quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Cigarros eletrônicos podem causar câncer e mutação genética


O alerta é de médico especialista em doenças provocadas pelo tabagismo, que explica que os e-cigarros aumentam a dependência e o uso dos cigarros tradicionais


O avanço do uso de cigarros eletrônicos é uma preocupação crescente em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o número de jovens que consomem o produto aumentou em 1,5 milhão entre 2017 e 2018, segundo dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) norte-americano. Não há números relativos ao Brasil, mas por aqui a tendência também é de alta - embora a discussão sobre a liberação do aparelho ainda esteja na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Conhecidos como e-cigarros, esses equipamentos estão se popularizando entre os usuários do tabaco pela crença errônea de que trariam menos prejuízo à saúde. Mas, assim como os cigarros comuns, eles têm o mesmo potencial para causar dependência e diversos tipos de câncer, além de aumentar o risco de mutações genéticas. Os e-cigarros também são apontados como uma das possíveis causas de uma doença pulmonar grave, a pneumonite, identificada em jovens de diversos estados norte-americanos e que está sendo investigada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) e pela agência nacional de vigilância dos Estados Unidos, a FDA. Em todos os pacientes foi registrado consumo de cigarro eletrônico associado a outras substâncias, como flavorizantes (para dar sabor) e até maconha.

De acordo com o doutor Ricardo Marques, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e médico associado da Clínica OncoStar, muitos usuários encaram de forma errônea os e-cigarros. Apesar de não terem tabaco, esses equipamentos evaporam quantidades de nicotina similares às do cigarro comum. “Os cigarros eletrônicos consistem em uma bateria que liga o aparelho, um tanque que contém o líquido e um sistema capaz de aquecê-lo, transformando-o no vapor que é inalado para dentro dos pulmões. E o problema é que esse líquido contém a mesma quantidade de nicotina que o cigarro tradicional e, portanto, potencial para causar os mesmos malefícios à saúde de quem o consome.”

O tema reflete uma preocupação cada vez maior dos órgãos de Saúde com relação ao tabagismo. Para conscientizar sobre os problemas advindos do hábito de fumar, 29 de agosto é considerado o Dia Nacional do Tabagismo. 

Com relação aos e-cigarros, o doutor Ricardo alerta ainda que esses equipamentos estimulam o uso subsequente do cigarro tradicional em adolescentes e adultos jovens. O médico destaca outros prejuízos à saúde causados pelos cigarros eletrônicos: 

  • Além da nicotina, a maioria dos cigarros eletrônicos emite várias substâncias potencialmente tóxicas, como metais pesados; 
  • O nível de exposição do usuário à nicotina é igual ou maior que no cigarro tradicional;
  • O aerossol desses cigarros pode causar danos agudos às células das paredes dos vasos sanguíneos, e os efeitos a longo prazo são desconhecidos;
  • Alguns compostos químicos presentes no aerossol (tais como formaldeído e acroleína) são capazes de causar dano na estrutura dos genes e consequentes mutações. Estas evidências indicam o risco e a possibilidade de causarem câncer e efeitos sobre o sistema reprodutivo.

Tabagismo

Todas as campanhas de alerta sobre o vício em tabaco apontam para os altos índices de câncer causados pelas substâncias liberadas pelos cigarros. Doutor Ricardo esclarece, porém, que há outros impactos para a saúde oriundos do consumo de tabaco e nicotina:

  • Destruição dos pulmões, levando a dificuldades para respirar (caso da bronquite crônica e enfisema);
  • Entupimento de artérias de várias áreas do corpo, causando infartos e derrames cerebrais mais frequentes;
  • Envelhecimento precoce da pele;
  • Degeneração macular, uma alteração no olho que pode levar à cegueira;
  • Osteoporose, ou seja, perda da dureza dos ossos, facilitando fraturas; 
  • Efeitos sobre o sistema reprodutivo feminino, incluindo diminuição da fertilidade;
  • Impotência masculina.




Dr. Ricardo Marques - Médico associado da Clínica Onco Star, também é membro titular da Oncologia D’Or. Faz parte do corpo clínico do Hospital São Luiz Itaim (Rede D’Or), é membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), além de possuir cadeira na American Society of Clinical Oncology (ASCO). Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro em Uberaba (MG), possui fellowship em Onco-Hematologia pela British Columbia Cancer Agency (Vancouver / Canadá) e em Oncologia Clínica pela Princess Margaret Hospital (Toronto / Canadá).

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