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quinta-feira, 16 de março de 2023

DORMIR BEM TODO OS DIAS É ESSENCIAL PARA A SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Para celebrar o Dia Mundial do Sono, comemorado em 17 de março, o Instituto do Sono promove uma série de atividades com o tema “O sono é essencial para a saúde”.

 

Estudos internacionais (1-4) apontam que dormir bem melhora o humor, a concentração, fortalece o sistema imunológico e previne doenças cardiovasculares e metabólicas. É durante esse período de descanso que o organismo exerce as principais funções restauradoras, repõe energia e regula o metabolismo. “Não por acaso, o sono é considerado um dos 3 pilares da saúde, ao lado da boa nutrição e da prática de atividade física”, afirma a médica Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do Sono e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Sob o tema “O sono é essencial para a saúde”, o Instituto do Sono vai promover uma série de atividades em suas redes sociais para comemorar o Dia Mundial do Sono, celebrado em 17 março, como descontos em cursos e produção de vídeos com recomendações de especialistas para melhora da duração e da qualidade de sono para a saúde física e mental dos brasileiros.
 

Parceria

Em março, o Instituto do Sono se tornará na primeira instituição de saúde na América Latina a adotar o software Mask Selector 2D e 3D Connected, da Philips. A solução escaneia o rosto de paciente e recomenda o tipo de máscara que melhor funciona conectada ao CPAP, um aparelho usado no tratamento da apneia obstrutiva do sono. Da sigla do inglês Continuous Positive Airway Pressure, o CPAP é um compressor que injeta um fluxo contínuo de ar nas vias aéreas do paciente, por meio de uma máscara ajustada ao nariz e, às vezes, ao nariz e à boca. 

Lançado no ano passado no Brasil, o software é resultado de mais de 10 anos de pesquisa em escaneamento facial, representando uma ampla variedade de etnias e geografias. A solução pode ser usada na casa do paciente (versão 2D) ou no consultório (3D). Por meio de inteligência artificial, a versão 3D identifica os 46,2 mil pontos mais importantes do rosto do paciente para determinar o melhor tipo de máscara ideal. O usuário pode até ver como a máscara ficará em tempo real, com representações visuais geradas por computador.
 

Sono e saúde

Na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) (5) ser saudável é muito mais do que não estar doente. Saúde é o estado completo de bem estar físico, mental e social. Pessoas que dormem mal podem ter irritabilidade, falta de atenção e fadiga. A privação de sono e o sono insuficiente aumentam o risco para problemas cardiovasculares e metabólicos, como hipertensão e diabetes, além de propensão para obesidade.

O sono é um dos pilares da saúde, ao lado da boa alimentação e da prática de atividade física.

A Associação Brasileira do Sono (ABS) (6) recomenda ao adulto dormir entre 7 e 9 horas por noite. Quem dorme pouco de forma eventual pode ter sonolência, fadiga, mau humor e redução do desempenho cognitivo, inclusive a capacidade de decisão. “Pessoas que costumeiramente dormem pouco vivem menos e apresentam mais risco de desenvolver demência”, explica a médica Dalva Poyares. 

Para a Academia Americana de Medicina do Sono (7), prolongar a duração de sono em pessoas que habitualmente dormem pouco pode trazer benefícios para saúde. Um estudo (8) da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, avaliou por 2 semanas o impacto da duração de sono sobre a saúde cardiovascular de 53 universitários, com idade média de 20 anos. Nos primeiros 7 dias, todos mantiveram o horário habitual de sono. Nos outros 7 dias, aumentaram em 1 hora a duração de sono. Os participantes relataram que na segunda semana apresentaram menos sonolência diurna e queda na pressão arterial sistólica. 

Os benefícios do sono podem ir além da saúde física. Pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, realizaram um estudo (9) para analisar o estado emocional de 72 jovens, entre 18 e 24 anos, que dormiam em média 7 horas por noite. Por 2 semanas, eles relataram o estado de humor por meio de um aplicativo. Nos dias 8 e 14, parte deles foi convidada a estender a duração de sono por 90 minutos. Os estudantes que dormiram mais tempo melhoraram a qualidade de sono e tiveram mais emoções positivas do que os que dormiram 7 horas.
 

