Para celebrar o Dia Mundial do Sono, comemorado em 17
de março, o Instituto do Sono promove uma série de atividades com o tema “O sono é essencial para
a saúde”.
Estudos internacionais (1-4) apontam que dormir
bem melhora o humor, a concentração, fortalece o sistema imunológico e previne
doenças cardiovasculares e metabólicas. É durante esse
período de descanso que o organismo exerce as principais funções restauradoras,
repõe energia e regula o metabolismo. “Não por acaso, o sono é considerado um
dos 3 pilares da saúde, ao lado da boa nutrição e da prática de atividade
física”, afirma a médica Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do
Sono e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Sob o tema “O sono é essencial para a saúde”, o
Instituto do Sono vai promover uma série de atividades em suas redes sociais
para comemorar o Dia Mundial do Sono, celebrado em 17 março, como descontos em
cursos e produção de vídeos com recomendações de especialistas para melhora da duração e da qualidade de
sono para a saúde física e mental dos brasileiros.
Parceria
Em março, o Instituto do Sono se tornará na
primeira instituição de saúde na América Latina a adotar o software Mask Selector 2D e 3D Connected, da Philips. A solução
escaneia o rosto de paciente e recomenda o tipo de máscara que melhor funciona
conectada ao CPAP, um aparelho usado no tratamento da apneia obstrutiva
do sono. Da sigla do inglês Continuous Positive Airway Pressure, o CPAP é um
compressor que injeta um fluxo contínuo de ar nas vias aéreas do paciente, por meio de uma máscara ajustada
ao nariz e, às vezes, ao nariz e à boca.
Lançado no ano passado no Brasil, o software é
resultado de mais de 10 anos de pesquisa em escaneamento facial, representando
uma ampla variedade de etnias e geografias. A solução pode ser usada na casa do
paciente (versão 2D) ou no consultório (3D). Por meio de inteligência
artificial, a versão 3D identifica
os 46,2 mil pontos mais importantes do rosto do paciente para determinar o
melhor tipo de máscara ideal. O usuário pode até
ver como a máscara ficará em tempo real, com representações visuais geradas por
computador.
Sono e saúde
Na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) (5) ser
saudável é muito mais do que não estar doente. Saúde é o estado completo de bem
estar físico, mental e social. Pessoas
que dormem mal podem ter irritabilidade, falta de atenção e fadiga. A privação de sono e o sono insuficiente aumentam o
risco para problemas cardiovasculares e metabólicos, como hipertensão e
diabetes, além de propensão para obesidade.
O sono é um dos pilares da saúde, ao lado da boa alimentação e da prática de atividade física. |
A Associação Brasileira do Sono (ABS) (6) recomenda ao adulto
dormir entre 7 e 9 horas por noite. Quem dorme
pouco de forma eventual pode ter sonolência, fadiga, mau humor e redução
do desempenho cognitivo, inclusive a capacidade de decisão. “Pessoas que
costumeiramente dormem pouco vivem menos e apresentam mais risco de desenvolver
demência”, explica a médica Dalva Poyares.
Para
a Academia Americana de Medicina do Sono (7), prolongar a duração de sono em
pessoas que habitualmente dormem pouco pode trazer benefícios para saúde. Um
estudo (8) da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados
Unidos, avaliou por 2 semanas o impacto da duração de sono sobre a saúde
cardiovascular de 53 universitários, com idade média de 20 anos. Nos primeiros
7 dias, todos mantiveram o horário habitual de sono. Nos outros 7 dias, aumentaram
em 1 hora a duração de sono. Os participantes relataram que na segunda semana
apresentaram menos sonolência diurna e queda na pressão arterial sistólica.
Os
benefícios do sono podem ir além da saúde física. Pesquisadores da Universidade
de Aarhus, na Dinamarca, realizaram um estudo (9) para analisar o estado
emocional de 72 jovens, entre 18 e 24 anos, que dormiam em média 7 horas por
noite. Por 2 semanas, eles relataram o estado de humor por meio de um
aplicativo. Nos dias 8 e 14, parte deles foi convidada a estender a duração de
sono por 90 minutos. Os estudantes que dormiram mais tempo melhoraram a
qualidade de sono e tiveram mais emoções positivas do que os que dormiram 7
horas.
