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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Sociedade do cansaço: exaustão e excesso de informações

Último podcast do ano da Plataforma Gente debate sobre o termo cunhado por Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano, para definir esse estado de espírito coletivo que acomete a sociedade e vai além do mero cansaço


Final de ano. E de um ano bem doloroso, com muitas perdas e mudanças causadas por uma pandemia ainda longe do fim. Quem não tem todas as explicações para estar cansado? Lenine já expressou isso em sua música Paciência: "Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma. A vida não para". Mas ao contrário do personagem da música, que se recusa, faz hora, vai na valsa, hoje a sociedade está correndo a mil por hora, mesmo imaginando o preço caro que pode pagar. É para entender as características desse fenômeno atual e de como o ser humano está sendo afetado que a Plataforma Gente abre o debate no podcast Sociedade do Cansaço. Quem comanda a conversa é Ju Wallauer, que recebe Marcela Oliveira, especialista em pesquisa de conhecimento do consumidor da Globo, Mariana Loducca Kok, psicóloga e fundadora do coletivo Tsuru e Jeane Tavares, psicóloga e professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Para ouvir clique aqui: https://gente.globo.com/podcast-sociedade-do-cansaco/ .

A conversa começa apontando a diferença entre a sociedade do século XX, batizada por Michel Foucault como sociedade disciplinar, e a realidade de hoje, chamada de sociedade de desempenho. "O livro de Byung-Chul Han mostra que a gente vem de uma sociedade com lógica industrial, fordista. Mas com a globalização há uma mudança de paradigma. Surge um novo jeito de trabalhar e um acesso ao saber sem fronteiras de tempo e espaço. Assim a gente começa a ouvir o mantra de que podemos fazer tudo que gostamos, que podemos fazer sempre mais e ir além", analisa Mariana Kok.

E o ser humano sai de uma ótica fordista para um universo em que ele é responsável e o sujeito do seu próprio sucesso e desempenho, passando a cobrar de si mesmo a eficiência necessária. "É uma liberdade quando dizemos ‘você pode fazer e você pode ser o que quiser’. Mas rapidamente isso passa a ser encarado como ‘você deve fazer’. Isso dá uma angústia o tempo todo", pondera Marcela Oliveira.


Estresse

E em um ano de pandemia pelo novo coronavírus, como lidar com o estresse e o cansaço excessivo? Para Marcela o cenário é uma roda viva: "as pessoas estão passando por uma exaustão de coisas e a única válvula de escape é a hora de dormir. Mas ao acordar, o corpo está descansado mas a cabeça nem sempre se recupera 100%".

Jeane explica que a forma como o estresse toma conta do cotidiano é muito intensa e o fato do ser humano estar em alerta o tempo todo leva à exaustão. "O desejo que temos de não termos ansiedade e estresse é uma ilusão, uma ficção. Sempre teremos um ou outro, pois é como lidamos com os estímulos ambientais e até os internos, produzidos pela nossa mente. Isso sem falar que a sociedade hoje exige que estejamos atentos para dar respostas o tempo todo. Isso altera a nossa parte hormonal e o funcionamento químico e físico do cérebro", afirma. O tema também deu origem ao infográfico "Sociedade do Cansaço", produzido pela área Sintonia com a Sociedade, da Globo, e disponível na Plataforma Gente. Para saber mais leia aqui .

 



Plataforma Gente

https://gente.globo.com/formato/podcast/

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https://gente.globosat.com.br/


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