O sono no Brasil

No Brasil, as pessoas dormem, em média, 6,4 horas por noite, de acordo com estimativas da ABS (10). Além da duração reduzida, 65,5% dos brasileiros apresentam sono de má qualidade, segundo estudo (11) realizado por pesquisadores da Unifesp e da Universidade de São Paulo (USP). As pessoas com pior padrão de sono são jovens, mulheres e casais que dormem em camas ou quartos separados e que usam mídias interativas. A pesquisa englobou 2.635 adultos, com idade média de 35 anos, dos quais 70% do sexo feminino. 

A médica Dalva Poyares, uma das autoras do estudo, explica que um dos achados foi o papel da interatividade das mídias no atraso no início do sono. Em geral, há uma preocupação com a luz emitida pelo celular por inibir a produção da melatonina, o hormônio da escuridão. Outro ponto de destaque foi constatar que a queixa de má qualidade de sono partiu de mulheres com menos de 55 anos. “A questão da idade é importante”, pondera a especialista. Normalmente, este tipo de queixa vem de pessoas mais velhas. “A pesquisa mostra que a má qualidade de sono está atingindo cada vez populações mais jovens”, complementa. 

Distúrbios de sono, como insônia e apneia obstrutiva do sono, podem ser responsáveis por piorar o padrão de sono. Só na cidade de São Paulo, 45% dos moradores queixam-se de insônia ou dificuldade para dormir. O dado é do Estudo Epidemiológico do Sono de São Paulo (Episono) (12), conduzido pelo Instituto do Sono. Deste total, 15% possuem insônia crônica. 

A insônia se caracteriza pela dificuldade para iniciar e manter o sono ou acordar de maneira precoce pela manhã. Provoca sonolência diurna excessiva, irritabilidade, agressividade, desatenção, falta de memória, fadiga, baixa produtividade profissional e rendimento escolar. Quando ocorre por 3 vezes por semana por mais de 3 meses é considerada crônica. 

O Episono revela que 33% dos paulistanos apresentam algum grau de apneia obstrutiva do sono. Trata-se de uma doença marcada por episódios recorrentes e intermitentes de colapso das vias aéreas, que levam à cessação total ou parcial do fluxo de ar. Pode causar ronco, fragmentação de sono, sonolência excessiva diurna, cansaço, redução da memória e alterações de humor. Quando a apneia é grave pode aumentar o risco para doenças metabólicas e cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). 

Na visão de Dalva Poyares, uma maneira de a pessoa aferir a qualidade de sono é verificar se acorda bem disposta. “Quando há suspeita de um problema de sono, o ideal é procurar ajuda profissional, porque a melhora da duração e da qualidade de sono tem impacto direto sobre a saúde física e mental”, assegura. Ela afirma que pessoas ansiosas tendem a dormir mal e indivíduos com insônia crônica apresentam risco aumentado para a depressão. A médica destaca que, como o sono é um dos pilares da saúde, é importante ter em mente outros pilares, que são a boa nutrição e a prática de exercícios. “Pessoas ativas físicas e mentalmente dormem melhor”, conclui a especialista.

 

Instituto do Sono

 

Referências

  1. June J. Pilcher, Allen I. Huffcutt. Effects of sleep deprivation on performance: a meta-analysis. Sleep, Volume 19, edition 4, 1996, páginas 318--326.
  2. Tononi G, Cirelli C. Sleep and the price of plasticity: from synaptic and cellular homeostasis to memory consolidation and integration . Neuron; 2014 ;81:12-34, 24411729 .
  3. AA Prather et al. Sleep and antibody response to hepatitis B vaccination. Sleep , Volume 35, edição 8, August 2012, Pages 1063--1069.
  4. Wang Q, Xi B, Liu M, Zhang Y, Fu M.Short sleep duration is associated with hypertension risk among adults: a systematic review and meta-analysis. Hypertension Research,2012 ;35:1012-8.
  5. Organização Mundial da Saúde.
  6. Associação Brasileira do Sono. Cartilha do Sono.
  7. Kannan Ramar el atl. Sleep is essential to health: an American Academy of Sleep Medicine position statement.JCSM, Published on line 2021.
  8. Abagayle A. Stock .Effects of sleep extension on sleep duration, sleepiness, and blood pressure in college students. Sleep Health. Volume 6, Issue 1, 2020, Pages 32-39.
  9. Christine E. Parson. Beneficial effects of sleep extension on daily emotion in short-sleeping young adults: An experience sampling study. Sleep Health. Volume 8, Issue 5, 2022, Pages 505-513
  10. Jornal da USP.
  11. Luciano F. Drager e al Sleep quality in the Brazilian general population: A cross-sectional study, Sleep Epidemiology, Volume 2, 2022.

 

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