Prática é semelhante à exposição solar em horários inadequados. Especialista comenta chances do aparecimento da doença através da técnica, bastante utilizada no outono e inverno
O bronzeamento artificial é uma saída para quem
quer ter resultados semelhantes à exposição solar - ficando com a pele mais
dourada - sem a preocupação de uma tonalidade avermelhada. Como uma alternativa
de manter o bronzeado no outono e no inverno, épocas mais frias do ano, na qual
praias e piscinas são menos frequentadas, há quem opte pelo procedimento para
manter a cor durante as estações.
Contudo, apesar da técnica ainda ser bastante
utilizada, como é o caso de diversos influenciadores digitais, que têm
divulgado os resultados nas redes sociais, é importante ficar de olho quanto
aos riscos do câncer de pele. De acordo com um estudo da Agência Internacional
para Pesquisa sobre Câncer, as sessões de bronzeamento artificial podem
aumentar em 75% o risco de um câncer agressivo em pessoas com menos de 35 anos
que realizam o procedimento, além de causar o envelhecimento precoce e outras
doenças de pele.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer
(Inca), serão diagnosticados no Brasil cerca de 229 mil novos casos a cada ano
do triênio 2023-2025 - representando a marca de 33% dos tumores malignos
registrados. A prática do bronzeamento artificial pode trazer diversos efeitos
nocivos à saúde, sendo semelhante à exposição solar em horários inadequados, com
a presença dos raios UVA e UVB.
Apesar de serem proibidas pela Anvisa desde 2009,
as câmaras de bronzeamento ainda continuam sendo oferecidas de maneira ilegal
em algumas clínicas de estética. De acordo com um estudo da Agência
Internacional para Pesquisa sobre Câncer, a técnica pode aumentar em até 75% as
chances do desenvolvimento de melanoma - tipo mais agressivo do câncer de
pele.
A Dra. Sheila Ferreira, oncologista da Oncoclínicas
São Paulo, explica ainda que dentro das cabines de bronzeamento artificial há
uma alta intensidade de radiação ultravioleta. "Elas podem aumentar
significativamente as chances do aparecimento do câncer de pele, causar o
envelhecimento precoce cutâneo e proporcionar o surgimento de lesões".
Além das câmaras de bronzeamento, é importante
reforçar que métodos como fita, autobronzeadores ou spray são tão prejudiciais
quanto, uma vez que os componentes químicos podem levar ao câncer por inalação.
É possível ter um bronzeado
com segurança?
Sim! Segundo Sheila Ferreira, a exposição ao sol
deve ser evitada das 10h às 16h, momento do dia onde a incidência solar é mais
intensa. Caso não seja possível, o recomendado é utilizar bonés e chapéus de
aba larga, assim como o protetor solar.
"Para um bronzeamento saudável é necessário
ainda caprichar na alimentação, colocando no cardápio frutas e vegetais ricos
em betacaroteno - como é o caso da beterraba, cenoura, mamão, entre outros -
manter a pele hidratada e deixá-la descansar, fazendo pausas longe do sol para
reduzir o risco de queimaduras e radiação solar".
Além disso, a quantidade ideal de protetor solar é
de 2 ml para cada centímetro quadrado de pele. Para facilitar essa conta, no
rosto, por exemplo, isso significa três dedos cobertos pelo produto. A
oncologista recomenda ainda o uso de protetor com cor na face, justamente por
proteger mais contra a luz visível, até mesmo dentro de casa.
Como identificar o câncer de
pele
Os primeiros sinais do câncer são as alterações na
pele, bastante semelhantes a pintas ou manchas escurecidas, sejam elas novas ou
de nascença, que se modificam com o tempo. "Geralmente, essas alterações
são percebidas pelo próprio paciente e são fundamentais para a identificação de
possíveis lesões malignas. Caso algum dos sinais seja notado, é importante
procurar um especialista de modo que seja possível o diagnóstico e tratamento
correto", acrescenta Sheila Ferreira.
Tipos de câncer de pele
De modo geral, o câncer de pele pode ser dividido
em dois subtipos: o câncer de pele não melanoma (carcinoma basocelular e
espinocelular), mais frequente, e o melanoma, mais raro, porém, mais agressivo.
- Carcinoma
basocelular (CBC) - aparece nas células basais, que ficam na camada superior da
pele. As regiões afetadas com maior frequência são: rosto, couro cabeludo,
pescoço, costas e ombros. Pode se parecer com lesões não cancerígenas,
como a psoríase ou eczema. É considerado o tipo mais prevalente de câncer
de pele;
- Carcinoma
espinocelular (CEC) - costuma se manifestar nas células
escamosas, presentes na camada superior da pele. Geralmente, aparece em
áreas com sinais de dano solar, como rosto, orelhas, pescoço, couro
cabeludo, entre outros, e tem aparência avermelhada - como se fosse uma
ferida ou machucado. É o segundo tipo de câncer de pele mais comum;
- Melanoma - tipo mais raro e com
maior índice de mortalidade. Possui a aparência de "pinta" ou
"sinal" em tons acastanhados. Embora seja mais comum o
surgimento em áreas expostas ao Sol, o melanoma pode surgir em qualquer
região do corpo, inclusive nas palmas das mãos e plantas dos pés. Estes
casos ocorrem mais comumente em pessoas de pele negra.
Apesar de um diagnóstico assustador, vale lembrar
que quando é descoberto precocemente, as chances de cura podem chegar a mais de
90%.
Novas alternativas
terapêuticas
A oncologista destaca ainda que diversos avanços
têm melhorado a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes, com principal
atenção às boas respostas às medicações imunoterápicas, que estimulam o próprio
sistema imunológico do paciente a identificar e combater as células malignas.
“Há algum tempo, os melanomas avançados não tinham
uma resposta boa aos tratamentos mais tradicionais, infelizmente. A chegada da
Imunoterapia não só no câncer de pele, mas também para o tratamento de outros
tumores, trouxe resultados promissores. Hoje em dia, mesmo em casos de melanoma
metastático, as pessoas têm vivido anos. Além disso, temos a opção de terapia
alvo em casos selecionados, também com ótimos resultados. Foi uma revolução
para o tratamento do melanoma”, afirma.
4 mitos e verdades sobre o
câncer de pele
- 1 – É preciso usar protetor em dias nublados.
Verdade. As nuvens não são capazes de bloquear os
raios ultravioleta, os quais estão presentes também em dias nublados,
portanto, o uso de protetor solar é imprescindível sempre.
- 2 – O risco é maior no verão do que no inverno
Verdade. O que determina maior risco de incidência
de câncer de pele é o índice ultravioleta (UV), que mede o nível de radiação
solar na superfície da Terra. Quanto mais alto, maior o risco de danos à pele.
Esse índice é mais alto no verão, porém pode ser alto em outras épocas do ano.
- 3 - Somente regiões expostas diretamente ao
sol podem ser afetadas.
Mito. A maioria dos tipos de câncer de pele (não-
melanoma e melanoma) de fato tem uma relação de risco de surgimento aumentada
devido aos impactos do sol. Vale lembrar que os raios ultravioleta que
causam danos à pele são capazes de atravessar janelas. Um alerta: alguns
subtipos de melanoma podem surgir em áreas do corpo que muitas vezes não
observamos com a devida cautela, como genitais, glúteos, couro cabeludo, palmas
das mãos, solas do pé, debaixo das unhas e entre os dedos.
- 4 – Na sombra não é preciso usar filtro solar.
Mito. Mesmo na sombra é preciso passar o protetor
solar, pois não estamos livres dos raios ultravioleta.
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