O sono no Brasil
No Brasil, as pessoas dormem, em média, 6,4 horas por noite, de
acordo com estimativas da ABS (10). Além da duração reduzida, 65,5% dos
brasileiros apresentam sono de má qualidade, segundo estudo (11) realizado por
pesquisadores da Unifesp e da Universidade de São Paulo (USP). As pessoas com
pior padrão de sono são jovens, mulheres e casais que dormem em camas ou
quartos separados e que usam mídias interativas. A pesquisa englobou 2.635
adultos, com idade média de 35 anos, dos quais 70% do sexo feminino.
A médica Dalva Poyares, uma das autoras do estudo,
explica que um dos achados foi o papel da interatividade das mídias no atraso
no início do sono. Em geral, há uma preocupação com a luz emitida pelo celular
por inibir a produção da melatonina, o hormônio da escuridão. Outro ponto de
destaque foi constatar que a queixa de má qualidade de sono partiu de mulheres
com menos de 55 anos. “A questão da idade é importante”, pondera a
especialista. Normalmente, este tipo de queixa vem de pessoas mais velhas. “A
pesquisa mostra que a má qualidade de sono está atingindo cada vez populações
mais jovens”, complementa.
Distúrbios de sono, como insônia e apneia
obstrutiva do sono, podem ser responsáveis por piorar o padrão de sono. Só na
cidade de São Paulo, 45% dos moradores queixam-se de insônia ou dificuldade para
dormir. O dado é do Estudo
Epidemiológico do Sono de São Paulo (Episono) (12), conduzido pelo Instituto do
Sono. Deste total, 15% possuem insônia crônica.
A insônia se caracteriza pela dificuldade
para iniciar e manter o sono ou acordar de maneira precoce pela manhã. Provoca
sonolência diurna excessiva, irritabilidade, agressividade, desatenção, falta
de memória, fadiga, baixa produtividade profissional e rendimento escolar. Quando ocorre por 3 vezes por semana por mais de 3
meses é considerada crônica.
O Episono revela que 33% dos paulistanos
apresentam algum grau de apneia obstrutiva do sono. Trata-se de uma doença marcada por episódios
recorrentes e intermitentes de colapso das vias aéreas, que levam à cessação
total ou parcial do fluxo de ar. Pode causar ronco, fragmentação de sono,
sonolência excessiva diurna, cansaço, redução da memória e alterações de humor.
Quando a apneia é grave pode aumentar o risco para doenças metabólicas e
cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Na
visão de Dalva Poyares, uma maneira de a pessoa aferir a qualidade de sono é
verificar se acorda bem disposta. “Quando há suspeita de um problema de sono, o
ideal é procurar ajuda profissional, porque a melhora da duração e da qualidade
de sono tem impacto direto sobre a saúde física e mental”, assegura. Ela afirma
que pessoas ansiosas tendem a dormir mal e indivíduos com insônia crônica
apresentam risco aumentado para a depressão. A médica destaca que, como o sono
é um dos pilares da saúde, é importante ter em mente outros pilares, que são a
boa nutrição e a prática de exercícios. “Pessoas ativas físicas e mentalmente
dormem melhor”, conclui a especialista.
Instituto
do Sono
Referências
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1996, páginas 318--326.
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- AA Prather et al. Sleep and antibody response to hepatitis B
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- Wang Q, Xi B, Liu M, Zhang Y, Fu M.Short sleep duration is
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- Organização Mundial da Saúde.
- Associação
Brasileira do Sono. Cartilha do Sono.
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Volume 8, Issue 5, 2022, Pages 505-513
- Jornal
da USP.
- Luciano
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cross-sectional study, Sleep Epidemiology, Volume 2, 2022.