PL sancionado extingue artigo de lei de 2020 que gerou aumento de imposto sobre itens básicos e prejudicou negócios e consumidores
Atendendo a uma demanda antiga das empresas, o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas, sancionou na segunda-feira, dia 6, um projeto de lei
estadual (PL 82/2021) que põe fim a toda a insegurança causada
pelo “revogaço” dos benefícios fiscais do ICMS no Estado, plano que
ganhou força em 2020 e afetou não somente os negócios, mas, sobretudo, os
consumidores mais vulneráveis.
O texto sancionado anula o artigo 22 da Lei Estadual 17.293, que, em 2020,
possibilitou a redução de incentivos fiscais relacionados ao ICMS. O artigo
ainda determinava que qualquer alíquota fixada abaixo de 18% fosse considerada
um benefício fiscal. Na prática, isso abriu caminho ao aumento de impostos, até
mesmo de itens essenciais, como alimentos.
A Federação destaca que, entre os itens com alíquotas do ICMS abaixo de 18%,
uma parcela significativa é essencial para o consumo – cesta que engloba desde
alimentos a materiais básicos para construção, principalmente as populares.
Trata-se de itens que comprometem um montante relevante do orçamento das
pessoas com renda mais baixa.
Histórico
Em 2020, a FecomercioSP e diversas empresas que integram seus conselhos se
mostraram totalmente contrárias ao avanço do projeto que resultaria
em aumento de tributos sobre os preços de carne, leite e outros
alimentos. Três anos atrás, logo após a Lei 17.293/2020 ser sancionada, foram
editados diversos decretos estaduais que resultaram em aumento da carga do
ICMS, em afronta à própria lei que criou o ICMS e que delimita os patamares de
alíquota para cada produto ou serviço. O próprio governo chegou
a editar decretos para suspender o reajuste do ICMS sobre medicamentos
genéricos, produtos hortifrutigranjeiros e insumos agropecuários, diante
da confusão causada pela mudança, mas a medida foi insuficiente.
A Federação lembra ainda que a Lei 17.293/2020 tem características
inconstitucionais acerca da separação dos poderes – como permitir que as
alíquotas do ICMS sejam alteradas pelo Executivo, o que representa uma
substituição do parlamento paulista na função legislativa. Nem mesmo uma
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) poderia mudar uma regra neste sentido.
A FecomercioSP, inclusive, se reuniu com a Secretaria da Fazenda e
Planejamento, em 2021, diante dos prejuízos econômico e social que isso traria
em um dos momentos mais graves da pandemia.
Em dezembro de 2022, o PL 82/2021 (que revogou o artigo 22 da Lei 17.293/20)
foi aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O
Conselho de Assuntos Tributários (CAT), da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), solicitou, então, ao
governo paulista, a sanção do PL.
No início de janeiro de 2023, o deputado estadual Ricardo Mellão e o
ex-deputado federal Vinicius Poit encaminharam, ao governo de São Paulo, uma
manifestação em defesa da sanção do PL 82/2021, assinada pela FecomercioSP e
outras entidades representativas:
ABIIS - Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde
ABIMED - Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde
ABIMO - Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos
ABRAIDI - Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos
para Saúde
ABRAMED - Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica
ANAHP - Associação Nacional de Hospitais Privados
CBDL - Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial
COMSAUDE FIESP - Comitê do Complexo Produtivo e Econômico da Saúde e
Biotecnologia – FIESP
FBH - Federação Brasileira de Hospitais
FEHOESP - Federação dos Hospitais do Estado de São Paulo
Fórum Paulista do Agronegócio e OCESP
SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clinicas, Casas de Saúde, Laboratórios de
Pesquisas e Analises Clinicas no Estado de São Paulo
SINDUSFARMA - Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos
No dia 6 de fevereiro de 2023, o governo paulista sancionou o PL 82/2021.
"Acabamos de sancionar o projeto que revoga o artigo da lei que permitia
ao governo do Estado o aumento da carga tributária sem a chancela da Assembleia
Legislativa. Estamos devolvendo esse poder à Assembleia Legislativa num
compromisso com a redução da carga de impostos”, afirmou o
governador Tarcísio de Freitas logo após a sanção, que atende
à mobilização do setor produtivo, em curso desde 2020, e é uma
decisão acertada no sentido de garantir mais previsibilidade ao setor
produtivo.
FecomercioSP