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sábado, 19 de novembro de 2022

Mãe ainda é a figura principal no cuidado com crianças autistas

Unsplash
Levantamento com mais de 500 famílias traz detalhes de um cenário ainda pouco conhecido no Brasil

 

Segundo levantamento “Cuidando de Quem Cuida”, feito pela Genial Care, clínica multidisciplinar de cuidado e evolução de crianças autistas e suas famílias, o papel protagonista na hora de cuidar das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) está focado na figura materna: 86% das entrevistadas na pesquisa afirmam que são as responsáveis por estes cuidados. Em muitas casas, a presença dos pais toma um lugar como coadjuvante nos cuidados das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), representando apenas 10% das respostas. 

“Além de observar a forte presença das mães na educação das crianças, descobrimos também que a maioria das pessoas que cuidam possuem idades entre 35 e 44 anos. Além disso, já concluíram a formação superior ou pós-graduação. Uma escolaridade alta comparada à média brasileira. Para você ter uma ideia, no Brasil, 21% da população possui ensino superior e apenas 0,8% das pessoas entre 25 a 64 anos concluíram o mestrado (OCDE, 2019)”, menciona o CEO da health tech, Kenny Laplante. 

O estudo da Genial Care ainda mostra que o trabalho de cuidar pode justificar a ausência no trabalho formal. “Muitas pessoas perderam seus empregos no Brasil em 2020 e um dos grupos mais afetados foi o de mulheres mães. O "trabalho de criar" foi ressaltado pela pandemia e passou a ser em tempo integral – ocupando o lugar antes dividido por um trabalho formal. Para aquelas que mantiveram seus empregos, a jornada continuou dupla ou tripla: isso significa que, para todas, há sobrecarga e falta de tempo para descanso”, comenta a psicanalista Ana Tomazelli. 

 

A intervenção precoce é crucial

“O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos significativos na comunicação social e por padrões de comportamento restritos e repetitivos” detalha a Psicóloga Especialista em ABA e  Clinical Coach na Genial, Julia Amed.  

Um dos grandes esforços do momento é a detecção precoce de crianças de risco, pois está claro que quanto mais cedo se inicia uma intervenção adequada, melhor o prognóstico e menor a carga familiar e social. O diagnóstico de TEA ainda é exclusivamente clínico, feito pelo médico especialista com subsídio de avaliação de equipe multiprofissional. 

“Quanto mais cedo se inicia uma intervenção adequada, maiores as chances de desenvolvimento", reforça a Neuropsicóloga, coordenadora do Ambulatório de Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e assessora científica do Instituto Pensi, Joana Portolese.


Comorbidades - 35% das crianças possuem comorbidade

Comorbidade é o nome dado a outras condições neurológicas que acompanham o diagnóstico de TEA, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), com 46% das respostas, foi a comorbidade mais citada no estudo e se mostra a condição associada mais comum na vida das crianças e dos cuidadores. 

  

Ana Tomazelli - psicanalista e idealizadora do IPEFEM (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas). A profissional conta com 20 anos de experiência no mercado de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, com passagem pelas empresas KPMG, Dasa, UnitedHealth Group, Solera Holdings, entre outras. Pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Administração e Gestão de Empresas pelo IBMEC, Psicanálise e Saúde Mental (IBCP). 

 

Genial Care


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