quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Tempero pronto: qual impacto na saúde e na dieta?


Apesar de fazer parte da rotina da maioria das pessoas, esses condimentos podem representar sérios riscos ao nosso organismo


Quem não gosta de uma comida bem temperada? Eles realçam o sabor dos alimentos e ainda conferem um aroma especial aos pratos, além disso, os temperos vão bem em diversas preparações e fazem toda a diferença para o sucesso da receita. Mas, com a correria do dia a dia, a grande maioria das pessoas acaba recorrendo à versão industrializada desses produtos. Os motivos são muitos: alguns não sabem fazer as combinações certas e outros não se sentem seguros para arriscar e experimentar novos sabores. Mas a principal justificativa para o uso de temperos prontos é a facilidade que eles trazem na hora de cozinhar.

Sinônimo de praticidade, esses condimentos ultra processados possuem uma variedade impressionante. Opções é o que não faltam para agradar todos os gostos e alcançar todos os bolsos. Existem diversos tipos para preparar os mais variados pratos. O problema é que toda essa praticidade pode custar caro, especialmente a longo prazo. Segundo especialistas, o consumo desenfreado desses produtos representa uma ameaça à saúde, pois, devido às quantidades excessivas de conservantes, sal e outros aditivos, eles podem aumentar os riscos de desenvolvimento de doenças cardíacas, diabetes e, até mesmo, câncer.

Popular nas cozinhas brasileiras

De acordo com a pesquisa "Hábitos Alimentares do Brasileiro – preferências, dietas e tendências de consumo", que contou com 1.021 participantes de diversas regiões do país na edição de 2018, apenas 27% dos consumidores afirmam não fazer uso de temperos industrializados devido ao sabor ou aos riscos que eles podem trazer sobre a saúde.

O restante (72,6%) ainda costuma usar esses produtos no preparo das receitas. Desse universo, 35% dos brasileiros preferem as especiarias naturais, mas ainda assim utilizam os condimentos prontos; 23,5% declaram usar os temperos industrializados ocasionalmente, quando precisam incrementar o prato e 14% admitem utilizá-los com frequência na cozinha, por serem uma solução prática.

Ainda segundo o levantamento exclusivo, realizado pela Banca do Ramon, um dos empórios mais tradicionais do Mercado Municipal de São Paulo, quando se trata desse assunto, os ingredientes que não podem faltar na comida são: o alho, em disparado, com 46% da preferência, seguido pelo azeite (26,3%) e a cebola (19,5%). E, dentre os itens dos quais os entrevistados mais gostariam de reduzir o consumo, o uso de temperos industrializados aparece em quinto lugar.

Onde mora o perigo

Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, os condimentos comercializados em sachês ou caldos em cubos/tabletes de vários sabores, temperos em pastas, amaciantes de carnes e molhos prontos são considerados alimentos ultra processados. De acordo com a nutricionista Juliana Tomandl, consultora da Banca do Ramon, ainda que pareçam inofensivos, esses produtos podem trazer sérios riscos ao organismo, especialmente daqueles que fazem uso contínuo.

“Se observarmos os rótulos desses produtos com mais atenção, veremos que muitos deles podem ser, na verdade, uma bomba para a saúde. Isso porque, além do excesso de sódio, eles são carregados com outras substâncias químicas prejudiciais, como glutamato monossódico, para realçar o sabor, espessantes ou estabilizantes, acidulantes, aromatizantes e conservantes artificiais, gordura, e até açúcar” – explica a especialista.

Conheça os aditivos mais frequentes nos temperos industrializados e os riscos que eles apresentam:


Sódio: de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, o consumo diário de sódio não deve ultrapassar 2.400 miligramas. Para se ter uma ideia, algumas variedades de temperos prontos apresentam 1.038 miligramas por porção, dependendo do sabor, o que já equivale a quase metade da cota estabelecida para o dia. Essa substância, de origem mineral, é altamente absorvida pelo organismo. Segundo Tomandl, o problema está no consumo excessivo, que é associado a problemas com retenção de líquidos e doenças como hipertensão arterial, infartos e derrames.


Gordura trans: considerada uma das maiores vilãs presentes em alimentos industrializados, essas gorduras, conhecidas também como óleo hidrogenado, são o resultado do processo de transformação do óleo vegetal para a gordura sólida. Além de prejudicar o metabolismo do corpo, ela ainda favorece o processo inflamatório do organismo e aumentar o colesterol ruim e diminuir o bom. E não para por aí, pois, esse tipo de gordura é um fator de risco para doenças como obesidade, entupimento das artérias, diabetes e, até mesmo, câncer de mama.


