Apesar de fazer parte da rotina da maioria
das pessoas, esses condimentos podem representar sérios riscos ao nosso
organismo
Quem
não gosta de uma comida bem temperada? Eles realçam o sabor dos alimentos e
ainda conferem um aroma especial aos pratos, além disso, os temperos vão bem em
diversas preparações e fazem toda a diferença para o sucesso da receita. Mas,
com a correria do dia a dia, a grande maioria das pessoas acaba recorrendo à
versão industrializada desses produtos. Os motivos são muitos: alguns não sabem
fazer as combinações certas e outros não se sentem seguros para arriscar e
experimentar novos sabores. Mas a principal justificativa para o uso de
temperos prontos é a facilidade que eles trazem na hora de cozinhar.
Sinônimo
de praticidade, esses condimentos ultra processados possuem uma variedade
impressionante. Opções é o que não faltam para agradar todos os gostos e
alcançar todos os bolsos. Existem diversos tipos para preparar os mais variados
pratos. O problema é que toda essa praticidade pode custar caro, especialmente
a longo prazo. Segundo especialistas, o consumo desenfreado desses produtos
representa uma ameaça à saúde, pois, devido às quantidades excessivas de
conservantes, sal e outros aditivos, eles podem aumentar os riscos de
desenvolvimento de doenças cardíacas, diabetes e, até mesmo, câncer.
Popular nas cozinhas brasileiras
De
acordo com a pesquisa "Hábitos Alimentares do Brasileiro – preferências,
dietas e tendências de consumo", que contou com 1.021 participantes de
diversas regiões do país na edição de 2018, apenas 27% dos consumidores afirmam
não fazer uso de temperos industrializados devido ao sabor ou aos riscos que
eles podem trazer sobre a saúde.
O
restante (72,6%) ainda costuma usar esses produtos no preparo das receitas.
Desse universo, 35% dos brasileiros preferem as especiarias naturais, mas ainda
assim utilizam os condimentos prontos; 23,5% declaram usar os temperos
industrializados ocasionalmente, quando precisam incrementar o prato e 14%
admitem utilizá-los com frequência na cozinha, por serem uma solução prática.
Ainda
segundo o levantamento exclusivo, realizado pela Banca do Ramon, um dos empórios mais tradicionais do
Mercado Municipal de São Paulo, quando se trata desse assunto, os ingredientes
que não podem faltar na comida são: o alho, em disparado, com 46% da
preferência, seguido pelo azeite (26,3%) e a cebola (19,5%). E, dentre os itens
dos quais os entrevistados mais gostariam de reduzir o consumo, o uso de
temperos industrializados aparece em quinto lugar.
Onde mora o perigo
Segundo
o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, os
condimentos comercializados em sachês ou caldos em cubos/tabletes de vários
sabores, temperos em pastas, amaciantes de carnes e molhos prontos são
considerados alimentos ultra processados. De acordo com a nutricionista Juliana
Tomandl, consultora da Banca do Ramon, ainda que pareçam inofensivos, esses
produtos podem trazer sérios riscos ao organismo, especialmente daqueles que
fazem uso contínuo.
“Se
observarmos os rótulos desses produtos com mais atenção, veremos que muitos
deles podem ser, na verdade, uma bomba para a saúde. Isso porque, além do
excesso de sódio, eles são carregados com outras substâncias químicas
prejudiciais, como glutamato monossódico, para realçar o sabor, espessantes ou
estabilizantes, acidulantes, aromatizantes e conservantes artificiais, gordura,
e até açúcar” – explica a especialista.
Conheça
os aditivos mais frequentes nos temperos industrializados e os riscos que eles
apresentam:
Sódio: de acordo com as recomendações da
Organização Mundial da Saúde, o consumo diário de sódio não deve ultrapassar
2.400 miligramas. Para se ter uma ideia, algumas variedades de temperos prontos
apresentam 1.038 miligramas por porção, dependendo do sabor, o que já equivale
a quase metade da cota estabelecida para o dia. Essa substância, de origem
mineral, é altamente absorvida pelo organismo. Segundo Tomandl, o problema está
no consumo excessivo, que é associado a problemas com retenção de líquidos e
doenças como hipertensão arterial, infartos e derrames.
Gordura
trans:
considerada uma das maiores vilãs presentes em alimentos industrializados,
essas gorduras, conhecidas também como óleo hidrogenado, são o resultado do
processo de transformação do óleo vegetal para a gordura sólida. Além de
prejudicar o metabolismo do corpo, ela ainda favorece o processo inflamatório do
organismo e aumentar o colesterol ruim e diminuir o bom. E não para por aí,
pois, esse tipo de gordura é um fator de risco para doenças como obesidade,
entupimento das artérias, diabetes e, até mesmo, câncer de mama.
