como obesidade que a pessoa se verá livre do
lipedema.
“O primeiro passo
é ter em mente que existem graus da doença e é fundamental para o tratamento
entender em qual a paciente está”, adverte a médica.
- Primeiro
grau – a pele continua com um aspecto normal, mas
é percebido inchaço durante as atividades do dia a dia, com uma melhora
assim que a pessoa descansa.
- Segundo
grau – a superfície da pele é irregular e é
possível perceber com facilidade o surgimento de sulcos, como a celulite,
por exemplo.
- Terceiro
grau – a pele ganha um aspecto áspero e endurecido
e se percebem deformidades, o que é resultado de um acúmulo grande de
gordura.
- Quarto
e último grau – além do acúmulo de gordura, há um grande
acúmulo de líquidos nos locais, causando lipolinfedema.
“Eu
tenho lipedema... Como é o tratamento? Existe uma cura?”
São perguntas
frequentes no consultório da Dra. Thaís. “Podemos dizer que os estudos sobre o
lipedema ainda são recentes, então, não temos uma cura. Claro, existe
tratamento, como, por exemplo, a cirurgia para lipedema. Neste procedimento é
feita a retirada do excesso de gordura através da aspiração, o procedimento é
realizado por cirurgião plástico ou vascular. Após o procedimento é preciso que
o paciente seja monitorado.” Explica.
Ou seja, após uma
cirurgia, ainda será preciso prestar atenção na alimentação,
tentando identificar os alimentos que são inflamatórios para o corpo e que
podem ser gatilhos para a doença. E não somente se atentar à questão alimentar,
mas verificar o uso de anticoncepcional e avaliar o
perfil hormonal, já que muitas apresentam diabetes, SOP e doenças
autoimune, como tireoidite de hashimoto.
“É o que eu sempre
falo, e acredito que vale destaque aqui: não adianta tratar o lipedema, se o
paciente não contar com uma avaliação hormonal adequada, se não for sanada uma
possível inflamação crônica e se não controlar diabetes ou qualquer outra
doença”, exemplifica a médica.
Isso significa que
é preciso um preparo investigativo para que seja iniciado o tratamento do
lipedema e que se avalie individualmente cada paciente. Alguns procedimentos
podem melhorar os sintomas.
A médica explica
que por se tratar de uma doença inflamatória, as vezes o que inflama uma pessoa
não inflama a outra. “O bom senso é evitar carne vermelha, lactose, açúcar
refinado, farinha branca, álcool, glúten e alimentos ultraprocessados. O que
melhora são alimentos o mais natural possível, como exemplo, adotar como estilo
de vida a dieta plant based, e o uso de temperos anti-inflamatórios como
açafrão da terra, que é um ótimo aliado.” Finaliza a especialista.
Além disso,
exercícios de baixo impacto, de preferência na água, melhora muito a condição.
A drenagem
linfática, escovação a seco, meias compressivas e plataforma vibratória podem
ser excelentes aliados!
Importante lembrar
que cada caso é um caso, e nada substitui o acompanhamento médico.
DRA. THAIS MUSSI -Crm 27542-PR 118942-SP RQE 373. Formada em medicina para Universidade do Vale do Itajaí (Univali); Residência em clínica médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Residência em endocrinologia e metabologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Membro titulado da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Membro do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida (CBMEV); Pós-graduação em Nutróloga pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN); Médica integrante da C.A.S.A Sophie Deram- centro de aconselhamento em saúde alimentar; Especializacao em Mindfull Eating; Participação em diversos congressos internacionais voltados a Obesidade e Síndrome metabólica.