O novo coronavírus, que vem assolando o mundo há praticamente um ano e é o causador de mais de um milhão de mortes em todo o planeta, ainda permanece surpreendendo médicos e cientistas e provocando muitas dúvidas quanto ao seu comportamento e características. Várias perguntas continuam sem respostas, mas algumas delas, já podem ser esclarecidas. É o caso das variações de manifestação da doença em cada paciente.
O
clínico geral e CEO da Clínica Penchel, Lucas Penchel, explica que as taxas de
mutação e recombinação genética do vírus Sars-Cov-2 – responsável pela Covid-19
– são muito altas e isso faz com que a infecção pelo mesmo produza diferentes
efeitos nos pacientes, até mesmo em um sistema imunológico já adaptado.
Segundo
o médico, a imunidade de cada pessoa também deve ser levada em consideração.
“Alguns pacientes podem apresentar apenas sintomas de um resfriado, outros
podem evoluir para um quadro mais grave e serem hospitalizados. Em determinadas
situações, o vírus pode até levar ao óbito. O sistema imunológico possui um
importante papel para definir a capacidade de recuperação ou o nível de
gravidade de cada caso. Uma grande parcela das mortes ocasionadas pelo novo
coronavírus, se deve a existência de sistemas imunológicos fragilizados. Uma
pessoa nestas condições possui um mecanismo de defesa ineficiente e com
dificuldades em oferecer a correta resposta de proteção contra os danos
causados pelo vírus. Por isso, os chamados grupos de riscos necessitam de maior
atenção”, aponta.
De
acordo com Lucas Penchel, a covid-19 pode se desenvolver de forma semelhante ao
câncer e Alzheimer. “Em ambos os casos, essas patologias podem estar instaladas
no organismo, mas permanecerem imperceptíveis por um período de tempo. Estes
eventos estão atrelados diretamente a carga genética do paciente”, ressalta.
“Algumas
pessoas possuem alterações em seus genomas que podem impulsionar modificações
no sequenciamento genético do DNA. Estas ocorrências acabam acarretando
deficiências na produção de proteínas e, consequentemente, podem estimular o
surgimento de doenças. No entanto, alguns pacientes podem carregar tais
mutações e mesmo assim, não apresentar nenhum sintoma das possíveis
enfermidades favorecidas por seus atributos genéticos. O aparecimento ou não
dos sinais destas doenças até então assintomáticas, dependerá dos hábitos de
vida e características do paciente, como por exemplo, a rotina alimentar, o
consumo ou não de cigarros e bebidas alcoólicas, o sedentarismo, a faixa
etária, o peso e o nível de exposição a poluição. Um sistema imunológico em
condições mais favoráveis, pode evitar que alguns pacientes desenvolvam
infecções”, explica Penchel.
Na
pandemia do novo coronavírus, cada caso é específico. “Até mesmo o nível de
contato com o vírus pode influenciar no surgimento ou não de sintomas. Quanto
menor o contato com o Sars-Cov-2, menor será a gravidade no organismo humano”,
destaca.
“Isso
explica a recomendação dos órgãos de saúde para a utilização das máscaras,
especialmente, as feitas de algodão em dupla camada e o uso do álcool em gel,
pois eles previnem a propagação do vírus e impedem o surgimento de casos de
reinfecção. Até a chegada da vacina, eles são as únicas armas que temos contra
a covid-19”, completa.
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