Técnica tem poucos
efeitos colaterais, baixo custo e é alternativa para quem não pode ou não quer
fazer tratamento farmacológico
O trabalho, conduzido pelo médico André Brunoni, foi um dos inscritos do Prêmio Péter Murányi 2018, focado na área da saúde. Publicado na revista científica New England Journal of Medicine, oestudo analisou 245 pacientes adultos, com depressão unipolar, não psicóticos e sem impulso suicida. Essa é a forma mais comum de transtorno depressivo, que pode ser leve ou grave. Sua principal característica, segundo o médico, ao contrário da depressão bipolar, é a ausência de episódios de mania no histórico do paciente.
André Brunoni explica que a estimulação transcraniana por corrente contínua utiliza correntes elétricas diretas, de baixa intensidade, para modificar a atividade cortical de acordo com os parâmetros de estimulação. É uma intervenção não farmacológica, com poucos efeitos colaterais, barata e portátil, características interessantes para uso clínico.
"Embora menos eficaz do que o fármaco, pode ser usada em pacientes que não podem ou não querem tomar o remédio ou, ainda, que apresentem depressão associada a outras condições clínicas, nas quais o uso de antidepressivos pode ser restrito, devido a interações medicamentosas", explica o médico, concluindo: "O seu uso na saúde mental brasileira pode ter um impacto significativo no tratamento da depressão, ajudando na solução de problemas como custo e disponibilidade das intervenções farmacológicas".
Brasil é o segundo país com mais deprimidos nas Américas
Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação Péter Murányi, promotora do prêmio, cita números da Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfatizar a importância de estudos sobre alternativas de tratamento da depressão: esta, até 2020, será a enfermidade mais incapacitante do mundo. No Brasil, segundo a Previdência Social, 75,3 mil trabalhadores foram afastados em 2016 devido ao mal, que já afeta 322 milhões de pessoas no mundo. Em 10 anos, de 2005 a 2015, o número de indivíduos acometidos cresceu 18,4%. Na população mundial, 4,4% das pessoas têm esse transtorno.
"O mesmo estudo da OMS
revela que, em nosso país, 5,8% dos habitantes sofrem com o problema, que
atinge 11,5 milhões de brasileiros", salienta Vera, destacando um dado
preocupante das estatísticas: nas Américas, o Brasil é o segundo com mais
incidência de depressão, atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,9%. "Daí o
elevado significado de buscarmos alternativas eficazes para o tratamento",
conclui a presidente da Fundação Péter Murányi.
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