Glutamato
monossódico:
esse realçador de sabor visa tornar os alimentos mais atrativos para o consumo,
no entanto, o excesso dessa substância estimula a ingestão excessiva,
contribuindo para o ganho de peso. Além disso, ele afeta as células,
principalmente do sistema nervoso, e pode danificá-las, causando alto grau de
toxicidade, o que pode acionar ou piorar disfunções de aprendizado e
desencadear mal de Alzheimer e mal de Parkinson.
Glucose
de milho: muito
utilizado para transformar a textura dos alimentos, aumentando a cremosidade e
reduzindo a formação de cristais de açúcar, ou, até mesmo, como adoçante em
produtos industrializados, esse elemento é capaz de aumentar a conservação do
alimento. Mas, em contrapartida, trata-se de um carboidrato simples, absorvido
rapidamente pelo organismo, que proporciona energia instantânea e eleva os
níveis de açúcar no sangue numa velocidade acelerada, gerando um pico de
insulina que, em uso contínuo favorece o acúmulo de gordura e ainda dificulta a
perda de peso.
Alternativas saudáveis
De
acordo com a especialista é totalmente possível abolir o uso de temperos
industrializados sem abrir mão do sabor. “As ervas naturais possuem aroma e
sabor muito mais intensos, além disso ainda há a grande vantagem de que todos
os nutrientes, como vitaminas e antioxidantes, são preservados e transferidos
para o prato na hora de saborear aquela refeição caseira. Até mesmo as ervas e
especiarias secas possuem esse benefício que o tempero industrial não consegue
proporcionar. Portanto a melhor escolha é a versão natural. Ainda que não dê
tempo de ir na feira regularmente para abastecer a geladeira com ingredientes
frescos, é sempre bom ter esses temperos secos armazenas, pois eles são um
grande trunfo no dia a dia e ainda possuem uma durabilidade elevada. E o melhor
é que é possível disfrutar disso sem se expor aos riscos dos aditivos químicos
que recheiam os condimentos prontos” – explica Tomandl.
Como facilitar o dia a dia
Segundo
a nutricionista, para aqueles que prezam, ou necessitam muito de uma solução
mais prática, existem alternativas que são fáceis de preparar e podem
substituir os temperos prontos com êxito e ainda trazer praticidade para o dia
a dia. Confira algumas sugestões da especialista:
Tempero
pronto: Ao invés
de comprar um pote de alho triturado, recheado de conservantes, ou uma
combinação de cebola e alho, acrescidos com uma grande quantidade de sal para
aumentar a durabilidade, é possível fazer a própria versão caseira desse famoso
tempero. A mistura desses dois ingredientes é quase unanime na culinária
brasileira e, além de saborosos, os dois itens são ricos em nutrientes
essenciais ao organismo, mas nem sempre sobra tempo para descascar e picar tudo
na hora de cozinhar. Por isso, com um pouco de azeite e sal, é possível
triturar a cebola e o alho no liquidificador e conservar na geladeira por
algumas semanas em uma embalagem de vidro bem fechada. Segundo a especialista a
vantagem é que, além de eliminar os químicos, ainda é possível ter um controle
sobre a quantidade de sal;
Caldo
de legumes caseiro:
preparado, geralmente, com 2 litros de água, folhas de alho-poró, cenoura,
folhas de cenoura, alho, cebola, salsão, tomate e outros legumes a gosto
cozidos lentamente em água fervente. Esse caldo é a versão mais saudável dos
tabletes industriais e pode ser facilmente armazenado em formas de gelo para
ser usado até acabar. Além de facilitar na hora de cozinhar, ele ainda tem uma
capacidade maior de preservação dos nutrientes e uma durabilidade longa quando
armazenado no freezer;
Sal
de ervas: esse
sal tem um preparo fácil e uma longa durabilidade. Trata-se de uma mistura do
sal comum – pode ser o sal refinado, o sal grosso ou, até mesmo, o sal rosa
para uma versão ainda mais saudável –, com ervas secas. A escolha das
especiarias depende do gosto de cada um, mas entre as opções estão ingredientes
muito acessíveis, como orégano, alecrim, folhas de louro, tomilho, pimentas e
outros. Basta misturar e bater no processador ou liquidificador. Segundo
Tomandl, além de facilitar a rotina esse preparo também ajuda a diminuir o consumo
de sal.
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