Glutamato monossódico: esse realçador de sabor visa tornar os alimentos mais atrativos para o consumo, no entanto, o excesso dessa substância estimula a ingestão excessiva, contribuindo para o ganho de peso. Além disso, ele afeta as células, principalmente do sistema nervoso, e pode danificá-las, causando alto grau de toxicidade, o que pode acionar ou piorar disfunções de aprendizado e desencadear mal de Alzheimer e mal de Parkinson.


Glucose de milho: muito utilizado para transformar a textura dos alimentos, aumentando a cremosidade e reduzindo a formação de cristais de açúcar, ou, até mesmo, como adoçante em produtos industrializados, esse elemento é capaz de aumentar a conservação do alimento. Mas, em contrapartida, trata-se de um carboidrato simples, absorvido rapidamente pelo organismo, que proporciona energia instantânea e eleva os níveis de açúcar no sangue numa velocidade acelerada, gerando um pico de insulina que, em uso contínuo favorece o acúmulo de gordura e ainda dificulta a perda de peso.

Alternativas saudáveis

De acordo com a especialista é totalmente possível abolir o uso de temperos industrializados sem abrir mão do sabor. “As ervas naturais possuem aroma e sabor muito mais intensos, além disso ainda há a grande vantagem de que todos os nutrientes, como vitaminas e antioxidantes, são preservados e transferidos para o prato na hora de saborear aquela refeição caseira. Até mesmo as ervas e especiarias secas possuem esse benefício que o tempero industrial não consegue proporcionar. Portanto a melhor escolha é a versão natural. Ainda que não dê tempo de ir na feira regularmente para abastecer a geladeira com ingredientes frescos, é sempre bom ter esses temperos secos armazenas, pois eles são um grande trunfo no dia a dia e ainda possuem uma durabilidade elevada. E o melhor é que é possível disfrutar disso sem se expor aos riscos dos aditivos químicos que recheiam os condimentos prontos” – explica Tomandl.

Como facilitar o dia a dia

Segundo a nutricionista, para aqueles que prezam, ou necessitam muito de uma solução mais prática, existem alternativas que são fáceis de preparar e podem substituir os temperos prontos com êxito e ainda trazer praticidade para o dia a dia. Confira algumas sugestões da especialista:


Tempero pronto: Ao invés de comprar um pote de alho triturado, recheado de conservantes, ou uma combinação de cebola e alho, acrescidos com uma grande quantidade de sal para aumentar a durabilidade, é possível fazer a própria versão caseira desse famoso tempero. A mistura desses dois ingredientes é quase unanime na culinária brasileira e, além de saborosos, os dois itens são ricos em nutrientes essenciais ao organismo, mas nem sempre sobra tempo para descascar e picar tudo na hora de cozinhar. Por isso, com um pouco de azeite e sal, é possível triturar a cebola e o alho no liquidificador e conservar na geladeira por algumas semanas em uma embalagem de vidro bem fechada. Segundo a especialista a vantagem é que, além de eliminar os químicos, ainda é possível ter um controle sobre a quantidade de sal;


Caldo de legumes caseiro: preparado, geralmente, com 2 litros de água, folhas de alho-poró, cenoura, folhas de cenoura, alho, cebola, salsão, tomate e outros legumes a gosto cozidos lentamente em água fervente. Esse caldo é a versão mais saudável dos tabletes industriais e pode ser facilmente armazenado em formas de gelo para ser usado até acabar. Além de facilitar na hora de cozinhar, ele ainda tem uma capacidade maior de preservação dos nutrientes e uma durabilidade longa quando armazenado no freezer;


Sal de ervas: esse sal tem um preparo fácil e uma longa durabilidade. Trata-se de uma mistura do sal comum – pode ser o sal refinado, o sal grosso ou, até mesmo, o sal rosa para uma versão ainda mais saudável –, com ervas secas. A escolha das especiarias depende do gosto de cada um, mas entre as opções estão ingredientes muito acessíveis, como orégano, alecrim, folhas de louro, tomilho, pimentas e outros. Basta misturar e bater no processador ou liquidificador. Segundo Tomandl, além de facilitar a rotina esse preparo também ajuda a diminuir o consumo de sal.






Fonte: Banca do Ramon

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