Opinião
O mundo precisa rever seus conceitos e atitudes -
imediatamente. Em pleno século XXI, com ferramentas fantásticas e avanços
exponenciais em medicina, ciência, tecnologia e diversas tantas áreas, não dá
mais para brincar de faz de conta, de planetinha feliz.
Do ponto de vista da solidariedade, de ser humano -
de fato!!! e de reagir como tal, somos um circo de horrores. A lei do cada um
por si (e seja lá o que Deus quiser) permanece em vigência desde os primórdios.
Um parêntese: Deus, que Deus, aquele que enche o
bolso de qual pastor?
No Brasil, há milhares de exemplos de perda de
princípios e de compaixão. É ir a qualquer centro urbano para
esbarrar com – muita!!! - gente em extrema pobreza.
Famílias sem um prato de comida, sem emprego, sem
escola, sem saúde, de esperança assaltada. Crianças só em osso, famintas,
imundas – iscas prontas ao tráfico, ao crime organizado, às doenças e à morte.
Transeuntes passam por eles, mas são olhos que não
veem. São corações sem sensibilidade, peitos sem sentimentos. Apenas almas
penadas, mortos-vivos. Despidos de consciência, de respeito ao próximo.
Virar o mundo do avesso é imperioso. Todo mundo
precisa acordar, todos nós. Rever atitudes, lavar o caráter em água sanitária,
reconhecer e enfrentar a própria pequeneza, extirpar o universo do umbigo,
libertá-lo para que brilhe em plenitude.
Entre em um ônibus sentido extrema-periferia (nem
precisa ser lotado). Vá aos shoppings de um bairro nobre. Observe atentamente,
reflita e responda: são pessoas iguais? Em que ponto? Onde mora a senhora dona
Justiça? E a Paz aos homens de boa vontade. Você é um?
Reencontrar a pessoa que existe em cada um de nós é
o desafio. Não pode ter sucumbido eternamente. Há de existir alma e um coração
em nossos corpos. Se tivemos luz em algum instante, talvez seja possível
reacendê-la.
É inadmissível calar frente a políticos que -
eleitos para nos representar - ignoram a miséria de gente como a gente. Não é
para isso que ganham dos maiores salários do País. É inaceitável que essas tais
autoridades desviem dinheiro público: um só centavo já é caso de arrancar do
cargo direto para a cadeia.
Não foi para vomitar sobre a sociedade que os
investimos de mandato. Basta à omissão e aos malfeitos dos colarinhos brancos.
É mister a construção de arcabouço legal ágil para acioná-los em fóruns sem
quaisquer salvaguardas espúrias de seus pares – ou cumplices.
Esses malfeitores devem receber pena em julgamentos
transparentes, públicos, com júri de eleitores.
Só quem transferiu a eles, pelo voto, a missão de
representação em cargo público possui autoridade em ponto certo para avaliar
posturas, composturas e descomposturas em todos os níveis.
Crimes contra os cidadãos e o patrimônio de nossa
terra tem de ser considerados inafiançáveis.
Somos um Brasil de olhares vedados pela
massificação da mídia, por fakes News dos negacionistas, por nossa própria
inércia mental, além da preconceituosa ignorância que nos cabe. Parecemos
incapazes de enxergar os perrengues do outro.
Por aqui, trata-se com naturalidade macabra o fato de poucos terem nada (nada
terem) e de muitos estarem unilateralmente condenamos ao status de gente tipo
2, 3, 4, 5...
A riqueza nacional concentrada em mãos de 1% não choca pouquíssimos. Assim como
o País ser vice-líder em desigualdade de renda, só atrás do Catar, parece
normal para 99,9999999% dos brasileiros.
Eles e/ou nós mesmos? Quem são os ladrões dos
sonhos de vida digna para todos? Na noite de Natal, em todas as anteriores e em
todas as posteriores, gente é para ser feliz, não pra morrer de fome, como
lembra o poeta. Você acredita em Papai Noel, eu, em poesia.
Chico Damaso - jornalista especializado em Medicina, Saúde e Responsabilidade Social
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